Mamífero aquático foi reclassificado para 'quase ameaçado'.
O
Brasil tirou a baleia-jubarte (Megaptera
novaeangliae)
da lista de espécies ameaçadas de extinção graças ao aumento da população
desses animais no litoral do país, onde cruzam e geram novos filhotes.
A
espécie foi reclassificada para "quase ameaçada", status que demanda
a continuidade de trabalhos de conservação. A informação será divulgada nesta
quinta-feira (22) pelo Ministério do Meio Ambiente.
Segundo
o MMA e o Instituto Baleia Jubarte, há quase três décadas existiam entre 500 e
800 animais vivendo apenas na região de Abrolhos, no sul da Bahia – principal
concentração dessas baleias. Em 2011, quando foi realizada a última contagem
aérea, foram avistados 14 mil animais. Até o próximo censo, previsto para este
ano, o número pode saltar para 20 mil.
No
país, elas são encontradas na costa do Espírito Santo e Bahia entre julho e
novembro, onde permanecem para procriação. De dezembro até junho, seguem para a
Antártica, onde se alimentam de krill (invertebrados parecidos com o camarão).
Impacto
humano
Com exemplares que podem medir até 16 metros de comprimento e pesar mais de 40 toneladas, as jubartes foram, por muito tempo, alvo da pesca predatória no Brasil. Há quase três décadas existiam entre 500 e 800 jubartes vivendo na região de Abrolhos, no Sul da Bahia. Em 2011, foram avistados 14 mil animais. Até o próximo censo, previsto para este ano, o número pode saltar para 20 mil.
Sérgio
Cipolotti, biólogo e coordenador ambiental do Instituto Baleia Jubarte, explica
que o declínio de espécimes começou em meados do século 17, quando eles eram caçados
para extração de óleo, usado para abastecer candeeiros, responsáveis pela
iluminação nas cidades, e consumo da carne.
Com a queda populacional das jubartes e de outras baleias em todo o planeta, criou-se a Comissão Internacional Baleeira (CIB), que teve entre seus principais resultados a imposição de uma moratória de caça a partir de 1986.
Com a queda populacional das jubartes e de outras baleias em todo o planeta, criou-se a Comissão Internacional Baleeira (CIB), que teve entre seus principais resultados a imposição de uma moratória de caça a partir de 1986.
Ugo
Versillo, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
explica que no ano seguinte, em 1987, o Brasil proibiu a caça.
A
partir deste momento, foram iniciados trabalhos de conscientização para
aumentar o número de exemplares, como a identificação das rotas migratórias,
quais eram os perigos que esses animais enfrentavam e outros detalhes
importantes para a conservação.
No
entanto, segundo Versillo, ainda não há o que comemorar. A reclassificação para
o status “quase ameaçada” significa, na visão do técnico do ICMBio, que ainda
há perigo. “Uma
das grandes preocupações é a questão da colisão com navios. Como aumentou o
número de baleias, pode crescer esse tipo de acidente. Temos que definir
estratégias para evitá-los, incluindo o uso de tecnologias”, explica.
Natureza 'high-tech'
Alexandre
Zerbini, brasileiro que trabalha no Laboratório Nacional de Mamíferos Marinhos
da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês),
órgão dos Estados Unidos responsável pelos mares e atmosfera, explica que há
várias tecnologias que ajudariam a prevenir a mortalidade desses animais.
Um
dos exemplos é a telemetria satelital, que permite investigar habitats críticos
e protegê-los de atividades humanas. "Mas há métodos acústicos em
desenvolvimento, que poderão transmitir dados em tempo real e evitar áreas onde
as baleias se encontram, além de métodos novos de observação, para minimizar
colisão com barcos”, explica Alexandre, que também trabalha junto a ONG
Instituto Aqualie, que monitora baleias no Brasil via satélite.
A
população de jubartes no Brasil tem crescido a uma taxa de 7,5% ao ano e a
quantidade de espécimes que existem atualmente representa cerca de 60% daquela
existente antes da caça comercial.
Nos
EUA, por exemplo, pesquisadores desenvolveram um aplicativo gratuito para iPad
e iPhone que alerta marinheiros quando eles se aproximam de uma área onde
baleias estão reunidas. O app envia os últimos dados sobre as direções tomadas
por espécimes da baleia, coletados pela NOAA.
O
sistema espera limitar o número de colisões mortais entre baleias e
embarcações, especialmente navios de grande porte, como cruzeiros e cargueiros.
Quando as baleias são detectadas na área, navios podem mudar levemente o curso
ou diminuir a velocidade.
Santuário no Atlântico Sul
Santuário no Atlântico Sul
Um grande projeto apoiado por Brasil, Argentina, Uruguai e África do Sul, é a criação de um santuário no Atlântico Sul, que preservaria as jubartes e outros animais marinhos que fazem do trecho de oceano entre a América do Sul e a África seu habitat.
Desde 2000, o governo brasileiro, liderando o chamado Grupo de Buenos Aires, apresenta a proposta do santuário e defende o uso não letal de baleias. Além de assumir uma postura conservacionista, o país defende que o turismo de observação é um negócio muito mais rentável e gerador de emprego do que a morte do animal.
O
projeto, já apresentado e que está em análise científica, deve ser votado em
setembro, durante a reunião anual da Comissão Internacional Baleeira, que
acontece em Estocolmo, na Suécia. “O santuário quer harmonizar as políticas, de
maneira que os cetáceos sejam preservados. A conservação é a atividade mais
barata que se tem”, disse.
Para ser aprovado, o santuário precisa ter 75% dos votos dos 88 membros da CIB. Porém, países que apoiam a caça de baleias, como Japão e a Islândia, costumam emperrar a negociação.
Para ser aprovado, o santuário precisa ter 75% dos votos dos 88 membros da CIB. Porém, países que apoiam a caça de baleias, como Japão e a Islândia, costumam emperrar a negociação.
Fonte: G1
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