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Palocci fala
sobre 'pacote de propinas' a Lula
oferecido por Emilio Odebrecht
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Ex-ministro foi interrogado por
Sérgio Moro nesta quarta-feira (6), em Curitiba, em ação que investiga se
empreiteira deu como propina um terreno e um imóvel para o ex-presidente.
Palocci diz que Lula sabia da compra do terreno e que instituto recebeu R$ 4
milhões.
Antonio Palocci, ex-ministro dos
governos Lula e Dilma, prestou depoimento nesta quarta-feira (6) ao juiz Sérgio
Moro no inquérito que apura o pagamento de R$ 12 milhões de propina da
Odebrecht para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na forma de um
apartamento e na compra de um terreno onde seria construída a nova sede do
Instituto Lula.
Palocci também foi questionado
sobre outros assuntos e respondeu a todas as perguntas. Ele disse:
- Que Lula tinha um "pacto de
sangue" com Emilio Odebrecht que envolvia um "pacote de
propina": um terreno para o Intituto Lula, o sítio para uso da
família do ex-presidente, além de R$ 300 milhões, e que Lula sabia
que se tratava de dinheiro sujo.
- Que as propinas foram pagas pela Odebrecht para
agentes públicos "em forma de doação de campanha, em forma de
benefícios pessoais, de caixa um, caixa dois".
- Que foram pagos R$ 4 milhões da Odebrecht
para o Instituto Lula.
- Que ele e Lula tentaram atrapalhar os
trabalhos da força-tarefa da Lava Jato.
Palocci está preso desde setembro
do ano passado e já tem uma condenação
a 12 anos de prisão na operação Lava Jato.
Depois do depoimento, ele foi levado de volta à carceragem da Polícia Federal,
em Curitiba, onde segue preso.
A defesa de Lula diz que Palocci
fez "acusações falsas e sem provas" enquanto negocia delação com
Ministério Público. Saiba
mais
Lula durante protesto em São Paulo
no dia 20 de julho de 2017 (Foto: (AP Photo/Andre Penner)
Pacto de sangue e 'pacote de
propina'
Palocci contou a Moro que no final
de 2010, quando o mandato de Lula estava chegando ao fim, Emilio Odebrecht
procurou o ex-presidente para fazer um pacto que envolvia um "pacote de
propinas". Segundo Palocci, a empresa "entrou num certo pânico"
com a posse da presidente Dilma. (assista ao vídeo no topo da reportagem)
"Foi nesse momento que o dr.
Emilio Odebrecht fez uma espécie de pacto de sangue com o presidente Lula. Ele
procurou o presidente Lula nos últimos dias de seu mandato e levou um pacote de
propinas", disse.
"Envolvia esse terreno do
instituto, que já estava comprado e o seu Emilio apresentou ao presidente Lula.
O sítio para uso da família do presidente Lula, que estava fazendo a reforma em
fase final, e que ele disse ao presidente Lula que já estava pronto. E também
disse ao presidente Lula que ele também tinha à disposição dele, para o próximo
período, para ele fazer as atividades políticas dele, R$ 300 milhões",
detalhou Palocci.
Palocci afirmou que, no dia
seguinte de manhã, Lula o chamou no Palácio do Alvorada e contou sobre a
reunião com Emilio Odebrecht. O ex-ministro disse que as relações da empresa
com os governos de Lula e de Dilma eram "bastante intensas".
"Queria dizer que a denúncia
procede e que os fatos narrados nela são verdadeiros. Eu diria apenas que os
fatos narrados nessa denúncia dizem respeito apenas a um capítulo de um livro
um pouco maior do relacionamento da empresa em questão, da Odebrecht, com o
governo do ex-presidente Lula, com o governo da ex-presidente Dilma, que foi
uma relação bastante intensa, bastante vantagens à empresa, propinas pagas pela
Odebrecht para agentes públicos, em forma de doação de campanha, em forma de
benefícios pessoais, de caixa um, caixa dois”, afirmou.
Dinheiro e terreno para
instituto
Palocci disse a Moro que pediu
para Marcelo Odebrecht dinheiro para cobrir um buraco nas contas do Instituto
Lula. "Em 2012, 2013, eu volto a tratar de alguns recursos a pedido do
ex-presidente Lula. Tem um episódio, que o Marcelo relatou, que é verdadeiro. É
um pedido que eu fiz a ele, de R$ 4 milhões pro Instituto Lula. Isso é
verdade."
"Acho que foi meio para o
final de 2013, começo de 2014. Ele [Paulo Okamotto, presidente do instituto]
tinha um buraco nas contas, me pediu para arrumar recursos. Eu fui ao Marcelo
Odebrecht. Eu ia viajar para o exterior, ele disse que precisava com muita
urgência. A ideia dele era que eu procurasse várias empresas. Eu disse: 'Não
posso, vou procurar só o Marcelo'. Pedi R$ 4 milhões", detalhou o
ex-ministro a Moro. (assista no vídeo abaixo)
"O Marcelo concordou em dar,
falou que tinha disponibilidade. Pedi ao Brani [Branislav Kontic, ex-assessor
de Palocci] para transmitir ao Paulo Okamotto que seriam dados os R$ 4 milhões
que ele havia pedido."
Palocci afirmou ainda que teve uma
conversa com o ex-presidente sobre um terreno que a Odebrecht iria comprar para
ser a nova sede do Instituto Lula.
"Eu voltei a falar com ele
[Lula] sobre o prédio do instituto. Falei da minha conversa com o Bumlai e falei:
'eu não gostaria que fizesse desse jeito. Se o senhor está fazendo um instituto
para receber doações e fazer sua atividade, não sei porque procurar agora um
terreno. Não tem problema nenhum receber uma doação da Odebrecht, mas que seja
formal ou que, pelo menos, seja revestida de formalidade'", afirmou.
"Eu até comentei com ele
nesse dia: 'nosso ilícito com a Odebrecht já está monstruoso. Se nós fizermos
esse tipo de operação, nós vamos criar uma fratura exposta
desnecessária'", disse Palocci a Moro.
Lava Jato
Palocci disse a Moro que "em
algumas oportunidades" se reuniu com Lula "no sentido de criar
obstáculos para a Lava Jato".
"Posso citar casos, se o
senhor desejar", diz o ex-ministro. "Vamos deixar isso para outra
oportunidade, essa questão", responde Moro, dizendo que vai se ater ao
objeto da ação na qual Palocci estava prestando depoimento. (veja no
vídeo abaixo)
A denúncia
Lula foi denunciado
neste caso em 15 dezembro de 2016, e o juiz Sérgio Moroaceitou
a denúncia quatro dias depois. Segundo o MPF, a Construtora
Norberto Odebrecht pagou R$ 12.422.000 pelo terreno onde seria construída a
nova sede do Instituto Lula. Esta obra não foi executada.
A denúncia afirma também que Lula
recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive. De
acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel.
Ainda conforme a força-tarefa,
este segundo apartamento foi adquirido no nome de Glaucos da Costamarques, que
teria atuado como testa de ferro de Lula. Os procuradores afirmam que, na
tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia
chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques.
Lula foi condenado
no processo sobre o triplex no Guarujá, em São Paulo, a 9 anos e seis
meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, ele também
foi denunciado
pela Lava Jato no processo que envolve um sítio em Atibaia, no interior
paulista.
Por G1 PR, Curitiba
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