#MapaDoCrime: mais de 2,5 mil fuzis foram apreendidos entre 2007 e 2017 no RJ | Rio das Ostras Jornal

#MapaDoCrime: mais de 2,5 mil fuzis foram apreendidos entre 2007 e 2017 no RJ

Polícia apreendeu 60 fuzis no Galeão, na maior apreensão
 única de fuzis no Brasil; delegacia faz perícia química e tenta
rastrear armas (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Em 10 anos, apreensões cresceram 72,4%. Somente em maio e junho desse ano foram apreendidos mais de 90 fuzis. Maior traficante de armas para o Rio, foragido em Miami, não pode ser extraditado.
A última reportagem da série #MapaDoCrime mostra a situação do combate a uma arma que, para a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, tem papel de destaque no confronto de bandidos por domínio de territórios - motivo de tiroteios em vários pontos da Região Metropolitana. Entre 2007 e 2017, foram apreendidos 2.757 fuzis. A quantidade de apreensões tem crescido nos últimos 6 anos e a expectativa é que, em 2017, se estabeleça um novo recorde. Segundo os dados, em 2007 foram apreendidos 214 fuzis, já em 2016 esse número aumentou para 369, um aumento de 72,4% em 10 anos.
(#MapaDoCrime: série de reportagens do G1, em parceria com o núcleo de jornalismo de dados, mergulha sobre fatos, histórias e números da violência no Rio nos últimos 15 anos.)
"No Rio de Janeiro, traficante só tira onda de macho por conta disso, de ter o fuzil. A hora que tiver com pistola, ele vai dar meia volta", disse o secretário de Segurança, Roberto Sá, após a apreensão de 60 fuzis no Galeão, dia 1º de junho.
O combate ao tráfico e a venda ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e pistolas com kit rajada, é um das principais diretrizes da secretaria desde os nove anos da gestão de José Mariano Beltrame à frente da pasta, até o fim do ano passado. O objetivo foi estendido ao ex-subsecretário operacional, Roberto Sá.
"Vamos focar e intensificar nas investigações [para apreender] de fuzis e armas de alto poder explosivo, juntamente com outras polícias, em uma 'coalizão do bem'", disse Sá logo em sua posse, em 17 de outubro de 2016.
Em várias declarações, o secretário já destacou que as apreensões chegam a uma arma por hora e um fuzil por dia.
O recorde da apreensão de fuzis foi em 2016, com 320 fuzis apreendidos, mas 2017 pode superar os números anteriores: só de janeiro a abril foram 139.
Em nota enviada para a primeira reportagem da série #MapaDoCrime, a PM afirmou que 206 fuzis haviam sido apreendidos até 9 de junho. Só em maio e junho, foram apreendidos 92 apenas em duas operações, das polícias Civil e Militar.
Trabalho da Desarme
Fabricio Oliveira é delegado titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), inaugurada em 20 de abril. O objetivo da delegacia, segundo a resolução da Secretaria de criação da unidade, é: "dirigir, planejar, coordenar e executar as atividades de polícia judiciária cujo objeto decorre da participação de pessoas e/ou organizações criminosas concernente ao tráfico ilegal ou outra forma estruturada de comércio ilegal de armas de fogo, munições, explosivos e/ou acessórios no território do Estado do Rio de Janeiro".
Há também a colaboração com polícias de outros estados, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal e agências internacionais.
"A existência dessas armas de fogo de alto poder de destruição na mão de criminosos acaba influenciando nos altos índices de criminalidade. A Desarme acredita que a maior ferramenta para evitar esses crimes graves é a investigação policial", afirma Fabrício.
O chefe da Divisão de Homicídios, delegado Rivaldo Barbosa, também ressalta que o poder das armas afeta o aumento de homicídios.
"O problema do Rio de Janeiro é a quantidade enorme de armas que tem circulando nessas comunidades. Empiricamente, na sua grande maioria, 80% das mortes são por uso de arma de fogo", define Rivaldo.
Com 15 homens, a unidade contou com a ajuda da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, que investigou durante dois anos, para realizar a maior apreensão de fuzis de uma vez no Brasil. Sessente armas estavam guardadas em contâineres utilizados para aquecer piscinas, em contrabando encontrado no terminal de cargas do Aeroporto Internacional do Galeão, vindo de Miami para o Rio. Desde então, a delegacia acompanha a perícia química das armas e a origem destas.
"Pudemos constatar que todas as armas são de origem estrangeira. A maioria é dos Estados Unidos, outras foram fabricadas na Sérvia e na Romênia e exportadas legalmente para os Estados Unidos", diz Fabrício.
"Nós sabemos que essas armas têm origem legal, mas em algum momento ganharam a clandestinidade. A gente tem que descobrir em que momento essas armas passaram para as mãos desses criminosos"
As últimas apreensões indicam que entre 60 a 70% das armas são fabricadas nos EUA. Outras vêm os países do Leste Europeu.
"Nessa apreensão do aeroporto, todas as armas eram dos Estados Unidos, muito embora algumas tenham sido fabricadas em outros locais. Esse é um dado importante, porque elas são exportadas de maneira legal para os EUA, e de alguma forma vêm parar no Brasil, onde tem sido apreendidas (...) As informações requisitadas vêm de fábricas, além de agências como a Interpol, da Polícia Federal, que é o que pode nos dar um norte do que seguir em cada investigação", explica.
Os principais locais de apreensões de armas, de acordo com a polícia, são as rodovias federais.
"Elas são uma importante porta de entrada, mas isso é uma estatística de apreensão. Há uma intensa fiscalização, e isso acaba representando um número muito grande de apreensões, mas a gente sabe que devemos ter atenção também com outras portas de entrada", diz o delegado, citando ainda portos e aeroportos.
Brasileiro investigado
O mercado de tráfico de armas é bastante lucrativo, segundo investigadores e delegados da Desarme. Um fuzil, de acordo com investigações recentes, é comprado por cerca de R$ 8 mil e pode ser vendido no mercado negro por até R$ 70 mil.
Frederik Barbieri, investigado pela polícia por suspeita de ter comprado os 60 fuzis apreendidos no Galeão, é procurado pela polícia americana. Segundo informações da investigação, não é possível extraditar o traficante.
"Desde o início dessa investigação, nós temos mantido contato com diversas agências internacionais. As informações que chegaram à Polícia Civil são de que ele se naturalizou americano em 2013. Confirmada essa informação, a gente sabe que uma ordem de prisão aqui no Brasil não seria suficiente para extraditá-lo para cá. A gente então aguarda mais investigações, aguarda investigações que possam estar sendo feitas lá", argumenta Fabrício.
As investigações mostram que não havia uma afinidade de Barbieri com alguma facção específica, entre as três princiais que comandam o tráfico de drogas na cidade, além da milícia.
"Ele não respeitava facções, ele vendia para quem pagasse. A gente tem que analisar qual é o criminoso, como é a forma de atuação dele, caso a caso", explica.
De acordo com a Polícia Civil, outras 30 cargas de armas de tamanho semelhante podem ter chegado ao Rio sem ter sido interceptadas.
Cidade Alta
No dia 2 de maio, outra operação, desta vez da Polícia Militar na comunidade da Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte, apreendeu 32 fuzis. Quarenta e cinco pessoas foram presas, todas de uma mesma facção criminosa que tentava retomar a comunidade depois de ter sido expulsa em dezembro de 2016. Em represália, nove ônibus e dois caminhões foram incendiados em vias da cidade, causando um caos no trânsito.
Três dias depois da ação, nove sargentos do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), responsável pela operação, foram transferidos para outros batalhões. Entre eles estavam dois policiais que apresentaram as armas apreendidas e os homens presos.
Pouco mais de um mês depois, todos foram presos e levados para o Batalhão Especial Prisional. O motivo? Suspeita de terem recebido propina para apoiar a invasão de criminosos na Cidade Alta.
Um traficante fez delação depois de ser internado em um hospital após a operação, como mostrou o RJTV, dizendo que deu dinheiro em troca de proteção. Um caveirão teria sido usado para ajudar no transporte dos criminosos.

Por Felipe Grandin e Henrique Coelho, G1 Rio
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