Mariangeles
Maia ao lado do marido, Cesar Maia, então prefeito
do Rio de
Janeiro Foto: TASSO MARCELO/AGENCIA ESTADO/AE
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RIO - Mariangeles Ibarra Maia foi
além de qualquer atitude padrão de uma mãe preocupada. A chilena enviou uma
mensagem ao seu filho, presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), mandando-o “não conspirar” contra o presidente Michel Temer, de quem
é sucessor direto.
O aviso foi enviado em meio a
acusações de que Maia poderia estar articulando secretamente para substituir o
peemedebista no cargo. As notícias sobre a “conspiração” causaram mal-estar
entre os dois.
“Você me ensinou que eu tenho de
ser leal, e assim eu sou”, teria escrito o parlamentar do DEM quase cinquentão
– ele tem 47 anos – à mãe zelosa. Em entrevista à GloboNews na terça-feira
passada, o presidente da Câmara contou ter mostrado a mensagem materna a Temer,
como garantia de sua fidelidade.
Quem conhece Mariangeles não se
surpreendeu com o estilo, agora tornado público, de mãezona rigorosa com o
filho crescido. Fontes ouvidas pelo Estado disseram que ela é
considerada muito protetora, que preza sempre pela união familiar. No Brasil,
ela tem a companhia da irmã, Carmen Ibarra, que também se casou no Chile com um
brasileiro.
Desde o início dos anos 1970
casada com o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), ela é considerada mulher de
personalidade, mas discreta e avessa a aparecer na mídia. Deu algumas raras
declarações públicas quando assumiu a presidência de Obra Social da prefeitura,
na época da gestão de seu marido. O cargo, por tradição, é ocupado por mulheres
dos prefeitos, como hoje é de Sylvia Hodge Crivella – casada com o prefeito
Marcelo Crivella (PRB).
À época, Mariangeles teve como
atribuições organizar ações para pessoas com deficiência e em situação de
vulnerabilidade. Também discursou em nome do marido durante inaugurações de
projetos ligados à saúde pública. Um dos seus orgulhos, obras no Morro Dona
Marta, na zona sul do Rio, viraram objeto de discórdia com o sucessor de Maia,
Eduardo Paes (PMDB). Ela considerou que o ex-prefeito não deu continuidade às
realizações do marido. Mariangeles já demonstrara irritação com o peemedebista,
sucessor de Cesar Maia, por críticas que fez ao seu padrinho político, durante
a campanha de 2008.
Hoje vereador no Rio, Cesar Maia
contou que conheceu Mariangeles durante seu exílio no Chile. Ele decidiu deixar
o Brasil depois de ter sido preso pelos militares – na época, militava em uma
organização de esquerda originada do PCB. No Chile, Mariangeles deu à luz aos
gêmeos Rodrigo e Daniela, em 1970. Mais tarde, voltaram todos para o Brasil,
ainda durante o regime militar. Depois, foi a vez da família de Mariangeles se
exilar no Brasil, após o golpe de 1973 de Augusto Pinochet.
Procurada pelo Estado para uma entrevista, por
meio de seu marido, Mariangeles não respondeu. Rodrigo Maia também foi
procurado para falar sobre sua mãe, mas também não deu resposta. / COLABOROU
WILSON TOSTA
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