O deputado
Rodrigo Maia (DEM-RJ) comemora sua eleição
para
presidente da Câmara.(Jorge William / Agência O Globo)
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DEM volta a ocupar o posto após 13
anos com nome apoiado pelos principais partidos da base de Temer. E também pelo
Planalto
Já era madrugada desta quinta-feira
quando o painel eletrônico da Câmara dos Deputados finalmente anunciou o nome
daquele que comandará a Casa pelos próximos sete meses: o democrata Rodrigo
Maia (RJ) foi eleito em segundo turno com 285 votos. O deputado do DEM venceu a
disputa contra Rogério Rosso (PSD-DF), que teve 170 votos. O outro favorito,
Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro de Dilma Rousseff e apoiado pelo PT,
ficou de fora, tendo recebido apenas 70 votos no primeiro turno. A poderosa
cadeira coloca Maia no posto de substituto do presidente interino Michel Temer
quando este se ausentar do país.
No discurso antes do segundo
turno, Maia defendeu a independência da Câmara e falou em “acabar com o império
dos líderes”. “Os lideres são fundamentais, mas não são os únicos que têm
direito à palavra. Cada um de nós tem direito a usar esse microfone. Vamos
devolver ao plenário a sua soberania”, afirmou. Depois de confirmada a vitória,
o deputado tomou posse imediatamente como presidente da Câmara, agradeceu
à família e chorou.
Maia obteve apoio do PSDB, PPS,
DEM, PSB e contava também com a simpatia do Palácio do Planalto. Publicamente,
o presidente interino Michel Temer manteve o discurso protocolar de que não
pode interferir na definição do sucessor de Cunha, embora tenha operado diretamente
para evitar a todo custo a vitória de Marcelo Castro.
A cautela é justificada pela
necessidade de Temer implementar e ver aprovadas com urgência no Congresso
medidas de seu governo interino. E de resto sepultar o risco de prosperar um
pedido de impeachment contra ele – o tema adormeceu nas mãos do presidente
Waldir Maranhão (PP-MA), a despeito da ordem do Supremo Tribunal Federal (STF)
para que o processo seguisse adiante.
Maia trabalhou arduamente pelo
afastamento de Dilma Rousseff, ao contrário de Marcelo Castro, que votou contra
o impeachment da petista. Maia não responde a processos no STF, mas teve seu
nome envolvido na Operação Lava Jato após aparecer em troca de mensagem de Léo
Pinheiro, da OAS, pedindo doações. O deputado é alvo de um pedido de inquérito
da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Já o diagnóstico de
enfraquecimento do favoritismo do segundo colocado Rosso se deve essencialmente
à pulverização de candidatos do maior bloco partidário na Câmara, que buscam no
mandato-tampão nacos de influência para projetos pessoais de poder, ainda que
todos sejam da base de sustentação do governo provisório de Michel Temer.
Para além do amplo racha entre
partidos alinhados a Temer, os indícios de desidratação da candidatura de Rosso
são creditados também às revelações feitas por VEJA de que duas testemunhas
assistiram ao vídeo em que o deputado aparece recebendo propina do
ex-secretário do governo do Distrito Federal Durval Barbosa, delator da
Operação Caixa de Pandora e responsável pelo escândalo do mensalão do DEM no
DF. Na festa de aniversário do ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) nesta
terça-feira, um dos temores de apoiadores de Rosso era o de que o vídeo viesse
à tona a qualquer momento e eles sofressem desgaste por ter apoiado um parlamentar
que poderia ser confrontado com imagens em que embolsaria propina.
A vitória de Maia recoloca o DEM
no comando da Câmara dos Deputados pela primeira vez em treze anos: o último
nome do partido a comandar o posto foi Efraim de Moraes, entre 2002 e 2003. E
representa uma vitória da articulação do Planalto – um cenário muito diferente
do que se viu em fevereiro do ano passado, quando Eduardo Cunha derrotou o
petista Arlindo Chinaglia (SP) com acachapantes 267 votos. O resto é história.
Veja.com
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