'Mas Renan
não é da situação?', emissário teria questionado Youssef.
'Ceará, tem
que ter dinheiro para resolver', teria respondido o doleiro
(Wilson
Dias/Agência Brasil)
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Emissário de Alberto Youssef diz
que doleiro citou "várias vezes" o nome do peemedebista
Em delação premiada, Carlos
Alexandre de Souza Rocha, um dos entregadores de dinheiro de Alberto Youssef,
afirma que o doleiro mencionou pagamentos ao presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL). Rocha, conhecido como Ceará, disse que "várias
vezes" ouviu Youssef falar no nome do peemedebista. Em uma delas, Youssef
teria dito que repassaria 2 milhões de reais a Calheiros para evitar a
instalação de uma CPI da Petrobras.
O entregador de dinheiro
recapitulou a conversa com o doleiro sem precisar quando teria ocorrido nem
confirmar se o pagamento foi feito. "Mas Renan Calheiros não é da
situação?", Ceará teria perguntado a Youssef. "Ceará, tem que ter
dinheiro para resolver", o doleiro teria respondido. De acordo com ele, a
CPI não foi instalada naquela ocasião. Renan Calheiros já é alvo de seis
inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) ligados à investigação do esquema
de corrupção da Petrobras.
Entrega em Maceió - No depoimento
à Procuradoria-Geral da República, Rocha também menciona uma entrega de R$ 1
milhão em Maceió, Alagoas - estado de Calheiros. Depois de toda a operação, que
envolvia retirada de dinheiro em Recife (PE) e entrega em Alagoas, Youssef
teria dito a Ceará que o dinheiro seria destinado a Renan Calheiros. O dinheiro
foi entregue em duas parcelas em um saguão de hotel, a um homem que o emissário
de Youssef não soube identificar.
Ao chegar em São Paulo, irritado
com a pressão do doleiro para que a entrega fosse feita depressa, o delator
perguntou a Youssef quem iria receber o R$ 1 milhão levado a Maceió. "Que
Alberto Youssef respondeu ao declarante em alto e bom som: 'O dinheiro era para
Renan Calheiros'", disse o delator aos investigadores da Lava Jato, sobre
a resposta de Youssef.
A terceira menção a Calheiros
feita pelo delator cita uma operação de venda da empresa Marsans, adquirida por
Youssef, a um fundo de pensão. De acordo com o entregador de dinheiro de
Youssef, o doleiro disse que "havia a participação de Renan Calheiros
nessa operação". Ele não soube precisar aos investigadores, no entanto,
detalhes do caso e afirmou que em 2014 Youssef chegou a viajar a Brasília para
conversar com o peemedebista a respeito, mas não conseguiu falar com o senador.
Os depoimentos de Ceará foram
prestados entre o final de junho e o início de julho deste ano, na
Procuradoria-Geral da República. As declarações foram mantidas sob sigilo até
este mês, quando o relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, retirou
o segredo da documentação. A defesa de Calheiros afirmou que não teve acesso
ainda ao depoimento e que o senador prestará esclarecimentos quando tiver a
delação em mãos. O advogado de Calheiros, Eugênio Pacelli, disse ainda que
"tais declarações do delator são de uma inconsistência que falam por
si".
Aécio - Reportagem publicada nesta
quarta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo informa que Rocha também disse em
delação premiada ter levado R$ 300 mil a um diretor da UTC Engenharia no Rio de
Janeiro, que, por sua vez, repassaria a quantia ao senador Aécio Neves
(PSDB-MG). Rocha afirmou que o repasse foi feito no segundo semestre de 2013.
Conforme a reportagem, ele afirmou que naquele ano fez quatro entregas a um
diretor da UTC chamado Miranda, no Rio.
Em seus depoimentos, o presidente
da UTC, Ricardo Pessoa, nunca mencionou o nome do senador tucano. O doleiro
Alberto Yousseff, pivô da Operação Lava Jato, também não citou o tucano. Em
nota, a assessoria de Aécio Neves classificou a afirmação como "absurda e
irresponsável", "cuja intenção é constranger o PSDB, confundir a
opinião pública e desviar o foco das investigações".
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