Eleições na
França© image/jpeg Eleições na França
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Panfletos dos candidatos nas
eleições francesas deste domingo.Frexit? O que está em jogo nas eleições da
França
A derrota inédita dos dois
tradicionais partidos de esquerda e direita na eleição na França muda uma configuração
política estabelecida há meio século. A passagem do centrista Emmanuel Macron e
da candidata de extrema-direita Marine Le Pen ao segundo turno apresenta,
segundo especialistas da Sciences Po,
principal think tank político francês, uma nova clivagem entre a
população francesa: os que veem o futuro com otimismo ou pessimismo.
Para Yann Algan, professor e
pesquisador da Sciences Po, o resultado da eleição reflete uma realidade que já
aparecia no radar das pesquisas feitas pela principal escola de ciência
política do país. “Temos duas Franças opostas: uma voltada ao futuro, otimista, encarnada em
Macron, e uma mais raivosa, de Le Pen”, diz Algan, em Paris, pouco após a
divulgação dos primeiros resultados.
É perceptível a decepção que
motivou os novos eleitores do partido Frente Nacional – não aqueles que levaram
o partido ao segundo turno em 2002 com Jean-Marie Le Pen, mas os que levaram
sua filha ao centro da política francesa, este ano.
“Seja em qualquer classe social ou
nível de educação, patrões e empregados, o que une os eleitores de Le Pen é o
pessimismo com uma crise econômica que dura dez anos”, disse Algan na sede da
Sciences Po.
A cientista política Anne Muxel
vai além na definição das novas forças opositoras: “É a França com raiva e a
França que não está com raiva. Entre os que estão com raiva, há não apenas os
eleitores de Le Pen, mas também os da esquerda radical de Jean-Luc Mélanchon.
No final, praticamente metade dos votos do primeiro turno foi o voto com
raiva”, define a pesquisadora.
Na avaliação de Muxel, Macron
acertou mais que Le Pen: “Macron conseguiu fazer passar mensagem de que não é
nem de direita nem de esquerda. E Le Pen se enganou durante a campanha, fazendo
discurso apenas para os convertidos, esquecendo de se abrir para capturar um
novo eleitorado.”
Frente republicana
Os 21,9% obtidos por Marine Le Pen
são considerados por grande parte dos analistas como muito abaixo do esperado,
já que a Frente Nacional alcançou 27%
dos votos na eleição regional de 2015. Apesar disso, muitos acreditam que o
segundo turno não será o massacre verificado em 2002, quando Jacques Chirac
bateu a Frente Nacional com 80% dos votos, após a formação do Bloco Republicano
que uniu direita e esquerda contra Jean-Marie Le Pen.
Ao anunciar o voto em Emmanuel
Macron logo após o anúncio do resultado do primeiro turno, os candidatos da
esquerda e da direita tradicionais, Benoit Hamon com seus 6% dos votos e
François Fillon com 19,7% sinalizam que haverá novamente uma tentativa de
formação desta Frente Republicana contra Frente Nacional. Mas o cenário desta
vez é diferente. Le Pen filha se afastou do discurso de Le Pen pai, que
flertava inclusive com o anti-semitismo e operou a legitimação de seu partido.
Muitos analistas não descartam que
Marine atraia no segundo turno o voto dos desiludidos e radicais em geral,
inclusive da esquerda. Em seu discurso após o anúncio dos resultados, ela
acenou para uma clivagem que soa como música para os ouvidos dos eleitores de
Jean-Luc Mélenchon.
“A grande questão dessa eleição é
a mundialização selvagem”, definiu Le Pen, estabelecendo dois campos: o
daqueles que acreditam no fim das fronteiras e na desregulamentação e aqueles
que querem uma França mais fechada menos liberal. Os 19,2% que apoiaram
Jean-Luc Mélenchon, em grande parte, se encontram no segundo grupo.
A alta votação de Mélenchon, outra
surpresa desta eleição, inaugura o fenômeno do populismo de esquerda na França,
seguindo a ascensão do Podemos na Espanha e o Syriza na Grécia. Ao contrário de
Hamon e Fillon, Mélenchon não orientou seus eleitores a votar por Macron no
segundo turno, mostrando que, ao contrário de 2002, a formação da Frente
Republicana contra a Frente Nacional está longe de ser uma certeza. A pesquisa
feita na sequência do primeiro turno aponta vitória de Macron, 62% a 38%.
VEJA.com
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