O presidente
dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano,
Kim Jong-un (Foto: Carlo Allegri/Reuters;
KCNA/via Reuters)
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Agência estatal KCNA afirma que
'diálogo sensato é impossível' com o presidente americano, Donald Trump. 'Com
ele só funciona a força absoluta', diz general norte-coreano.
A Coreia do Norte confirmou nesta
quinta-feira (10) que planeja disparar quatro mísseis contra a ilha americana
de Guam, no Pacífico, alegando que apenas a força faz sentido para o presidente
americano, Donald Trump.
"Um diálogo sensato é
impossível com um sujeito assim, desprovido de razão, e com ele só funciona a
força absoluta", indicou a agência estatal KCNA, citando o general
norte-coreano Kim Rak-gyom.
A ameaça ocorre após os Estados
Unidos advertirem os norte-coreanos, na quarta (9), de que o país está
arriscando a sua "destruição" se continuar com o programa armamentista. Trump destacou o poder
nuclear americano diante da crescente inquietação internacional, um dia depois
de prometer "fogo e
fúria" a Pyongyang "como o mundo nunca viu".
"Espero que nunca tenhamos
que usar esse poder", acrescentou Trump, após a sua advertência sem
precedentes ao governo de Kim Jong-un, que ameaça atacar o território americano
com mísseis nucleares.
Longe de apaziguar a situação, o
secretário americano de Defesa, Jim Mattis, pediu que a Coreia do norte
"detenha" o desenvolvimento de armas nucleares e pare de fomentar
ações que levem "ao fim de seu regime e à destruição de seu povo".
Em sintonia com os tuítes de
Trump, o chefe do Pentágono minimizou o poderio militar de Pyongyang, afirmando
que "perderia qualquer corrida armamentista ou conflito que
começasse" com os EUA.
A repercussão dos tuítes de Trump
e de sua incendiária declaração de terça-feira (8) de seu clube de golfe em
Nova Jersey, onde está de férias, afetaram a queda do dólar, as principais
bolsas mundiais e despertaram inquietações.
Nesta quinta, o Japão afirmou que
"jamais poderá tolerar as provocações" de Pyongyang. "Apelamos
firmemente à Coreia do Norte para que leve a sério as reiteradas advertências
da comunidade internacional, acate as resoluções da ONU e se abstenha de
realizar novas provocações", disse o porta-voz do governo japonês
Yoshihide Suga.
O funcionário japonês destacou que
"é muito importante manter o poder de dissuasão americano diante da
gravidade da situação de segurança na região".
Na véspera, a China exortou que se
evitem "as palavras e os atos suscetíveis" de agravar a situação,
enquanto Berlim pediu "moderação" às partes. A França, no entanto,
elogiou a "determinação" de Trump ante Pyongyang.
O secretário-geral da ONU, António
Guterres, se mostrou "preocupado", e pediu por meio de seu porta-voz
que reduzam as tensões e apelem para a diplomacia.
A pedido de Washington, a
Organização das Nações Unidas endureceu há alguns dias as sanções contra
Pyongyang por seu programa nuclear, que poderia custar ao governo norte-coreano
um bilhão de dólares anuais.
"Não há para onde
correr"
Os Estados Unidos descartam uma "ameaça iminente" para Guam,
um estratégico enclave militar, onde conta com 6.000 soldados, e outros
objetivos, confiando que a pressão diplomática irá prevalecer.
"Acho que os americanos devem
dormir bem, sem nenhuma preocupação sobre esta particular retórica dos últimos
dias", disse o chefe da Diplomacia americana, Rex Tillerson, após
justificar a "mensagem forte" do presidente Trump "em uma linguagem
que Kim Jong-un pode compreender".
Sobre o fato de os comentário de
Trump surpreenderem o seu círculo mais próximo, a porta-voz da Casa Branca,
Sarah Huckabee Sanders, disse que o Conselho de Segurança Nacional e outros
funcionários sabiam que "o presidente iria responder [...] com uma
mensagem forte em termos inequívocos".
A remota e paradisíaca ilha de
Guam, de apenas 550 km2 e onde vivem 162.000 pessoas, em sua maioria dedicados
ao turismo, permanecia calma nesta quarta-feira diante da ameaça norte-coreana.
O governador, Eddie Calvo, minimizou os atos de Pyongyang, mas assinalou que o
território está "preparado para qualquer eventualidade".
(Foto: Editoria de Arte/G1) |
"Não é que haja algo que
possamos fazer realmente, esta é uma ilha pequena, não há para onde
correr", disse o morador James Cruz, da capital Hagåtña.
Rápido avanço
A retórica de Trump tem
apresentado uma escalada em relação a Pyongyang, após dois testes bem-sucedidos
de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) por parte do governo de Kim
Jong-un.
O primeiro teste, descrito pelo
líder norte-coreano como um presente aos "bastardos americanos",
mostrou que o dispositivo poderia alcançar o Alasca. O segundo sugeriu que
poderia chegar até Nova York.
Na terça-feira, o jornal "The
Washington Post" relatou que a Coreia do Norte teria a capacidade de
colocar pequenas ogivas nucleares nestes mísseis, segundo um relatório da
Agência de Inteligência de Defesa (DIA, em inglês).
O jornal americano também
assinalou que outra avaliação da Inteligência considerou que a Coreia do Norte
tem agora até 60 armas nucleares, mais do que se pensava.
Alguns especialistas asseguram que
Pyongyang ainda deve superar obstáculos técnicos, em especial para conseguir
fazer uma miniatura de uma ogiva nuclear para introduzi-la com sucesso em um
míssil.
Mas apesar das discrepâncias,
todas estão de acordo que a Coreia do Norte avança rapidamente em sua corrida
de armas nucleares desde a chegada de Kim Jong-un ao poder, em dezembro de
2011.
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