© image/jpeg Carlinhos
Três Pontes
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Desde o início da expansão das
milícias pelo Rio de Janeiro, há duas décadas, uma das grandes
preocupações das autoridades é a quase inevitável ligação desses grupos
paramilitares com o tráfico. Na Zona Oeste, a Liga da Justiça, maior quadrilha
de milicianos do país, era quem vinha fazendo essa costura de relações. Há mais
de um ano a Polícia Civil havia detectado o estreito relacionamento deste grupo
com a facção Amigos dos Amigos (ADA). O elo entre essas duas pontas do crime
vinha sendo feito por Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos
Três Pontes. Na manhã de hoje, o chefe da milícia de Santa Cruz e Campo Grande
foi morto ao tentar reagir ao cerco policial numa operação que o pegou de
surpreso, por volta das 6h da manhã.
O principal aliado de Três Pontes
nessa empreitada conjunta entre milícia e tráfico era seu grande amigo Carlos
José da Silva Fernandes, o Arafat, uma das principais lideranças da ADA, que
comanda favelas em Japeri e na Pavuna. No último dia de novembro do ano
passado, porem, ele acabou preso pela Polícia Militar enquanto passeava num
carro de luxo pela Avenida Brasil. Arafat tinha ido dar uma volta na praia
antes de iniciar uma nova guerra.
Com o apoio logístico de Carlinhos
Três Pontes, a quadrilha do ADA se preparava para invadir, no fim daquela
semana, a Favela da Carobinha, em Campo Grande, para expulsar um grupo de
milicianos com quem Três Pontes vinha tendo problemas de relacionamento. “Ali
eles montariam as bocas de fumo. E era o passo que a milícia estava dando já
partindo para a venda de drogas”, explica o delegado Maurício Mendonça,
lembrando que a Liga da Justiça já vem praticando roubos a caminhões de cargas
na cidade.
Em janeiro, uma disputa entre
milicianos na mesma Carobinha resultou num tiroteio que deixou três mortos e 13
pessoas feridas por balas perdidas.
A ação de hoje foi coordenada pelo
Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e contou com agentes das
delegacias de Homicídios (DH) e de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Ele estava
dentro de sua fortaleza, uma espécie de bunker que nem mesmo sua quadrilha
conhecia. Na verdade, apenas um de seus seguranças sabia exatamente o endereço
de um imóvel luxuoso que destoava dos demais na Rua Apuruna, número 22, no
bairro pobre de Paciência.
Estavam na casa ele, a mulher, a
filha de 3 anos e a sogra. Ele se escondeu em um quarto e, como sempre dizia,
não se entregou. Chegou a entrar em luta corporal com o delegado Thiago
Dorigos, tentou pegar sua pistola e acabou baleado no peito pelo delegado Fabio
Salvadoretti. Levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, ele
não resistiu. Com Carlinhos foram encontradas uma pistola Glock, um fuzil
AK-47, um revólver e fardas de policiais e de combate militar.
Ex-traficante, Três Pontes
comandava um exército de milicianos e vinha expandindo sua área de atuação para
a Baixada Fluminense. O bando controla transportes alternativos, gás,
distribuição de cesta básica, cobra taxas de moradores e comerciantes,
movimentando mais de 5 milhões de reais por mês.
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