Manifestante
protesta em frente ao hotel Trump em Las Vegas,
na quarta-feira (19) (Foto: Jim
Urquhart/Reuters)
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'A marca Trump permanece
incrivelmente sólida', contestou porta-voz. Trump se envolveu em polêmicas com
mulheres, militares e imigrantes.
As reiteradas controvérsias
geradas pelo candidato presidencial americano Donald Trump não criam obstáculos
apenas em sua corrida rumo à Casa Branca, mas também podem fragilizar seu
império econômico ao atingir seu bem mais precioso: sua marca.
Estampada em frente aos seus
edifícios de luxo e cassinos, em camisas e cortes de carnes, a marca Trump é a
base na qual funciona atualmente a empresa que permitiu que o magnata
acumulasse uma fortuna de bilhões de dólares.
Mas o personagem mudou de caráter:
depois de ter encarnado uma história de êxitos, conduz uma campanha rumo à Casa
Branca que pode motivar uma fuga de clientes, preocupados por suas constantes
polêmicas com mulheres, militares ou imigrantes.
"É o início do fim para
Donald Trump, não apenas em sua corrida em direção à Casa Branca, mas também
para sua marca, suas propriedades e seus negócios", afirmou recentemente o
multimilionário Mark Cuban, um fervoroso defensor de Hillary Clinton.
Na opinião de Cuban, a
deterioração da marca Trump é de tal natureza que o empresário Bernie Madoff -
detido por fraude - "tem agora uma marca melhor".
Contactado pela AFP, um porta-voz
da Organização Trump, que reúne todas as atividades empresariais do agora
candidato presidencial, rejeitou o sombrio diagnóstico de Cuban.
"A marca Trump permanece
incrivelmente sólida e experimentamos um enorme êxito em todos os nossos
setores de atividade", expressou o porta-voz.
Como a empresa de Trump não
negocia ações na bolsa, se torna difícil determinar com exatidão se os
investidores e clientes já iniciaram um recuo, mas são verificados sinais
inquietantes.
Aberto em setembro passado em meio
a protestos, o novo Hotel Trump em Washington não conseguiu atingir sua plena
capacidade e segundo diversos meios de comunicação precisou oferecer descontos.
Mickael Damelincourt, diretor do
hotel, afirmou em seu e-mail enviado à AFP que este cenário não é verdadeiro.
"Com 10 anos de experiência
nos Hotéis Trump, posso dizer com tranquilidade que a abertura (do
estabelecimento em Washington) foi o maior êxito em termos de reservas",
disse.
Mas, de qualquer forma, a
controvérsia não se limita a Washington.
Uma pesquisa realizada em abril pela
revista especializada Forbes indicou que cerca da metade dos 500 milionários
consultados afirmou que evitariam os hotéis e os campos de golfe Trump nos
próximos anos.
Sem associação positiva
Enquanto isso, de acordo com um
estudo do promotor imobiliário Redfin, os apartamentos de luxo das torres Trump
- um segmento central na operação do grupo - são negociados ao preço de
mercado, sendo que há um ano eram 7% mais caros que outros bens comparáveis.
"A marca Trump estava
realmente associada ao luxo e a um nível que eram suficientes para justificar
um custo adicional no mercado. Mas esta associação positiva desapareceu",
disse à AFP Nela Richardson, economista-chefe de Redfin.
Richardson afirmou que
"ocorreram situações que mancharam a marca Trump" e por isso é
razoável pensar que poderão esfriar o entusiasmo de compradores estrangeiros ou
fazer com que estejam menos dispostos a pagar este sobrepreço.
Em especial, as constantes
diatribes de Trump contra a China podem ter um efeito direto sobre seus
negócios, já que os chineses formam a maior parte da demanda pelos apartamentos
de luxo.
Além disso, o mercado por estes
apartamentos de luxo já é, por si só, "muito pequeno".
De acordo com diversos estudos, o
contingente principal dos eleitores de Trump nas atuais eleições americanas
está em setores populares, de forma que a empresa não poderá compensar com eles
as perdas registradas nos negócios.
Para Merry Carole Powers, autora
de um bem-sucedido livro sobre estratégias de mercado, nos Estados Unidos
muitas marcas conseguiram se reconstruir depois de graves crises, seja por
acidentes ambientais ou controvérsias políticas.
No entanto, o caso de Trump não
tem precedentes, acrescentou.
"Em geral, quando uma marca
fica exposta em uma situação de relações públicas ruim, é por um acidente.
Estas empresas não pretendiam que isso ocorresse", disse à AFP.
Trump, no entanto,
"claramente está dizendo 'Não me importa o que você pensa'. Jamais vimos
uma marca agir desta forma", concluiu Powers.
Da France Presse
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