A ação é um desdobramento da Operação Ponto Final e foi batizada como Gotham City |
Alvos estão ligados a
irregularidades no sistema de transportes do estado; um deles foi preso em
Curitiba e o outro está no exterior. Interpol já foi acionada.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara
Criminal Federal, no Rio, expediu dois mandados de prisão contra dois
empresários da construção civil ligados ao esquema de corrupção na Federação
das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Na manhã desta quarta (9), um dos
mandados foi cumprido contra o empresário Nuno Canhão Bernardes Gonçalves
Coelho, em Curitiba, no Paraná. O outro suspeito, Guilherme Neves Vialle, está
no exterior. A inclusão no nome dele na Difusão Vermelha da Interpol já foi
pedida. Isso significa que Vialle deve passar a ser procurado pelas polícias de
vários países.
A ação é um desdobramento da Operação Ponto Final e foi
batizada como Gotham City, uma referência aos apelidos dos investigados, já que
Nuno é conhecido como Batman e Guilherme, como Robin.
Segundo as investigações, os
empresários tentavam lavar dinheiro para Rogério Onofre, ex-diretor do
Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro), e de sua
esposa, Dayse Deborah Alexandra Neves, presos no início do mês passado.
Na decisão, o juiz Marcelo Bretas
justificou o pedido de prisão de Nuno e Guilherme: "Salienta-se que, se em
liberdade, os investigados terão facilidade de ocultar o grande volume de
dinheiro proveniente de delito, o que, aparentemente, já vêm fazendo".
Na época das prisões de Dayse e
Onofre, a Polícia Federal encontrou documentos que sugerem a existência de
contas no exterior no nome deles e provas que indicam que o casal fazia a
lavagem de dinheiro de recursos ilícitos mediante a compra de imóveis em
construção com o grupo empresarial de Nuno e Guilherme. Os empresários também
são donos de diversas empresas no setor da construção civil.
Ainda segundo a denúncia, os
valores constantes nos instrumentos de venda desses imóveis eram apenas 50% do
valor do custo real do bem, o que indica o crime de lavagem de dinheiro.
Segundo testemunha, em 2013 foi realizada a promessa de compra e venda de 30
apartamentos, cujo valor real era de R$ 6,9 milhões. No entanto, o valor que
constava na promessa era de R$ 3,45 milhões, pois a parte que seria paga por
Onofre não ficou consignada em contrato.
A denúncia também informa que, de
acordo com apurações do MPF, Dayse possui recursos no banco RBC Royal Bank e no
BNY Mellon e que, em documentos apreendidos com ela, foi identificada a
existência de uma offshore denominada IcyMoon, que seria ligada a Nuno.
Em documentos apreendidos com
Dayse, o MPF diz que apurou a existência de uma suposta dívida no valor de R$
50 milhões, supostamente entre Rogério Onofre e a VCG, empresa de Nuno e
Guilherme.
De acordo com a denúncia, do teor
do documento, é possível, sempre em análise preliminar, identificar a proposta
da forma de quitação da dívida, que ocorreria de diversas formas, como a colocação
de armários e pisos nos imóveis do condomínio no qual Rogério e Dayse teriam
alguns imóveis. Isso tudo, ainda segundo a denúncia, demonstra o objetivo dos
investigados de ocultar os recursos ilícitos.
Em depoimento prestado ao
Ministério Público Federal, o colaborador Leonardo Aranha confirmou que essa
offshore pertence a dois construtores de Curitiba, que seriam Nuno e Guilherme.
Ainda segundo Bretas, a prática
criminosa do grupo ligado ao ex-governador Sérgio Cabral deve ser tratada com
ainda mais rigor. “Avaliando os elementos de prova trazidos aos autos, em
cognição sumária, considero que a gravidade da prática criminosa de pessoas com
alto padrão social que tentam burlar os trâmites legais, não poderá jamais ser
tratada com o mesmo rigor dirigido à prática criminosa comum”, afirmou o juiz
na decisão.
Por G1 Rio e Curitiba
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