Renato Chebar contou que o
ex-governador chegou a ter cerca de US$ 120 milhões em contas no exterior
Rio - O volume de dinheiro obtido
pelo esquema de corrupção supostamente comandado pelo ex-governador Sérgio
Cabral Filho (PMDB) cresceu tanto que virou um transtorno para quem se
encarregava dele no País. Foi o que revelou, ontem, o doleiro Renato Chebar ao
juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas.
O depoente contou que o
peemedebista chegou a ter, em contas no exterior, cerca de US$ 120 milhões
(perto de R$ 400 milhões). Afirmou ainda que não tinha condições de operar em
segurança com quantias tão altas como as que passou a receber depois que Cabral
virou governador, em janeiro de 2007.
Ex-governador Sérgio Cabral
liderava esquema de corrupçãoReprodução RPC TV
"Comecei a não dar conta do
serviço. O esquema ficou grandioso para mim", disse Chebar, que confirmou
ter operado para Cabral o dinheiro de corrupção no período de 2007 a 2014-
período em que o peemedebista foi governador do Rio.
Em seu depoimento, Chebar contou
ao juiz que recebia de operadores de Cabral, em seu escritório no Rio, dinheiro
vivo, que convertia em crédito em contas no exterior. As operações já
aconteciam antes de o peemedebista ser governador. Segundo Chebar, que é
economista, a entrada de dinheiro, até então, era de cerca de R$ 150 mil
mensais. A partir de 2007, aumentou muito Passou a variar de R$ 450 mil a até
R$ 1 milhão por mês.
"Neste período, fiquei com
medo de guardar aquele dinheiro todo. Como ia transportar com segurança? Eu não
tinha um esquema de segurança, carros fortes. Era um esquema muito maior do que
eu tinha condição. Não tinha como buscar e andar no Rio com esse dinheiro. Deus
me livre... Terceirizei e subcontratei", disse o operador, que fez acordo
de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Chebar afirmou que não costumava
fazer perguntas sobre a origem do dinheiro, mas prestava contas a Cabral três
vezes ao ano, no apartamento do peemedebista no Leblon, na zona sul da capital
fluminense. Já a Carlos Miranda, operador de Cabral também preso, as prestações
eram três vezes por semana. Interrogado ontem na 7ª. Vara, Miranda optou por
exercer o direito legal de não responder às perguntas e não se autoincriminar.
Defesa
O advogado de Cabral, Luciano
Saldanha Coelho, disse à reportagem que a defesa do ex-governador só vai se
manifestar nos autos sobre as afirmações dos irmãos Chebar.
Interrogado na véspera, Cabral
repudiou as acusações de que teria recebido 5% do valor dos contratos de obras
no Estado, durante seu governo. Atribuiu as quantias que recebeu ilegalmente
sobras de recursos para eleições.
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