Prédios da
Vila Olímpica do Rio de Janeiro
(REUTERS/Sergio
Moraes)
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Os integrantes da operação Lava
Jato pretendem investigar contratos de obras relacionadas aos Jogos Olímpicos
de 2016 no Rio de Janeiro, que chegam a cerca de 40 bilhões de reais, afirmou
um delegado da Polícia Federal que está à frente das operações.
A PF acredita que algumas das
empreiteiras sob investigação por fazerem parte de um esquema de corrupção em
obras da Petrobras "muito provavelmente" cometeram irregularidades
como acerto de preços e pagamento de propina para obter contratos de
construções olímpicas, segundo o delegado Igor Romário de Paula.
"Em todas as situações em que
alguma investigação foi feita nas contratações dessas empresas esse modelo de
corrupção se repetiu", disse o delegado à Reuters em entrevista por
telefone. "É possível que tenha se repetido também para as obras da
Olimpíada de 2016", afirmou, acrescentando que a possibilidade será investigada
"na sequência", sem estipular prazo.
Até agora, segundo o delegado, não
existem provas de crimes relacionados a obras dos Jogos Olímpicos.
Os investigadores, disse ele,
ainda estão concentrados no foco principal da Lava Jato, que investiga esquema
de corrupção na Petrobras envolvendo empreiteiras, com o pagamento de propinas
para executivos da estatal e políticos em troca de vitórias nas licitações.
Das cerca de 30 empresas sendo
investigadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), cinco estão construindo a
maior parte das instalações esportivas e de infraestrutura dos Jogos, ao custo
de quase 40 bilhões de reais.
A Odebrecht [ODBES.UL], maior
empreiteira da América Latina, está envolvida em mais da metade dos projetos
olímpicos no tocante ao valor, de acordo com contratos vistos pela Reuters. O
executivo Marcelo Odebrecht, presidente da companhia e neto de seu fundador,
está preso desde junho e sob julgamento por acusação de corrupção no caso
Petrobras.
As outras quatro construtoras
envolvidas na maior parte do restante das obras olímpicas são OAS [OAS.UL],
Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Carioca Christiani Nielsen Engenharia.
O presidente da OAS, José
Aldemário Pinheiro Filho, foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão em
agosto em função das acusações de corrupção no inquérito da Petrobras.
Executivos da Andrade Gutierrez e da Queiroz Galvão foram postos em prisão
preventiva e também enfrentam denúncias de corrupção.
Odebrecht e Andrade Gutierrez se
recusaram a comentar as declarações do delegado sobre investigação envolvendo
os Jogos. As outras empresas não responderam a pedidos por comentários.
A realização de uma Olimpíada
segura e livre de escândalos é importante para o Brasil, que enfrenta um
momento de inúmeras denúncias de corrupção e passa por uma recessão econômica.
O prefeito do Rio de Janeiro,
Eduardo Paes (PMDB), vem repetindo que a Olimpíada pode ser um exemplo para o
mundo de como o Brasil é capaz de realizar um evento bem-sucedido e livre de
problemas de corrupção.
A Prefeitura do Rio está
supervisionando a maior parte dos projetos de construção, embora alguns sejam
financiados pelos governos federal ou estadual, e o comitê organizador Rio 2016
esteja tratando de estruturas temporárias.
Procurada pela Reuters, a
prefeitura disse que todos os contratos são transparentes e se colocou à
disposição das autoridades para qualquer esclarecimento.
O delegado Igor Romário de Paula,
que faz parte da equipe de investigadores da Lava Jato sediada em Curitiba,
disse ainda que a PF pretende continuar a expandir a investigação para além da
Petrobras, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha desmembrado partes
do inquérito não diretamente relacionadas com a estatal e encaminhado a outros
Estados.
O Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) e outros departamentos de infraestrutura
do governo também são alvos em potencial dos investigadores, segundo o
delegado.
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