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Whitaker Lula discursa em Curitiba após
prestar depoimento ao juíz Sérgio Moro
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A equipe de procuradores da
operação Lava Jato não tem dúvidas de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pode ser condenado por recebimento de propina no caso do apartamento
tríplex e considera que o depoimento de quarta-feira, comemorado pelos advogados
como uma vitória do ex-presidente, ajudou a acusação, disse à Reuters uma fonte
próxima ao assunto.
Um dos principais pontos que os
procuradores acreditam ter ajudado a acusação é o fato de que Lula confirmou a
conversa com ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que teria
ocorrido em um hangar de uma companhia aérea no aeroporto de Congonhas.
Em sua delação premiada, Duque diz
que Lula perguntou a ele se tinha contas no exterior e o havia orientado a não
ter nada em nome dele.
"Nos pegou de surpresa que
ele confirmasse. Não faz sentido um presidente que alegava não saber de nada o
que acontecia na Petrobras ter chamado um diretor para perguntar disso",
explicou a fonte.
No depoimento a Moro, o
ex-presidente confirma que encontrou Duque no aeroporto em São Paulo e o
questionou, mas porque havia reportagens falando em contas no exterior.
"A pergunta que eu fiz para o
Duque foi simples: 'Tem matéria nos jornais, tem denúncias de que você tem
dinheiro no exterior, está pegando da Petrobras'. Eu falei: 'Você tem conta no
exterior?' Ele falou: 'Não tenho'. Eu falei: Acabou'. Se não tem, não mentiu para
mim. Mentiu para ele mesmo", disse Lula no depoimento.
Os procuradores também estranharam
o fato de Lula simplesmente atribuir fatos a sua esposa, Marisa Letícia, morta
no início deste ano, ou dizer que desconhecia o que lhe era perguntado, mesmo
quando se tratava de documentos que foram encontrados em sua casa durante uma
das fases da operação Lava Jato, em 2016 --quando o ex-presidente também foi
levado a depor coercitivamente.
"Normalmente as pessoas vêm e
dão uma versão, mesmo que fantasiosa sobre os fatos. Ele nem mesmo isso fez,
não tentou construir uma versão para os documentos, nada. O que ele fez lá não
faz o menor sentido.", disse a fonte.
Lula é acusado de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento tríplex no Guarujá (SP).
Os procuradores o acusam de ter recebido o imóvel como propina da construtora
OAS.
Segundo a acusação, Lula e Marisa
Letícia nunca assinaram a desistência do direito ao imóvel que tinham pela
cooperativa dos bancários, Bancoop, quando a obra foi assumida pela OAS, e nem
pagaram a diferença que os demais condôminos que optaram por continuar tiveram
que pagar. Ainda assim, mantiveram a opção de compra de um apartamento ainda
maior do que previsto originalmente, o hoje famoso tríplex.
A defesa de Lula alega que Marisa
--a proprietária original-- desistiu sim do apartamento porque Lula não quis
ficar e que todos os documentos relativos ao imóvel comprovam que ele sempre
pertenceu à OAS.
Lula disse ao juiz Sergio Moro, no
depoimento, que as negociações relativas ao apartamento foram feitas por
Marisa, que era a proprietária das cotas da Bancoop, e ele mesmo só foi ao
apartamento uma vez e não sabia das negociações.
"Isso foi um processo que se
desenrolou por quatro, cinco anos. Dona Marisa escondeu isso tudo dele durante
todo esse tempo?", questionou a fonte.
Lula é alvo de cinco ações penais,
três delas pela operação Lava Jato. A relativa ao apartamento no Guarujá é a
que está em fase mais adiantada e a sentença pode sair até o meio do ano.
Nesta quarta-feira se encerrou o
prazo para a Procuradoria apresentar pedidos de diligências complementares.
Esta tarde, o MPF pediu para acrescentar ao processo o depoimento de uma
testemunha, Érica Monteiro Malzone, ex-funcionária da OAS empreendimentos, que
havia prestado esclarecimentos em abril.
Em seu depoimento, Érica fala do
projeto de reforma para uma cobertura no edifício Solaris da qual tratou e de
que há indícios de que seria a destinada ao ex-presidente. Érica disse nunca
ter sabido o nome da pessoa para quem o projeto estava sendo feito, só que era
um cliente especial.
De acordo com a fonte ouvida pela
Reuters, entre 50 e 60 dias o processo deve estar pronto para ir à sentença de
Sérgio Moro, e o MP irá pedir sua condenação.
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