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'Maus Tratos' ouviu curadores de
duas
exposições que geraram polêmica nas redes sociais.
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Em clima de
constrangimento, a CPI dos Maus Tratos ouviu na quinta-feira (23) os
curadores de duas exposições que geraram polêmica nas redes sociais.
Prestaram
depoimento Luiz Camillo Osorio, curador da exposição do MAM (Museu de Arte
Moderna) "35º Panorama da Arte Brasileira - Brasil por
Multiplicação", e Gaudêncio Fidelis, curador da exposição "Queermuseu
- Cartografias da Diferença na Arte Brasileira".
Apenas quatro
dos sete integrantes da comissão estavam presentes: o presidente, Magno Malta
(PR-ES), o relator, José Medeiros (Pode-MT), e os senadores Marta Suplicy
(PMDB-SP) e Humberto Costa (PT-PE).
Marta chegou a
pedir desculpas aos curadores e se disse constrangida pelo fato de eles terem
sido obrigados a prestar esclarecimentos. Inicialmente, a CPI aprovou a
condução coercitiva dos curadores, mas os depoimentos acabaram sendo feitos por
meio de convocação, na qual a participação ainda é obrigatória, mas o depoente
não é levado.
A exposição
"Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", com
temática LGBT, estava em cartaz desde 15 de agosto no Santander Cultural em
Porto Alegre e deveria permanecer no local até 8 de outubro, mas foi cancelada
em setembro após pressão de grupos que a acusavam de apologia à pedofilia.
Já o MAM sofreu
críticas por meio das redes sociais por ter realizado uma performance de um
artista nu depois de ter viralizado no Facebook um vídeo de uma criança tocando
o pé do homem.
MANIFESTAÇÃO
Ao abrir a
sessão, o presidente anunciou que não aceitaria que representantes de
movimentos ligados à cultura se manifestassem.
"Advirto
que esta não é uma audiência pública, mas uma reunião da Comissão Parlamentar
de Inquérito. Advirto que, não sendo audiência pública, qualquer tipo de
manifestação -isto aqui é uma comissão investigativa-, eu mandarei evacuar a
sala. Espero que os senhores entendam o que estou dizendo", disse.
Antes de os
depoimentos terem início, houve bate-boca entre os senadores. Magno Malta
criticou Marta pedindo que ela encerrasse sua fala e dizendo que ela não
costuma comparecer à CPI.
Em resposta, a
senadora disse que deixaria a comissão pela forma como o presidente vem
conduzindo os trabalhos.
"Vossa
excelência tem conduzido, de forma autoritária, de forma desrespeitosa com as
pessoas, inclusive em relação a esse episódio do museu e da exposição, é uma
forma que realmente chocou a população que tem apreço pelo respeito à
arte", disse.
Costa também
criticou a abordagem da comissão. "Não vou entrar no mérito, inclusive,
porque está claro que quem está praticando pedofilia não vai ficar nu dentro de
um museu. Os pedófilos estão com uma toga, eles estão com uma bata de médico,
eles estão com a batina de padre, estão de terno, muitos deles, e vivem no
submundo, no submundo. Não vão ficar pelados nem fazendo pintura para expor
numa galeria qualquer". disse.
NUDEZ E CENSURA
Durante os
depoimentos, os curadores rebateram as acusações de que as exposições continham
conteúdo de pedofilia.
"A
exposição foi condenada por uma performance", disse Osorio. "É
preciso explicar que essa nudez não tem nenhuma conotação erótica, sexual."
Já o curador da
exposição "Queermuseu" disse que a polêmica levou a discussão para
censura. "O que passou ser fundamental neste debate não é mais o mérito da
exposição, mas a censura", afirmou.
"Exposições
não são consenso, são locais de debate, de dissenso. Apontam para questões do
futuro, de anseios da sociedade, dos debates que precisam ser feitos",
disse.
As falas dos
curadores foram rebatidas pelo presidente e relator da comissão. Para
Malta, houve maus tratos a crianças. "Não estou falando aqui que houve
coito, que houve crime. Não, eu estou falando de maus-tratos
psicológicos."
Já Medeiros
falou em conotação sexual. "O senhor me tira uma laje da cabeça ao dizer
que não tinha crianças se tocando sexualmente".
Ao fim da
sessão, Marta disse que a CPI tomou o caminho errado ao entrar na polêmica das
exposições.
Ela disse que
as exposições são de altíssimo nível e que foram "bombardeadas pela
internet completamente mal interpretadas". Com informações da Folhapress.
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