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Agência Brasil Rodrigo Janot
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BRASÍLIA - Pouco depois de a
Câmara dos Deputados iniciar a votação da denúncia contra o presidente Michel
Temer, o autor da peça de acusação, Rodrigo Janot, fez uma defesa do trabalho
do Ministério Público. "Nossa instituição não persegue pessoas,
simplesmente apura fatos e os apresenta ao poder judiciário. Assim ordena a constituição,
assim querem os brasileiros de bem, assim se impõe àqueles que têm
caráter", disse o procurador-geral da República, aplaudido por uma plateia
de promotores e procuradores.
Nos bastidores, o gabinete de
Janot trabalha com a possibilidade da rejeição política da denúncia pela Câmara
desde que a peça foi enviada ao Supremo Tribunal Federal. Oficialmente, Janot
evita comentar a análise que é feita nesta terça pelos deputados. Em discurso,
o procurador-geral disse que tem recebido "muitas indagações em relação ao
resultado da importante votação que hoje se desenrola na Câmara".
"Sobre isso, tenho serenamente afirmado que não cabe ao Ministério Público
brasileiro inserir em suas ações o fluido componente político",
afirmou.
Reservadamente, procuradores do
grupo que auxilia Janot nas investigações da Lava Jato asseguram que a eventual
rejeição da denúncia pelos deputados não vai alterar o cronograma de trabalho
na PGR e nem uma próxima acusação contra Temer. O grupo trabalha para enviar ao
menos mais uma denúncia contra o presidente até o fim do mandato de Janot,
relativa à investigação por obstrução de justiça que já tramita no Supremo.
Segundo Janot, que foi alvo de
críticas em razão do acordo de delação firmado com os executivos da JBS, que
deu origem à denúncia conta Temer, "críticas ou incompreensões" são
"parte do jogo democrático". "Afirmo aos senhores que uma
instituição plural, democrática e altiva como é o Ministério Público brasileiro
jamais estaria a reboque dos acontecimentos, de pessoas ou de interesses
menores".
Durante a votação da denúncia
contra Temer, Janot procurou manter uma rotina normal. Esteve presente na
sessão do STF no plenário durante toda a tarde e depois partiu para evento no
qual fez a defesa enfática do trabalho do Ministério Público. De acordo com o
procurador-geral, a instituição só será reverente "a um único soberano,
aliás, o único possível em uma democracia: o povo".
No discurso, ele também rebateu o
ministro do Supremo Gilmar Mendes. Ontem, o magistrado afirmou que o STF ficou
"a reboque das loucuras" de Janot.
"A resposta positiva da
sociedade ao nosso trabalho na Lava Jato, bem como o severo crivo pelo qual
sempre passaram nossas investigações no judiciário, inclusive no STF, demonstra
que aquilo que alguns poucos inconformados chamam, levianamente, de loucura é,
de fato, apenas o cumprimento sério e honesto de um mandato
constitucional", afirmou Janot.
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