© Reuters Sem mencionar datas de encontros, ex-presidente
da Odebrecht afirma que contou
a Graça inicialmente que a
empresa pagara propina ao PMDB e ao PT no caso de um
contrato de US$ 840 milhões
|
O ex-presidente
da Odebrecht Marcelo Odebrecht diz em vídeo que integra o seu acordo de delação
que a ex-presidente Dilma Rousseff e a ex-presidente da Petrobras Graça Foster
sabiam que a empresa pagava propina ao PT e PMDB em contratos da estatal de
petróleo.
"Tudo que
eu contei para Graça eu contei para ela", afirma Marcelo, referindo-se a
Dilma.
Sem mencionar
datas de encontros, Marcelo afirma que contou a Graça inicialmente que a
empresa pagara propina ao PMDB e ao PT no caso de um contrato de US$ 840
milhões que foi acertado com a diretoria internacional da Petrobras em 2010,
controlada por peemedebistas à época.
Ele diz que
Márcio Faria, ex-diretor da Odebrecht, fez o acerto com dois líderes do PMDB: o
Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Em sua delação, Faria afirma Michel
Temer, deputado federal à época, participou da reunião com Cunha e Alves na
qual foi acertada a propina. Temer, no entanto, não pode ser processado
enquanto estiver no exercício da Presidência, segundo a Procuradoria-Geral da
República.
O contrato,
assinado no final da gestão de Sérgio Gabrielli, em 2010, era para prestação de
serviços ambientais em dez países. Como havia uma desconfiança do PT de que o
PMDB levara propina nesse negócio, Graça mandou uma comissão interna da
Petrobras investigar o contrato.
A comissão
determinou que o valor do contrato fosse reduzido para US$ 480 milhões, o
equivalente a 43% do montante original. A Petrobras também mandou o resultado
da investigação ao Ministério Público, e um diretor da Odebrecht começou a ser
investigado, o que enfureceu Marcelo.
Ele diz que
estava em Angola quando recebeu uma ligação de Graça. "Que história é essa
do PAC?", ela teria dito, citando a sigla que designa o contrato (PAC
SMS). "A gente sabe que teve pagamento para o PMDB".
O então
presidente do grupo disse ter procurado Márcio Faria com a seguinte dúvida:
"Foi só o PMDB? Porque eu vou ter problema com a Graça".
Segundo
Marcelo, Faria respondeu: "O PT sabia e também recebeu". Marcelo
afirma que teve uma reunião com Graça no hotel Transamérica, em São Paulo, e
disse a ela: "Não vou mentir para você. O PT sabia. Márcio me disse que
Vaccari sabia e também recebeu uma parte", citando o então tesoureiro do
PT, João Vaccari Neto.
Foi a partir
desse episódio, segundo Marcelo, que "começou o meu desgaste com
Graça". Houve uma troca de e-mails "pesadíssima" entre os dois,
conta Marcelo, e essa correspondência chegou a Dilma. "Eu peguei esses
e-mails e mandei para a presidente".
Dilma marcou
uma reunião na biblioteca do Palácio do Planalto para resolver o conflito, de
acordo com Marcelo. Foi quando ele contou a Dilma o que relatara a Graça.
Dilma, segundo Marcelo, estava desconfiada que Michel Temer, seu vice,
estivesse envolvido com a propina. "Ela queria saber se Michel estava
envolvido" e mandou ele resolver o conflito com Graça.
Marcelo escalou
um diretor da Odebrecht que cuidava da relação com políticos em Brasília,
Claudio Mello Filho, avisar Temer da desconfiança de Dilma. Numa reunião com
Edison Lobão, ministro de Minas e Energia de Dilma, Marcelo diz ter contado
sobre a desconfiança de Dilma em relação a Temer.
O ex-presidente
da empreiteira diz não saber em detalhes os valores do suborno ao PMDB, mas
fala que os "valores envolvidos eram relevantes, R$ 10,2 milhões".
Procurada,
Dilma não quis comentar o depoimento. Graça Foster não quis se pronunciar.
Representantes de Cunha e Eduardo Alves não haviam sido encontrados até as
18h30 para comentar o teor do vídeo. Com informações da Folhapress.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!