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VANZELLA / DIVULGAÇÃO BRAZIL FORUM UK
'Infantilização
da política' está em curso no mundo todo, diz Marina
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A ex-senadora
Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República pela Rede, afirmou neste
domingo (6), na Universidade de Oxford, que há um movimento de
"infantilização" da política em diversos países do mundo, pelo qual
os eleitores buscam "salvadores da pátria" para solucionar crises
políticas e econômicas. Para ela, a busca por este tipo de liderança não trará
renovação e mudanças ao Brasil.
"O mundo
em crise vai precisar do trabalho de sujeitos capazes de se responsabilizar
pelas próprias vidas. O problema é tentar regredir para um processo
infantil", criticou, durante palestra no Brazil Forum UK, evento anual
organizado por brasileiros que estudam no Reino Unido.
"Em vários
lugares do mundo estamos regredindo. As pessoas querendo o grande pai, a grande
mãe, o grande salvador da pátria. O mundo não vai mudar com uma politica que
infantiliza".
Em uma fala de
45 minutos, Marina Silva elencou as principais conquistas dos partidos
tradicionais ao dizer que o que deu certo deve ser transformado em
"direito", enquanto é preciso corrigir erros.
Ela lembrou que
o MDB foi um partido importante na luta pela democracia, destacou que o PSDB
estabilizou a economia com o Plano Real, e que o PT reduziu a desigualdade
social e a pobreza com o Bolsa Família.
"Temos que
pensar de uma forma não niilista. Com certeza queremos preservar a democracia,
não queremos ter crise econômica, nem iniquidade social", afirmou ela, ao
defender menos radicalidade e polarização nos posicionamentos políticos.
Ela disse ter
saudade da eleição presidencial de 2010, quando os oponentes eram capazes de se
cumprimentar com respeito.
Marqueteiro
"do mal"
Durante a
participação na conferência, Marina Silva foi perguntada sobre que lições ela
tira de duas derrotas como candidata à Presidência (em 2010 e em 2014). Ela
afirmou que um erro foi "subestimar as estruturas que dominam o
poder".
A ex-senadora
disse que a eleição de 2014 foi uma "fraude". Para ela, a campanha
eleitoral da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) daquele ano manipulou
informações para desconstruir sua candidatura.
"Em 2010,
eu participei do processo e foi uma eleição razoavelmente civilizada. Mas em
2014 ultrapassamos o limite da ética. Se você ganha mentindo, vai governar
mentindo; se ganha com violência vai governar com violência", afirmou.
Marina Silva
lembrou que tinha em sua equipe de campanha a socióloga Neca Setubal, herdeira
do banco Itaú, e que isso foi usado contra ela pela campanha de Dilma.
Na ocasião,
Marina Silva foi acusada de defender os interesses de "banqueiros".
"Isso
graças a um marqueteiro, o João Santana, muito competente para o mal, com R$ 30
milhões de caixa dois", criticou.
"Não pode
uma pessoa ganhar com o discurso do marqueteiro e não fazer nada daquilo (que
prometeu)."
Questionada
sobre como iria governar sem alianças partidárias que garantam votos no
Congresso Nacional, ela respondeu alfinetando Dilma Rousseff.
"Quando
você pergunta como vou governar com três deputados e um senador, você tem que
perguntar para quem tinha mais de 300 e não governou."
Mudanças
estruturais
Marina Silva
também defendeu mudanças estruturais no sistema eleitoral como necessárias para
uma renovação real da política. Uma das prioridades, segundo ela, deveria ser o
barateamento das campanhas.
"Não tem
como ser politicamente democrático quando a gente substitui projeto de país por
projeto de poder, onde compromissos são pragmáticos e não programáticos, e o
que vale é tempo de televisão e dinheiro."
Ela também
defendeu a diversificação da economia e investimentos em logística e
infraestrutura.
"Não tem
como o Brasil ser economicamente próspero com uma indústria que representa 11%
do PIB quando já foi 25%. Quando a gente perde 30% da produção agrícola por
falta de logística e armazenamento."
Chapa com
Joaquim Barbosa
Depois do
evento, a pré-candidata disse a jornalistas que vai usar os 10 segundos que
terá na TV e no rádio para remeter aos programas e propostas que estarão disponíveis
na internet.
Ela negou ter
conversado com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e recém filiado ao
PSB, Joaquim Barbosa, sobre uma potencial chapa com os dois.
"Eu
respeito a decisão dele de querer ser candidato, do PSB querer ter uma candidatura;
é legítimo. Isso não impede que a gente tenha pontos de contato, de diálogo,
partidariamente falando", afirmou, dizendo que com Barbosa falou apenas
duas vezes na vida.
Marina disse
que está se coligando com vários movimentos como o Agora, Acredito, Brasil 21,
Frente Favela. "Eu antecipei a tendência quando disse, em 2010, que a
aliança era com os núcleos vivos da sociedade. Sempre defendi a quebra do
monopólio dos partidos, com candidaturas avulsas".
Quem vai vencer
as eleições
Questionada
sobre as conversas sobre uma possível entre o presidente Michel Temer e o
ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ela diz que foi esse tipo de
aliança que levou o Brasil ao fundo do poço.
"Agora as
pessoas sabem a verdade e a lei deve ser para todos. A preocupação é o que as
pessoas vão fazer com a verdade. Essa é uma questão que está posta: se que vai
vencer é a postura do cidadão, ou as estruturas do dinheiro, do marqueteiro, do
tempo de televisão".
Para Marina
Silva, as alianças feitas pelos partidos tradicionais não são capazes de
resolver os problemas do Brasil.
"Não
acredito que a visão e as práticas que criaram o problema vão resolver o
problema, pelo contrário. Principalmente os grandes partidos que estão
aliançados para acabar com a Lava Jato. PT, PMDB, PSDB, DEM divergem em quem
vai pegar o poder, mas não divergem (em relação) ao combate à Lava Jato",
disse, em Oxford.
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