© image/jpeg Alexandre
de Moraes, ministro licenciado, visita
Renan Calheiros, líder do PMDB no senado
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Desde que se licenciou do
Ministério da Justiça, Alexandre de Moraes, o escolhido pelo
presidente Michel Temer para a vaga aberta no Supremo
Tribunal Federal (STF) com a morte do ministro Teori Zavascki, tem
como principal ocupação peregrinar pelo Senado, onde a sorte de sua nomeação
será definida – primeiro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois
no plenário.
A estratégia de Moraes, mero
reflexo do rito da indicação dos ministros ao STF, não foi inventada pelo
ex-tucano, ex-peemedebista e ex-democrata, que não deve encontrar na Casa
grandes dificuldades para vestir a toga. O beija-mão, no entanto, não deixa de
escancarar o cenário contraditório em que senadores investigados em inquéritos
sob responsabilidade do Supremo participam da escolha de um juiz que deve
julgá-los em breve.
No primeiro ato da peregrinação,
há uma semana, Moraes entregou seu currículo ao presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), acusado por um delator da Odebrecht de embolsar 2,1 milhões
de reais em propina, e declarou que buscaria conversas com os 81 senadores. Se
a promessa for cumprida, ao final de suas andanças pela Casa, Moraes terá feito
corpo a corpo com treze alvos de inquéritos da Operação Lava Jato –
somente na CCJ, que irá sabatiná-lo, há dez deles. Até agora, o ministro
licenciado conversou com quatro.
Entre os oito senadores a bordo da
chalana Champanhe, atracada na casa do senador Wilder Morais (PP-GO), durante a “sabatina informal” a Moraes, na terça-feira da
semana passada, estava Benedito de Lira (PP-AL). Ele e o filho, o deputado
Arthur Lira (PP-AL), foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República
(PGR) ao STF em setembro de 2015 pelos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro no escândalo da Petrobrás. A denúncia, que pede cassação dos
mandatos de pai e filho, ainda não foi analisada pelo Supremo, onde correm
outros dois inquéritos contra Benedito Lira.
Edison Lobão (PMDB-MA), eleito
presidente da CCJ sob as bênçãos dos caciques do PMDB, também recebeu Moraes.
Lobão, que aparece abraçado ao candidato ao STF em fotos do encontro, é
investigado em dois inquéritos da Lava Jato na Corte. As apurações miram
corrupção em contratos da Petrobras e do setor elétrico à época em que o
peemedebista foi ministro de Minas e Energia nos governos dos ex-presidentes
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2008 e 2010 e 2011 e 2014.
Denunciado pela PGR por
supostamente ter embolsado 29 milhões de reais em propina retirada
de contratos da BR Distribuidora, o senador e ex-presidente Fernando
Collor de Melo (PTC-AL) também já teve contato com Moraes. Collor
estava entre os senadores a quem o ministro licenciado da Justiça disse ontem,
durante almoço, ser contrário às prisões “ad eternum” da Lava Jato.
Além da denúncia apresentada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda não apreciada
pelo STF, Collor é alvo de outros cinco inquéritos da Lava Jato no Supremo.
Ainda ontem, Moraes posou para
fotos ao lado do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Investigado em nove inquéritos do escândalo da Petrobrás no STF e réu por peculato no caso em que a empreiteira
Mendes Júnior pagou pensão a uma filha sua fora do casamento, Renan aproveitou
o encontro para dizer que as arestas entre ele e o futuro ministro ficaram para
trás.
Em outubro de 2016, o então
presidente do Senado afirmou que Moraes, à época ministro da Justiça, “no
máximo, tem se portado como um ministro circunstancial de governo, chefete
de polícia”. Renan estava contrariado pela Operação Métis, em que policiais
federais cumpriram mandados de busca e apreensão no Senado.
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