© Alex Ferro / Rio 2016 Ex-governador do Rio deve passar
a noite na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba
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O ex-governador
do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), deixou no início da noite desta quinta-feira (18)
a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio, para
ser levado para o Complexo Médico Penal, em Pinhais.
Ele deve passar
a noite na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e transferido para seu
destino final na manhã de sexta (19).
O juiz Sergio
Moro determinou nesta quinta a transferência de Cabral para o complexo médico
penal de Pinhais, no Paraná. A decisão atende o requerimento do Ministério
Público Federal por irregularidades no tratamento concedido ao ex-governador em
Benfica, no Rio.
Também nesta
quinta, a juíza do Rio Caroline Figueiredo aceitou pedido do mesmo teor do
Ministério Público Federal do Rio.
Na decisão,
Moro cita a apuração feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que
aponta que Cabral teria recebido alimentação de restaurantes, colchões de
padrão superior, eletrodomésticos e equipamentos de ginástica.
"Há
indícios de irregularidades na situação prisional de Sergio de Oliveira Cabral
Santos Filho no Rio de Janeiro, com benesses, ainda que de dimensão moderada, a
ele concedidas na Cadeia Pública José Frederico Marques", escreve Moro.
A transferência
é necessária, segundo a decisão, pois "há um risco concreto de que ele
[Cabral] possa utilizar essas relações para, continuamente, obter ou tentar
obter privilégios no cárcere".
Moro ainda
observa que há outros presos da Lava Jato em Pinhais e que há "condições
adequadas, ainda que não perfeitas, para abrigar com segurança e dignidade
quaisquer presos, inclusive condenados por crimes de colarinho branco".
A defesa do
político vai tentar uma liminar para evitar a saída do ex-governador do Rio.
Os procuradores
citaram ainda dezenas de visitas recebidas pelo político fora do horário
estabelecido, além da instalação de um "home theater" no presídio.
O equipamento
foi instalado em outubro e retirado em novembro após a divulgação de que
pastores assinaram o recibo de doação a pedido de Cabral. Essa seria a única
forma de o aparelho entrar no sistema penitenciário.
No pedido
encaminhado ao Judiciário, os integrantes do Ministério Público afirmam que o
ex-governador "continua liderando uma nefasta e poderosa organização
criminosa que ainda se encontra ativa e infiltrada na Administração Pública do
Estado do Rio de Janeiro e que exerce influência na Secretaria Estadual de
Administração Penitenciária".
Os procuradores
também pediram o afastamento do secretário estadual de Administração
Penitenciária, Erir Ribeiro Costa Filho, do subsecretário adjunto de gestão
operacional da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, Sauler
Antônio Sakalen, e de outros três diretores do órgão em razão da constatação de
tratamento diferenciado e regalias permitidas sem respaldo legal a Cabral.
Em outubro, o
juiz Marcelo Bretas, do Rio, havia autorizado a transferência do ex-governador
para Mato Grosso do Sul.
Dias depois, o
ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu habeas
corpus suspendendo a transferência do político.
Na unidade de
Campo Grande estão detidos alguns integrantes do Comando Vermelho no Rio.
Bretas pediu a transferência de Cabral após se sentir ameaçado pelo
ex-governador durante um depoimento.
Ele mencionou
familiares do magistrado quando prestava depoimento na ação penal em que é
acusado de comprar R$ 4,5 milhões na H. Stern para lavar dinheiro de propina.
Cabral afirmou
que seria "burrice" branquear recursos desta forma porque as peças
perdem valor assim que saem das lojas e então mencionou a família do juiz.
"Vossa
Excelência tem um relativo conhecimento sobre o assunto porque sua família mexe
com bijuterias. Se não me engano, é a maior empresa de bijuteria do
Estado", afirmou.Cabral foi preso em novembro de 2016. Neste período, ele
foi condenado a 87 anos de prisão na Operação Lava Jato.
Em dezembro, o
ex-governador foi transferido para a sede da Polícia Federal em Curitiba,
depois de a Justiça do Rio entender que havia regalias na penitenciária de
Bangu -para onde ele foi levado inicialmente.
A defesa de
Cabral, porém, conseguiu uma decisão judicial para o político voltar ao Rio.
Com informações da Folhapress.
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