Novo
presidente da ABDI quer aproximar indústria
de startups.©
Fornecido por Estadão
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Na Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), viagens ao exterior davam direito a diárias
de US$ 700 ou € 700, independentemente do destino. Os funcionários também
viajavam de classe executiva até para locais próximos, como Buenos Aires.
Nessas viagens, algumas autoridades levavam até a secretária.
A gastança, segundo o novo
presidente da agência, Luiz Augusto de Souza Ferreira, ocorreu principalmente
na gestão de Alessandro Teixeira, que esteve à frente da ABDI entre fevereiro
de 2015 e abril de 2016, quando foi nomeado ministro do Turismo pela presidente
afastada Dilma Rousseff e ficou conhecido nas redes sociais por ser casado com
a miss bumbum Miami 2013, Milena Santos. A tia de Milena trabalhava na ABDI.
“Nem sei como gastavam isso tudo”,
disse Ferreira ao Estado. Segundo ele, as diárias já foram cortadas pela metade
e os voos em classe executiva, proibidos para deslocamentos com duração
inferior a 12 horas sem interrupção.
Os gastos com pessoal da agência
tomavam 60% do orçamento de R$ 92 milhões anuais. “Se fosse uma empresa
privada, estaria quebrada”, comentou. Com a demissão de 37 funcionários, seis
deles com os mais altos salários, de R$ 25 mil por mês, a despesa baixou para
43% do orçamento e a meta é chegar a 37% até o final de agosto.
“Era um grau de aparelhamento
muito grande”, disse o presidente, que contou já estar sofrendo oposição dentro
da agência por causa dessas medidas. “Tinha gente do PT, do PMDB, mas 80% eram
ligados ao Alessandro, da miss bumbum”, afirmou. Procurado, Teixeira não quis
comentar.
Além de cortar despesas para, no
seu entendimento, restaurar um padrão esperado pela sociedade na administração
pública, Ferreira adotou como principal linha de seu trabalho a aproximação
entre a indústria e as startups. A ideia é lançar um programa, ainda em agosto,
para selecionar startups que tenham projetos úteis para a indústria. “Não são
só boas ideias, são coisas que estejam funcionando”, frisou.
A partir daí, quer fazer uma ponte
com as empresas. “Hoje, elas não se falam: o pessoal das startups acha que a
indústria é velha, os industriais acham que as startups só fazem jogos para
videogame.”
Para convencer as indústrias a
adotar inovações, a ideia é bancar pilotos dentro das próprias empresas “para
mostrar que funciona mesmo”. Os recursos para isso, explicou, podem vir de
fundos. Ele pretende estruturar um fundo privado, inicialmente de R$ 150
milhões, para financiar essa aproximação entre a indústria e a ponta inovadora.
Dentro do governo, a ABDI também
vai defender que sejam suspensas as fiscalizações que o Ministério do Trabalho
faz em indústrias com base na Norma Regulamentadora (NR)12, um conjunto de
regras sobre segurança em operação de equipamentos duramente criticadas pela
indústria.
“A NR12 é idiossincrática, só tem
no Brasil”, disse Ferreira. “Ela encarece o custo dos equipamentos em pelo
menos 15%”, disse. O presidente da agência afirmou que “há boa vontade” por
parte do Ministério do Trabalho em discutir a questão. “Não se pode precarizar
as condições de trabalho, mas se o custo for muito elevado a indústria vai
demitir.”
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