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por Estadão O ex-executivo da Odebrecht
Benedicto Júnior, em 2010
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O ex-executivo da Odebrecht
Benedicto Júnior disse que a empreiteira usou o Grupo Petrópolis, da cervejaria
Itaipava, para doar R$ 40 milhões a campanhas de partidos da base da chapa
Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014, segundo relatos obtidos pelo Estado.
O empreiteiro Marcelo Odebrecht também afirmou que a Itaipava foi usada como
“laranja” pela Odebrecht para fazer doações oficiais.
Benedicto Júnior depôs nesta
quinta-feira, 2, à Justiça Eleitoral, na ação que apura abuso de poder
econômico pela chapa Dilma-Temer. O depoimento de Marcelo Odebrecht na mesma
ação foi prestado nesta quarta-feira, 1.º. Na audiência desta quinta-feira,
Benedicto Júnior, o BJ, não detalhou a discriminação do repasse de R$ 40
milhões às campanhas.
Ex-presidente da construtora
Odebrecht, Benedicto Júnior disse que usava as empresas do Grupo Petrópolis
porque o grupo Odebrecht não queria ser listado como a maior doadora a
políticos. Já Marcelo Odebrecht afirmou que “usava muito” a Itaipava para fazer
doações eleitorais sem que o nome da empreiteira se tornasse público e, depois,
“procurava um jeito” de reembolsar a cervejaria.
Em dezembro, o Estado revelou
que a Odebrecht detalhou no acordo de delação como as empresas dos donos da
cervejaria eram usadas pela empreiteira para distribuir dinheiro a políticos
por meio de doações e entregas de dinheiro em espécie.
Um dos delatores da Odebrecht
mencionou que a empreiteira depositou ao menos R$ 100 milhões em uma conta
operada pelo contador do Grupo Petrópolis em banco no exterior e construiu
fábricas para a cervejaria em troca da disponibilidade de dinheiro no Brasil em
doações eleitorais e também pagamentos de propina.
Planilhas. Em março do
ano passado, foram encontradas planilhas na casa de BJ que mostravam a ligação
da empreiteira com a cervejaria. Os números apontavam que doações por
intermédio da Itaipava teriam superado R$ 30 milhões a 13 partidos, entre eles
PT, PMDB e PSDB. Quando o conteúdo das planilhas foi revelado, políticos
citados nas listas como beneficiários de doações negaram ter recebido recursos
de forma irregular da Odebrecht.
Ao justificar as doações da
empreiteira, no entanto, alguns deles, como o presidente nacional do PSDB,
senador Aécio Neves (MG), o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) e o
hoje ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), apresentaram recibos de doações
oficiais em nome das empresas Leyroz de Caxias ou da Praiamar, ligadas ao Grupo
Petrópolis.
Em dezembro, quando negociavam o
acordo de colaboração com a Justiça, executivos e ex-executivos da Odebrecht
prometeram entregar mais planilhas das contribuições eleitorais executadas pelo
Grupo Petrópolis. Naquele momento, a Lava Jato já havia identificado que
executivos ligados à Odebrecht e o grupo eram sócios no banco Meinl Bank
Antígua, usado pela empreiteira baiana, segundo as investigações, para operar
propina.
Defesas. Procurada na
noite desta quinta-feira pelo Estado, a Itaipava não foi localizada
para comentar a suposta doação de R$ 40 milhões a partidos. Em outras
manifestações, a empresa tem afirmado que “todas as doações feitas pelo Grupo
Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão registradas”.
O advogado do presidente Michel
Temer, Gustavo Guedes, reafirmou nesta quinta-feira que o presidente Michel
Temer responde apenas por sua própria atuação na campanha e que, nela, não
houve ilicitude. Responsável pela defesa de Dilma Rousseff, Flávio Caetano
disse que ela jamais pediu qualquer doação que não fosse legal. “Não houve
nenhuma propina na campanha, principalmente vinda da Odebrecht”, afirmou.
Entre os políticos citados como
beneficiários de doações da Itaipava que teriam sido usadas para “disfarçar”
repasses da Odebrecht, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) negou irregularidades.
“As doações realizadas pelas empresas Leyroz e Praiamar encontram-se declaradas
na prestação de contas.” Roberto Freire afirmou que a referência a seu nome
“tem justificativa apenas pelo exercício à frente da presidência do PPS naquele
momento”. O ex-ministro Aloizio Mercadante não foi localizado. /
COLABORARAM MARIANA DURÃO e VINICIUS NEDER
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