Polícia
detém um manifestante durante protesto anticorrupção
no centro de
São Petersburgo, na Rússia
- 12/06/2017
(Anton Vaganov/Reuters)
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Manifestações contra o governo de
Vladimir Putin foram convocadas pelo líder da oposição, Alexei Navalni, que
também foi preso
Mais de 1.500 pessoas foram
detidas nesta segunda-feira na Rússia em protestos contra a corrupção no governo
convocados pelo líder da oposição Alexei Navalni. Apesar de não
haver números oficiais sobre as detenções, segundo o portal de notícias OVD
Info, apenas em Moscou foram
presas 750 pessoas, e em São
Petersburgo, 900.
Navalni, que pretende concorrer às
eleições presidenciais em 2018, convocou manifestações em mais de 200 cidades
de todo o país contra a corrupção nas altas esferas do poder, mas foi
preso em frente a sua residência, na manhã desta segunda-feira, horas antes
dos protestos.
Em Moscou, Navalni havia
conseguido a autorização da Câmara municipal para realizar uma passeata de
protesto, com concentração na avenida Sakharov, no nordeste da cidade, mas na
noite do domingo, menos de 24 horas antes da realização, mudou o lugar e pediu
a seus apoiadores que fossem à rua Tverskaya, no coração de
Moscou. Segundo o jornal The Guardian, o ativista afirmou que
a mudança aconteceu em resposta à proibição do uso de equipamentos de som
durante o protesto.
As autoridades consideraram a
mudança como uma provocação, e o Ministério
Público alertou que as pessoas poderiam comparecer ao local para
“passear” juntos com as milhares de pessoas que comemoravam hoje o Dia da Rússia, mas “sem levantar
cartazes nem gritar palavras de ordem”. Porém, milhares de pessoas, em sua
maioria jovens, atenderam ao chamado de Navalni e se somaram ao protesto,
cantando músicas contra o presidente do país, Vladimir Putin.
“Rússia sem Putin” e “Putin ladrão” foram alguns das expressões de ordem mais
gritadas pelos participantes, que também exibiram cartazes com inscrições como “A corrupção está roubando nos futuro”.
Centenas de policiais entraram em
ação para reprimir a manifestação não autorizada e começaram a realizar
prisões, em muitos casos com uso de força e de maneira
indiscriminada. Entre os detidos estavam vários correligionários de
Navalni, inúmeros jovens e até um jornalista da Agência Efe em
Moscou que cobria a manifestação. Ignacio Ortega foi colocado em um camburão
policial com dezenas de pessoas e levado a uma delegacia, onde após ser
identificado foi posto em liberdade.
Vladimir Chernikov, chefe do
departamento de polícia de Moscou, que tinha alertado contra
qualquer tentativa de alterar a lei e a ordem, afirmou após as prisões em massa
que a situação ficou “sob controle”.
Ainda de acordo com ele, o ato foi
“100% uma provocação” e que havia apenas 5 mil manifestantes pró-Navalni, em
meio a centenas de milhares de moscovitas que participaram, no mesmo local, do
festival popular organizado pelo Dia da Rússia.
Já em São Petersburgo,
no Campo de Marte, cerca de mil pessoas foram detidas por participarem de outro
protesto não autorizado com o tema “Queremos respostas”.
Em outras cidades russas houve
manifestações convocadas por Navalni que terminaram sem incidentes, embora em
alguns casos com detenções. Os organizadores queriam que a jornada de protestos
de hoje tivesse a mesma magnitude dos de 26 de março, quando aconteceram as
maiores manifestações desde o retorno de Putin ao Kremlin, em
2012, e que tinham como alvo o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, a quem
Navalni acusa de enriquecer ilicitamente com o cargo.
Segundo seus assessores, o líder
opositor tem intenção de prosseguir sua campanha às eleições presidenciais de
2018, apesar de ter sido privado do direito de apresentar sua candidatura
após ser condenado por fraude.
Analistas políticos russos
consideram que Navalni é o único candidato que poderia representar alguma
ameaça nas urnas a Putin, que previsivelmente tentará a reeleição.
(com EFE)
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