Imagem de
arquivo mostra Hebe de Bonafini, líder do movimento
Mães da
Praça de Maio, em Buenos Aires
(Foto: EITAN
ABRAMOVICH / AFP)
|
Montante desviado dos cofres
públicos teria como finalidade a construção de imóveis sociais do programa
"Sonhos Compartilhados", do então governo de Cristina Kirchner.
Um juiz da Argentina determinou
nesta segunda-feira (15) a abertura de um processo contra a presidente da
associação de direitos humanos Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, de 88
anos, por supostas denúncias de desvio de verbas públicas durante os governo da
ex-presidente do país, Cristina Kirchner.
Segundo o juiz federal Marcelo
Martínez de Giorgi, Bonafini teria se envolvido em fraudes que teriam gerado um
rombo de mais de 200 milhões de pesos argentinos (cerca R$40 milhões) aos
cofres públicos da Argentina. O dinheiro teria como finalidade o financiamento
do programa “Sonhos Compartilhados”, impulsionado pelo poder executivo do
governo Kirchner (2007-2015), para a construção de casas populares e
administrados pela fundação. O programa está paralisado desde 2011 devido a
denúncias de desvios.
De acordo com Giorgi, Bonafini
teria conhecimento dos desvios financeiros e teria participado dessas tarefas,
aprovando os balanços irregulares da instituição.
Os irmãos Sergio e Pablo
Schoklender, responsáveis pelo setor financeiro da associação, e o ex-secretário
de Obras Públicas, José López (2003-2015), já detido, também foram incluídos no
processo.
Para a Justiça argentina, os
Schoklender "tiveram participação ativa na gestão e execução das
construções que foram licitadas a essa instituição". Ainda de acordo com a
denúncia, uma vez injetados os montantes correspondentes a essas obras, foram
desviados 206,43 milhões de pesos argentinos (R$ 41,1 milhões).
A resolução judicial aponta que o
"sucesso da manobra" foi possível graças à utilização do prestígio
"e da trajetória" que a Associação conta na área da defesa dos
direitos humanos e "ao infiel desempenho" de López e Abel Caludio
Fatala, que eram responsáveis pelas negociações de verbas com o governo.
López está detido por suposto
enriquecimento ilícito desde junho de 2016, quando tentava esconder quase US$ 9
milhões em um convento.
O Escândalo
O caso veio à tona em 2011 e
despertou duras críticas da oposição ao governo de Kirchner pela suposta falta
de controles no repasse de fundos públicos da organização humanitária, cuja
origem remonta a abril de 1977, quando um grupo de mulheres começou a
manifestar-se em frente à Casa Rosada de Buenos Aires para exigir da última
ditadura militar (1976-1983) notícias de seus filhos desaparecidos.
Em agosto de 2016, Bonafini,
convencida de não ter cometido nenhum delito e tal e como já tinha antecipado,
negou-se a responder às perguntas do juiz, que compareceu à sede das Mães da
Praça de Maio para tomar seu depoimento como investigada na causa.
"Eles estão com (o presidente
Mauricio) Macri e eu estou contra Macri; eles estão com os juízes, eu estou com
a Justiça, os juízes não são a Justiça", declarou à época.
"Pior que o que nos aconteceu
já não pode acontecer, eu não tenho medo de ser presa", acrescentou
Bonafini, que também defendeu a legalidade das operações realizadas pela
associação.
Por G1
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!