Antonio
Palocci foi preso pela Operação Lava Jato na última
segunda-feira
(26) suspeito de receber propina do Grupo Odebrecht
(Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters)
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MPF quer investigar evolução
patrimonial do ex-ministro entre 2006 e 2010. O G1 não conseguiu contato com a
defesa do ex-chefe da Casa Civil.
Antonio Palocci foi preso pela
Operação Lava Jato na última segunda-feira (26) suspeito de receber propina do
Grupo Odebrecht (Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters)
Preso pela Operação Lava Jato, o
ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antonio Palocci(PT)
é alvo no Distrito Federal de duas investigações de improbidade administrativa
por suspeita de enriquecimento ilícito. Os procedimentos foram instaurados no
começo do mês pela Procuradoria da República no DF para apurar dois contratos
firmados pela Projeto Consultoria, Financeira e Econômica, empresa de Palocci.
Palloci foi
preso na manhã desta segunda (26) na 35ª fase da Operação Lava
Jato, batizada de Omertà, em referência a um código de honra da máfia italiana,
que fazia um voto de silêncio perante autoridades.
O Ministério Público Federal do
Paraná acusa o ex-ministro de ter
seguido negociando propinas pagas pelo Grupo Odebrechtmesmo fora do
governo.
Os procuradores da República do DF
irão apurar a evolução patrimonial do ex-ministro entre 2006 e 2010. No
primeiro ano do governo Dilma Rousseff,
em 2011, Palocci se viu obrigado a pedir demissão depois que veio à tona a
informação de que o patrimônio dele cresceu 20 vezes no período do segundo
mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva (2007-2010).
Ele comandou o Ministério da
Fazenda durante quase todo o primeiro mandato de Lula (2003-2006), mas foi atingido
pelo escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, que
testemunhou visitas de Palocci a uma casa de lobby e encontros em Brasília.
Francenildo teve o sigilo bancário
quebrado e Palocci chegou a ser apontado como suspeito de violar a conta
bancária do caseiro. O ministro deixou o governo em 2006 e, logo depois, se
elegeu deputado federal.
Em 2011, o Ministério
Público Federal chegou a abrir uma investigação criminal para
apurar as suspeitas de enriquecimento ilícito de Palocci, mas o procedimento
acabou arquivado na Procuradoria Geral da República.
Depois, em razão de novos indícios
contra o ex-ministro, houve pedido de reabertura da apuração, que acabou sem
andamento por anos em razão de uma disputa em torno da competência, dentro do
MP, para investigar o caso.
No ano passado, a Quinta Câmara da
Procuradoria Geral da República entendeu que a apuração deveria ser conduzida
pelo Núcleo de Combate à Corrupção da PR-DF.
As suspeitas investigadas
Responsável pela investigação, o procurador da República Frederico Paiva decidiu, em 5 de setembro, abrir duas apurações. Uma delas tem como foco averiguar contrato da empresa de consultoria de Palocci com o escritório do criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu em 2014.
Responsável pela investigação, o procurador da República Frederico Paiva decidiu, em 5 de setembro, abrir duas apurações. Uma delas tem como foco averiguar contrato da empresa de consultoria de Palocci com o escritório do criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu em 2014.
De acordo com as investigações,
Márcio Thomaz Bastos teria recebido R$ 8 milhões do grupo Pão de Açúcar em um
contrato de consultoria e teria repassado R$ 3,5 milhões para a Projeto
Consultoria.
O MPF afirma que o escritório do
criminalista e o grupo Pão de Açúcar não conseguiram comprovar a prestação de
serviço. A suspeita é de que o contrato teria sido assinado para mascarar o
repasse de propina a Palocci, em troca da influência do ex-ministro no processo
de fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia.
Agora, os procuradores da
República querem saber se essas empresas foram contratadas somente por conta da
influência que o ex-chefe da Casa ainda mantinha no governo federal e checar se
os serviços foram realmente prestados.
A outra investigação de
enriquecimento ilícito se baseia em suspeitas em torno de contrato firmado
entre a Projeto Consultoria com o Grupo Caoa, representante da Hyundai no
Brasil e investigado por suspeita de compra de medidas provisórias e portarias
nos governos Lula e Dilma.
Para os procuradores da República,
o contrato entre a empresa de Palocci teria sido assinado para dar ares de
legalidade a uma suposta propina paga ao ex-ministro em troca de seu atuação
para aprovar a medida provisória 512, de 2010.
A MP, alvo
de investigação das operações Zelotes e Acrônimo, da Polícia Federal,
concedeu um crédito a fábricas de veículos automotores e de carrocerias, de
peças e pneus instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste equivalente
ao valor que essas empresas deviam de Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI).
As duas apurações sobre a evolução
patrimonial de Palocci estavam em meio a uma série de suspeitas em torno do
ex-ministro, mas, ao contrário de vários procedimentos que foram arquivados na
última quinta (22), foram separados para ter prosseguimento. As investigações
serão redistribuídas a procuradores da República no Distrito Federal.
Até o momento, os procedimentos
investigatórios instaurados neste mês no Distrito Federal ainda não foram
distribuídos para nenhum procurador para serem iniciados efetivamente.
O que dizem os suspeitos
O G1 tentou contato com a defesa de Palocci para falar sobre as duas novas investigações na Procuradoria do DF, mas não conseguiu localizar o advogado.
O G1 tentou contato com a defesa de Palocci para falar sobre as duas novas investigações na Procuradoria do DF, mas não conseguiu localizar o advogado.
No ano passado, quando surgiu a
informação de que a Operação Zelotes investigava a edição da medida provisória
que beneficiou as montadoras automobilísticas, o Grupo Caoa negou, por
meio de nota, envolvimento no suposto esquema de corrupção.
Na ocasião, a representante da
Hyundai no Brasil disse que "jamais contratou qualquer pessoa física ou
jurídica ou pagou qualquer importância para a aprovação de medidas
provisórias", especialmente, as que são alvo da operação da Polícia Federal.
Da TV Globo, em Brasília
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