No total, 10 parentes tiveram a prisão pedida. |
Investigação de mais de um ano
mostra que, mesmo em um presídio federal em Rondônia, traficante diversificou
negócios. Operação 'Epístolas' é realizada em 5 estados e no DF.
A Polícia Federal cumpre, desde as
6h desta quarta-feira (24), mandados de prisão em cinco estados e no Distrito
Federal contra a quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho
Beira-Mar. Até a última atualização desta reportagem, haviam sido presos cinco
filhos do criminoso, uma irmã dele, e um braço-direito do traficante.
No total, 10 parentes tiveram a
prisão pedida. Alessandra da Costa, irmã e advogada do traficante e apontada
como sua conselheira, foi presa onde mora, em um condomínio de luxo no bairro
Vinte e Cinco de Agosto, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Contra ela
havia um mandado de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Os cinco filhos de Beira-Mar
presos são: Taiuã Vinícius da Costa, Thuany Moraes da Costa, Luan Medeiros da
Costa, Felipe Alexandre da Costa e Marcelo da Costa.
A mulher do traficante, Jacqueline
Alcântara de Moraes, já estava presa no Mato Grosso do Sul e vai ser levada
para Porto Velho ainda nesta quarta.
Felipe da Costa Lira,
braço-direito de Beira-Mar, foi detido no Ceará, segundo a PF. Até a última
atualização da reportagem, não havia um balanço oficial do número de presos.
Transferência
Beira-Mar era ouvido, por volta das 11h, pela Polícia
Federal dentro do presídio em Rondônia. À tarde, ele será levado para Brasília,
onde ficará na sede da PF até ser definida a transferência para outro presídio
federal, ainda não definida. Os presos na operação também prestam depoimento.
Polícia Federal faz busca no apartamento da irmã de
Fernandinho Beira Mar
Após um ano e meio de investigações, a PF descobriu que
Beira-Mar, preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia,
diversificou os negócios: os lucros agora vão além do tráfico de drogas. O
criminoso controla máquinas de caça-níquel, venda de botijões de gás, cesta
básica, mototáxi, venda de cigarros e até o abastecimento de água.
As principais áreas de atuação de Fernandinho Beira-mar são
três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: favela Beira-Mar,
Parque das Missões e Parque Boavista.
Os policiais cumprem 35 mandados de prisão, sendo 22 prisões
preventivas e 13 temporárias, além de 27 de condução coercitiva e 86 de busca e
apreensão nos estados do Rio, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e no
Distrito Federal.
Ordens por bilhetes
Segundo os investigadores, na denúncia que deu origem à
investigação, foi descoberto que há uma grande quadrilha liderada pelo
traficante que, mesmo preso no presídio Federal de Porto Velho, coordena o grupo por meio de mensagens
escritas em papel. Por conta dos bilhetes, a operação desta quarta-feira
foi batizada de "Epístolas".
Desde 2006, Fernandinho Beira-Mar está preso em uma
penitenciária federal. Em 2007, a Polícia Federal investigou o criminoso e
descobriu que, apesar da vigilância, ele manteve o controle do fornecimento de
drogas – maconha e cocaína – para favelas do Rio. A investigação da PF, na
ocasião, levou 19 pessoas à prisão.
A operação Fênix, como foi chamada, descobriu que Beira-Mar
escolheu a mulher, Jacqueline Alcântara de Morais, para sucedê-lo no comando da
quadrilha. Todos os presos foram condenados pela Justiça Federal do Paraná.
Pena de mais de 300 anos
Em condenações, o traficante acumula penas que somam quase
320 anos de prisão em crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha,
lavagem de dinheiro e homicídios.
Em 2015, o criminoso foi condenado a 120 anos de prisão
apontado como responsável liderar uma guerra de facções, em 2002, dentro do
presídio de segurança máxima Bangu 1, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na
Zona Oeste do Rio, quando quatro rivais foram assassinados. Beira-Mar tem 15
condenações.
Por Marco Antônio
Martins e Cristina Boeckel,
G1 Rio e G1 Rondônia
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