O ex-deputado gastou em apenas nove dias US$ 42,2 mil –
equivalente
a aproximadamente R$ 169.545,58 – em
restaurantes,
hotel e lojas de grife no exterior.
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Ao pedir a condenação e o
ressarcimento de US$ 77,5 milhões aos cofres da Petrobras, o Ministério Público
Federal afirmou que o ex-deputado Eduardo Cunha usou dinheiro de propina para
abastecer cartões de crédito e utilizou a expressão "extravagância de
gastos" para se referir aos valores pagos por ele e sua família no
exterior. Lembraram que, embora tivesse um salário de R$ 17.794,76 mensais, o
ex-deputado gastou em apenas nove dias US$ 42,2 mil – equivalente a
aproximadamente R$ 169.545,58 – em restaurantes, hotel e lojas de grife no
exterior.
De acordo com o MPF, Cunha recebeu
propina porque o PMDB havia escolhido o diretor da área Internacional da
Petrobras, Jorge Zelada. Os procuradores afirmam que, ao depor no processo de
Cunha na condição de testemunha, o ex-presidente Lula confirmou a indicação
política de Zelada pelo PMDB e "o loteamento de cargos na administração
pública federal e na Petrobras em troca de apoio político"
Ao ser perguntado quais partidos
tinham participação na indicação de cargos na Petrobras, o ex-presidente
afirmou que eram "todos os partidos que compuseram a base do
governo". Lula explicou ainda que "quando um partido compõe uma
aliança política para governar, todos os partidos que compõem podem reivindicar
ministérios, pode reivindicar cargos, e esses partidos então fazem parte do
governo, era assim que era montado antes, durante e depois, e é assim que é a
montagem agora"
Os procuradores afirmam a Lava-Jato
revelou um dos maiores esquemas de corrupção da "história mundial" ao
apurar que em troca do “apadrinhamento político” executivos da Petrobras pediam
propina às empresas, dividindo o valor com os respectivos “padrinhos” ou o
"partido político responsável pela indicação"
"Tal esquema perdurou por
muitos anos e existem diversas provas que desde 2007 até 2012 a Diretoria
Internacional da Petrobras foi “loteada” pelo governo federal em favor do PMDB,
que durante este período teve como uma das figuras mais proeminentes o acusado
Eduardo Cunha", diz o MPF nas alegações finais apresentadas à Justiça.
Os procuradores afirmam que Cunha
recebeu propina da compra de áreas de exploração em Benin por meio de João
Henriques, apontado como operador do PMDB, e que manteve grandes quantias no
exterior sem declarar no Brasil com o objetivo de ocultar recebimentos
ilícitos.
De 2007 a 2014, as contas
atribuídas a Cunha tiveram saldo acima de US$ 1 milhão nos dias 31 de dezembro,
valores que deveriam ter sido declarados no Brasil. O saldo anual mais recente
é o da conta Netherton, de UD$ 2,3 milhões em 31 de dezembro de 2014.
Para o MPF, ao dizer que o valor
recebido de João Henriques era pagamento de uma dívida do ex-deputado Fernando
Diniz, do PMDB de Minas Gerais, Cunha tentou imputar exclusivamente a
responsabilidade de seus crimes a pessoa já falecida.
Em depoimento a Moro, disse o MPF,
Cunha foi debochado ao dizer porque não admitiu ter recursos no exterior. O
ex-deputado disse que lhe perguntaram se tinha conta, não trust. "No mundo
da política, a gente não fala aquilo que não é perguntado. Não dá a informação
que não seja a informação requerida pelo momento que tá sendo colocado",
disse Cunha ao depor.
Agência O Globo
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