Um dia depois de o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) ter decidido dar continuidade a uma investigação sobre a
campanha de Dilma Rousseff no ano passado, em uma atitude inédita, a presidente
voltou a defender sua eleição e reafirmou que, qualquer tentativa de se chegar
ao poder que não seja por meio do voto, é golpe. A presidente ressaltou ainda
que, apesar das atuais dificuldades financeiras do país, ela já vê "luz no
fim do túnel" quando analisa a situação da economia.
Em entrevistas a rádios locais em
Barreiras (750 km de Salvador), onde desembarca na tarde desta quarta-feira
para a entrega de 2.781 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente
citou o momento difícil da economia brasileira, mas ressaltou que as medidas
tomadas pelo governo por meio do pacote de ajuste fiscal já começam a mostrar
resultado.
— Eu quero te dizer o seguinte: eu
estou vendo luz no fim do túnel. Hoje é um episódio nessa história. É
importante que o Congresso Nacional e eu tenho certeza disso, vai demonstrar
seu compromisso com o Brasil, por que é muito importante que as pessoas
coloquem os interesses do país acima dos seus interesses, acima dos interesses
partidários, acima dos interesses de oposição ou situação. Em algumas questões,
o interesse do Brasil tem de prevalecer — diz Dilma, acrescentando: —No caso
dos vetos, é por quê? É impossível um país que está enfrentando dificuldades,
aumentar desproporcionalmente suas despesas. Ao mesmo tempo, nós acreditamos
que quanto mais rápido forem aprovadas no Congresso as medidas que enviamos,
mais rápida será a travessia.
A presidente evitou responder
sobre a apreciação de suas contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União
(TCU), que deve ocorrer nesta tarde.
Durante a entrevista, Dilma não
citou especificamente o TSE nem o PSDB, que move cinco ações no TSE para cassar
o mandato da petista. Porém, declarou que é um desserviço para a democracia
tentar encurtar mandatos de quem foi eleito.
— Temos uma democracia. A base é o
voto direto nas urnas. Impossível achar que fazemos um serviço para a
democracia tentando métodos para encurtar a chegada ao governo. O único método
reconhecido (para chegar ao poder) é o voto direto nas urnas — declarou.
— Acho que a nossa democracia é
forte o suficiente para impedir que variantes golpistas tenham espaço no
cenário político brasileiro — concluiu.
Além das ações no TSE que podem
resultar na cassação do mandato de Dilma e do vice-presidente Michel Temer, há
pedidos de impeachment que tramitam na Câmara dos Deputados. Mas, nesse caso,
dizem respeito apenas a Dilma.
PRESIDENTE EVITA TEMAS
POLÊMICOS
Ao ser indagada pelos
entrevistadores sobre três episódios políticos que devem concentrar a atenção
no governo no dia de hoje - a apreciação de vetos pelo Congresso, a votação das
pedaladas fiscais pelo TCU e a ação que o Planalto move no Supremo Tribunal
Federal (STF) para que o TCU não vote as contas de 2014 - Dilma falou apenas
sobre os vetos e evitou a polêmica.
— Este é um dia importante, mas é
como um caminho que estamos trilhando para construir uma solução e atravessar o
mais rápido possível esta situação de dificuldades que vivemos. Sabemos que
Brasil precisa crescer, melhorar e ter novas oportunidades para as pessoas
poderem melhorar de vida — disse.
— Hoje tenho uma ação dupla. No
Congresso, o que vai ser apreciado são vetos que coloquei em algumas leis,
impedindo que haja aumento de gastos neste momento que precisamos conter as
despesas. Ao mesmo tempo, vou inaugurar casas para as pessoas — afirmou.
Ela procurou explicar que seu
governo está tentando reequilibrar o orçamento, mas também não falou sobre a
proposta de recriar a CPMF, o que significa aumento da carga tributária. Em vez
disso, preferiu falar de cortes de despesas.
— Essa situação reflete bem o
desafio que estamos vivendo. Ao mesmo tempo que temos de tomar medidas para
reequilibrar nosso orçamento, temos de reduzir a inflação para que o país
cresça. Ao mesmo tempo, temos de manter programas sociais e investimentos. Esse
é nosso desafio: não voltar para trás, garantir programas sociais.
Ela disse que seu governo não está
parado e enumerou algumas ações na área social, sobretudo na Bahia, que estão
em andamento. Dilma também aproveitou para falar do corte de ministérios e de
salários de ministros, do vice-presidente e dela mesma.
— Não estamos parados. Estamos
fazendo essas duas coisas. De um lado, buscamos resolver nossas despesas.
Sexta-feira anunciei uma reforma ministerial, cortei oito ministérios e 30
secretarias nacionais e cortei nossos salários em 10%. A gente tem feito um
esforço. E tem dado resultado.
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