Adriana Ancelmo e o marido, Sérgio Cabral
(Vera Donato/Estadão Conteúdo)
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Uma delas, a Antônio Bernardo,
tentou esconder algumas compras feitas por Cabral e sua mulher, a advogada
Adriana Ancelmo
“Em relação à
possível conivência com o esquema de lavagem de dinheiro praticado, estamos
abrindo investigações que vão correr em paralelo sobre essas joalherias. Nada
do que está fora dessa denúncia feita agora significa que não vai continuar
sendo objeto de investigação”, afirmou o procurador Lauro Coelho Júnior, do MPF
do Rio de Janeiro. “Há indícios que houve parceria e conivência das joalherias”,
completou o também procurador José Augusto Vagos.
Somente na
Antonio Bernardo, localizada no Shopping da Gávea, na Zona Sul da cidade,
Cabral adquiriu, desde 2000, 114 jóias, totalizando mais de 3,8 milhões de
reais. De acordo com o MPF, 80% das compras foram feitas no período em que
governou o Rio de Janeiro (2007-2014), sempre registradas com o codinome ‘Ramos
Filho’, referência a um de seus principais assessores, Pedro Ramos.
Adriana Ancelmo,
que nos cadastros da empresa era “Lourdinha”, comprou 75 jóias, totalizando
853.000 reais, enquanto Carlos Miranda, assessor do ex-governador, identificado
como “João Cabra”, é o comprador de 81 jóias avaliadas em 440.000 reais. Na H.
Stern o esquema funcionava de maneira semelhante. Mas, 24 horas depois de
Cabral foi preso, a joalheria decidiu emitir as notas fiscais.
“A Antonio
Bernardo demorou a entregar os comprovantes de compras e, quando fez, não
entregou a lista completa. Só quando fizemos uma outra busca e apreensão é que
foi descoberto tudo, a vinculação no cadastro da loja com nomes fictícios.
Este, aliás, é um elemento muito forte de lavagem”, disse o delegado Tácio
Muzzi.
Nas buscas feitas
pela PF no mês passado, cerca de 40 peças foram apreendidas no apartamento de
Cabral, no Leblon. Ontem, a polícia voltou ao local e havia mais 100, de
um total de 460 rastreadas.
A análise do
esquema de lavagem de dinheiro com a compra de jóias revela também algumas
excentricidades da família Cabral. Em abril de 2014, o ex-governador gastou 1
milhão de reais em espécie para comprar um conjunto de brincos e um anel de
rubi em comemoração aos dez anos de casamento. Em 18 de julho de 2012, Cabral
já havia desembolsado dez cheques de 100.000 reais, através da conta de Carlos
Miranda, para dar à esposa, que completava 42 anos, um anel Mozart com
Turmalina Paraíba, um colar Blue Paradise e um par de brincos Espeto Turmalina.
Lourdinha
(referência ao nome da primeira dama, Adriana Lourdes Ancelmo) era uma cliente
tão especial da Antonio Bernardo que, em 25 de agosto de 2008, ela deu oito
cheques de 25.000 reais cada – em nome de seu escritório de advocacia – para
arrematar por 200.000 reais uma peça exclusiva que levou seu nome: “Brinco
Fascínio Especial – Adriana A”.
Presa ontem à
tarde depois que o juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara Criminal Federal
aceitou a denúncia do MPF, Adriana está em uma das nove celas individuais no
presídio feminino Joaquim Teixeira, em Bangu. Para os procuradores, a
necessidade da prisão da ex-primeira-dama, além de tudo o que já havia sido
relatado, ficou comprovadamente necessária com a busca e apreensão feita em seu
apartamento: “Mesmo com as contas e bens bloqueados, a PF encontrou mais de
50.000 reais. Isso mostra que eles continuam a movimentar grandes quantias em
espécie”, finalizou o procurador Eduardo El-Hage.
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