Em sua
delação premiada, o empresário afirmou à PGR que
reservou duas contas para atender às demandas
dos petistas.
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A Procuradoria-Geral da República
espera que as informações coletadas pelas autoridades sejam agora transferidas
ao Brasil. Na avaliação de autoridades suíças próximas ao caso, o Ministério
Público Federal terá “forte chance” de apurar mais detalhes sobre as
transferências. O banco Julius Baer fechou as contas na Suíça e o dinheiro foi
transferido para Nova York, onde hoje vivem Joesley e sua família.
Em sua delação premiada, o
empresário afirmou à PGR que reservou duas contas para atender às demandas dos
petistas. Segundo ele, o dinheiro era usado para pagar propina a políticos do
PT e também a aliados. Joesley contou que as contas chegaram ao saldo de US$
150 milhões em 2014. O empresário disse também que o dinheiro era operado a
mando do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, com o conhecimento de Lula e Dilma.
Os petistas negam as acusações.
Mesmo sem o nome dos envolvidos
nos extratos, uma vez que operadores e doleiros teriam efetuado as transações,
fontes do setor financeiro suíço dizem acreditar que as datas das
transferências podem indicar se o dinheiro foi movimentado com maior
intensidade nos meses que antecederam eleições no Brasil.
As contas foram alimentadas,
segundo pessoas próximas ao caso, com recursos lícitos dos negócios da JBS e
também por dinheiro irregular, em um esquema descrito como “misto”. No entanto,
enquanto as contas foram mantidas no país europeu, a movimentação de volumes no
Brasil não era de conhecimento nem das autoridades nem do banco. A dinâmica é
considerada surpreendente porque companhias suspeitas de crimes financeiros
separam as contas “legítimas” das “ocultas”.
© AYRTON
VIGNOLA/ESTADÃO O empresário Joesley Batista,
dono da JBS, durante entrevista coletiva sobre
negócios do grupo em 2011
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Da conta 06384985 no Julius Baer,
o dinheiro seguiu para o JP Morgan Chase Bank, em Nova York. Para ocultar os
proprietários da conta, os recursos estavam em nome da empresa de fachada
Lunsville Internacional Inc. Uma segunda empresa, a Valdarco, também foi usada.
Apesar do encerramento das contas,
o Julius Baer informou as suspeitas às autoridades de combate à lavagem de
dinheiro da Suíça. Joesley não foi comunicado da decisão do banco em razão da legislação
local.
Procurado pela reportagem, o
Ministério Público Federal em Berna se recusou a comentar o caso, indicando que
não revelaria se Joesley está ou não sob investigação em função da legislação
local.
As contas. Joesley
contou que a primeira das contas foi usada durante os anos do governo Lula e
que, ao final do mandato, em 2010, teria ficado com um saldo de US$ 70 milhões.
Quando começou a gestão Dilma, ele disse que fora instruído por Mantega a abrir
uma nova conta. As contas deixaram de ser abastecidas, segundo Joesley, em
novembro de 2014, quando ele afirmou ter comunicado a presidente cassada em
reunião no Palácio do Planalto. O último saldo foi de R$ 30 milhões.
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