Marcelo
Odebrecht: "Eu não era o dono do governo"
(Heuler
Andrey/AFP)
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Empreiteiro prestou depoimento
nesta quarta em ação contra a chapa Dilma-Temer - e que pode levar à cassação
do atual presidente
Em depoimento prestado à Justiça
Eleitoral nesta quarta-feira, em Curitiba, Marcelo Odebrecht afirmou que
se sentia o “bobo da corte” do governo e demonstrou descontentamento por ter
sido obrigado a entrar em projetos que não desejava e a bancar repasses às
campanhas eleitorais, sem receber as contrapartidas que julgava necessárias.
O ex-presidente da Odebrecht
detalhou que tinha contato frequente com o alto escalão do governo, mas
ressalvou: “Eu não era o dono do governo, eu era o otário do governo. Eu era o
bobo da corte do governo”. No depoimento, ele falou também sobre a
“naturalidade” do caixa 2 em campanha eleitoral, defendeu a legalização do
lobby e deixou claro que a Odebrecht não era a única empresa a usar doações
para conquistar apoio político.
Odebrecht foi ouvido pelo
ministro Herman Benjamin, corregedor-geral da Justiça Eleitoral e relator
da ação no Tribunal Superior Eleitoral que investiga a chapa formada por Dilma
Rousseff e Michel Temer na campanha eleitoral de
2014. O processo pode levar à cassação de Temer.
No mesmo depoimento, o
empreiteiro confirmou que participou de um jantar com o presidente Michel
Temer, no Palácio do Jaburu, em Brasília, em que ele e Temer trataram de
contribuições para a campanha do então vice-presidente, em maio de 2014.
Odebrecht afirmou, no entanto, que o tema foi tratado “de forma genérica” e não
houve um pedido de doação direto feito por Temer.
O jantar e o pedido de doações
foram relatados pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio
Melo Filho em seu acordo de delação premiada com o Ministério Público
Federal. Segundo Melo Filho, o presidente teria solicitado ao empreiteiro
10 milhões de reais em doações a campanhas do PMDB, valor que teria sido
repassado por meio do ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da
campanha ao governo de São Paulo de Paulo Skaf.
(Com Estadão Conteúdo e
Reuters)
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