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© Sérgio
Castro/Estadão Ricardo Teixeira e
José Hawilla
visitam CT da Traffic, em 2009
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O empresário
José Hawilla, dono da empresa de marketing esportivo Traffic, revelou nesta
segunda-feira, em Nova York, durante depoimento do julgamento do caso de
corrupção da Fifa, que pagou regularmente propinas ao ex-presidente da
CBF, Ricardo Teixeira até para garantir que a seleção brasileira
tivesse força máxima. Por até aproximadamente R$ 10 milhões, o acordo também
visava facilitar a compra de direitos de transmissão de três edições de Copa
América.
"Era muito
difícil fazer algo sem pagar subornos", disse o empresário de 74 anos no
depoimento. Hawilla contou que um primeiro momento, passava a Teixeira cerca de
R$ 330 mil por ano em propina. O montante acabou crescendo, até chegar a cerca
de R$ 10 milhões, mesma quantia paga a outros dirigentes sul-americanos, como
Nicolás Leoz, ex-presidente da Conmebol, e Julio Grondona, ex-presidente da
associação argentina, falecido em 2014.
Hawilla prestou
depoimento durante sete horas carregando um tanque de oxigênio e auxiliado por
tradutores. A propina, segundo o empresário, garantiu à Traffic a
comercialização dos direitos de transmissão das Copas Américas de 2007, 2011 e
2015. Para cada edição, era preciso gastar cerca de R$ 60 milhões em subornos
para dirigentes sul-americanos. "Eu cometi um erro e me arrependo muito
disso", afirmou o empresário.
Segundo
Hawilla, no acordo com Teixeira, existia uma exigência para que a seleção
brasileira levasse os principais jogadores para os torneios. Como parte da
admissão de culpa, Hawilla aceitou pagar cerca de US$ 151 milhões (R$ 489
milhões). O dono da Traffic aceitou voltar a depor como testemunha na sessão
desta terça-feira.
Procurado
pelo Estado, o advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho,
afirmou que considera uma "covardia" seu cliente ser atacado por
Hawilla sem ter direito de defesa. "É bom esclarecer que Ricardo não está sendo
julgado, e é uma covardia ser atacado sem ter direito de defesa e do
contraditório dentro do processo judicial."
"Ricardo
nega veementemente as acusações irresponsáveis do delator e réu confesso José
Hawilla. Ele desafia o delator a informar os nomes dos doleiros e as contas
onde as propinas supostamente foram pagas, já que tais pagamentos nunca
existiram. Sobre a acusação em relação a ter recebido propina para que fossem
escalados os melhores jogadores para disputar a Copa América, Ricardo não só nega
a acusação, como tem provas de que tais valores foram objeto de contrato e de
pagamento realizado na conta da CBF", completou o advogado.
O dono da
Traffic aceitou colaborar com a investigação do FBI depois de ter sido preso,
em 2013. O empresário usou um gravador escondido para captar conversas com Hugo
e Mariano Jinkis, pai e filho responsáveis pela empresa argentina Full Play. O
áudio do diálogo foi ouvido pela primeira vez na Corte americana e trata sobre
esquema de propinas a vários presidentes de confederações nacionais de futebol
de alguns países.
"Eu quero
coexistir com eles e fazer todos os presidentes ricos", disse Mariano
Jinkis em uma das gravações. Quando Hawilla comentou com o pai e filho sobre a
vontade de sair do esquema para fazer sua empresa se tornar limpa novamente
para que pudesse vendê-la a algum interessado, ouviu uma reprovação de Mariano.
O argentino disse que não gostaria de contar com um parceiro que não entendesse
de suborno ou de recompensas, como definiu os pagamentos.
Nas conversas
gravadas, os argentinos disseram ser comum a existência do esquema. "empre
existiram recompensas. E teremos recompensas para sempre", comentaram.
Hugo e Mariano estão entre os 40 indiciados por corrupção na Fifa. No ano
passado a Justiça da Argentina negou aos Estados Unidos o pedido de extradição
da dupla, ao alegar que os dois já têm sido investigados no próprio país.
A corte do
Brooklin, em Nova York, tem julgado nas últimas semanas três ex-presidentes de
federações nacionais de futebol na América do Sul. Os réus são o paraguaio
Angel Napout, o peruano Manuel Burga e o brasileiro José Maria Marin, que
dirigiu a CBF. Todos se declararam inocentes da acusação de conspiração e
lavagem de dinheiro. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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