Polícia
Civil abriu investigação para identificar origem,
no Rio, do
jogo que preocupa os pais. Reprodução
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Adolescente chegou à escola com os
braços cortados na tarde de quarta-feira. Ele relatou ter assistido a um vídeo
que sugere práticas de violência e automutilação em uma rede social
RIO - Um adolescente autista
de 13 anos, estudante da rede municipal de Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, pode ter sido mais uma vítima do jogo criminoso Baleia Azul.
Educadores do colégio tomaram um susto ao verificar que o aluno do 6º ano do
Ensino Fundamental chegou à escola com cortes nos dois braços
na tarde desta quarta-feira. Em conversa com a equipe pedagógica, o
menino revelou ter participado dos desafios do game, que tem induzido
crianças e adolescentes ao suicídio no Brasil e no mundo.
"Ele chegou com os dois
bracinhos todos cortados na escola. Os profissionais do colégio acharam aquilo
muito estranho. Quase todo mundo já estava sabendo da situação desse jogo, e
aquilo surpreendeu a professora e a equipe da direção, que tão logo que percebeu
aquilo retirou o aluno da sala e chamou seu responsável", explicou
a secretária municipal de Educação de Duque de Caxias, Marise Moreira
Ribeiro.
O estudante relatou ter assistido,
em sua casa, a um vídeo em uma rede social que sugere práticas de
violência e automutilação. A Secretaria encaminhou o caso ao Conselho
Tutelar. O adolescente foi atendido em uma unidade de saúde do município e
passa bem. Ele também será encaminhado ao Centro de Atenção Psicosocial Infanto
Juvenil. A pasta informou que está monitorando o caso, aguardando a
confirmação dos fatos e orientando toda a rede municipal em relação a outras
prováveis evidências.
"Estamos adotando as medidas
cabíveis para garantir a preservação dessa criança, que requer cuidados
especiais. Estamos divulgando informações sobre o caso para os gestores de
todas as nossas unidades escolares, para que eles estejam alertas em observar
possíveis situações como essa", acrescentou a secretária.
Marise comentou que
a Secretaria de Educação já estava preparando um comunicado para
recomendar aos gestores escolares a ficarem alertas, tendo em vista a
repercussão na imprensa em relação às investigações sobre o jogo suicida no
Brasil. "A gente ouviu falar de um caso em Curitiba. Estamos vendo algumas
autoridades se mobilizando, mas não imaginávamos que o problema estaria tão
perto da gente e acontecendo tão rápido", afirmou.
Delegacia
investiga autoria
Como O DIA publicou,
a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) abriu inquérito para
investigar o aliciamento de crianças e adolescentes por organizadores do jogo
no Rio. O Baleia Azul teria surgido na Rússia em 2015 e foi relacionado ao
suicídio de mais de 100 jovens desde então no país. Segundo a delegada Fernanda
Fernandes, aliciadores geralmente convidam as vítimas para participar
por meio de redes sociais. O game consiste em 50 desafios macabros, que obrigam
os menores a se machucarem. O último desafio, no 50º dia, é atentar contra a
própria vida.
De acordo com a delegada, a
maioria das vítimas tem tendência à depressão. “Há relatos de que há uma
coação para as vítimas não desistirem do jogo. Os relatos são de pressão
psicológica mesmo, de que se a vítima não se matar, ela vai ser morta de
qualquer jeito, ou então eles ameaçam parentes próximos. Enfim, há toda uma
coação para convencer a vítima a entrar e não sair”, explicou Fernanda
Fernandes no início desta semana.
Na terça-feira, a
delegada confirmou os casos de duas adolescentes de 14 anos
que tentaram se suicidar após participarem dos desafios online. Uma
delas é da capital e outra, do interior. Até ontem à noite, o caso do estudante
de Duque de Caxias não tinha sido registrado na DRCI nem na 59ª DP (delegacia
local).
Pais devem ficar atentos
Ontem, a delegada Fernanda
Fernandes informou que deve ouvir nesta quinta-feira depoimentos de mais dois
casos suspeitos de envonvimento com o jogo: o de uma menina que tentou
suicídio, sem idade confirmada, e o de um menino de 12 anos, ambos do Rio. A
DRCI também começou a rastrear 5 mil pedidos de participação em um grupo do
Facebook chamado 'Baleia'. Esse grupo é, na verdade, voltado ao apoio de
pessoas acima do peso, mas acabou sendo confundido por pessoas interessadas em
participar dos desafios macabros.
"A divulgação desses casos
tem surtido efeito. Os pais estão prestando mais atenção a seus filhos e têm
denunciado", afirmou a delegada ontem. A polícia continua monitorando as
redes sociais a fim de evitar que outros jovens caiam no esquema e de buscar a
autoria dos crimes.
Os ‘curadores’ são como se chamam
os que passam instruções do ‘Baleia Azul’ por Facebook, WhatsApp e
SMS. Segundo a delegada Fernanda Fernandes, eles podem responder por
associação criminosa e até homicídio.
COMUNICADO DISTRIBUÍDO ÀS
ESCOLAS MUNICIPAIS DE DUQUE DE CAXIAS:
Prezados Diretores e Equipes
Diretivas,
Vimos por meio deste, orientar
a todos a respeito de um tema que já esta presente em nossas casas, pátios e
salas de aula, com toque de urgência.
De forma alguma podemos tratar
este assunto com descaso, o fato é que jamais acreditamos que ele esteja tão
perto.
O QUE É?
É o jogo Baleia Azul “Blue
Whale”. A “brincadeira” que aparentemente é inocente e não desperta a nossa
atenção inicialmente, começa com um convite pelas redes sociais e funciona sob
forma de orientação de desafios a serem seguidos pela criança e/ou adolescente,
por telefone ou pela internet.
O jogo já está por trás de
várias mortes ao redor do mundo. Os participantes envolvidos, espontaneamente
ou não, fazem um pacto com o “curador”. A partir de então são induzidos a
cumprir todos os 50 passos aterrorizantes e que pode ter um desfecho fatal.
Os desafios vão desde metas
simples às mais completas e graves, propondo ações audaciosas e de grande
risco, diariamente. O primeiro passo é a automutilação e o ultimo é a
orientação do sujeito a cometer suicídio.
O QUE FAZER?
A Secretaria Municipal de
Educação está orientando às Unidades Escolares, a respeito da observação e do
cuidado com todos os alunos da Rede Municipal de Ensino, tendo em vista os
comentários sobre este jogo.
Havendo a possibilidade do
envolvimento dos nossos alunos, deverão ser adotados os seguintes procedimentos
após a detecção da situação:
1. Encaminhamento do aluno à
Equipe Técnico Pedagógica e Educacional;
2. Contato com a família para
atuação e parceria com a escola;
3. Encaminhamento do fato a SME
e ao Conselho Tutelar;
4. Manter a discrição do
assunto com o objetivo de preservar o estudante;
5. Acompanhar e orientar a
família ao Sistema Único de Saúde.
Estamos a inteira disposição
para maiores orientações e esclarecimentos.
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