Os bombeiros e a secretaria de Segurança suspeitam que um curto-circuito tenha provocado as chamas.
Ministério Público ainda acha prematuro determinar o que aconteceu no momento do incêndio e pediu investigação profunda sobre o que realmente ocorreu.
A secretaria de Segurança de Honduras confirmou nesta quarta-feira que são mais de 350 os mortos no incêndio na fazenda penitenciária de Comayagua, no centro do país, e confirmou a morte de 272 detentos. O número é igual o de presos que não responderam ao chamado na recontagem que aconteceu durante a manhã. Mais cedo, o Ministério Público estimava em 357 o número de vidas perdidas na tragédia. Havia cerca de 800 detentos no local. Não se sabe se estão todos mortos ou se alguns conseguiram fugir durante o incidente.
O presidente de Honduras, Porfirio Lobo, anunciou que o incidente será investigado com "total transparência" e "observação internacional". "Faremos toda a investigação para determinar o que provocou essa lamentável e inaceitável tragédia e determinar os responsáveis", afirmou Lobo em pronunciamento oficial de rádio e televisão, onde também expressou condolências aos familiares dos detidos. "Esse é um dia de dor profunda para Honduras. Lamentamos profundamente o ocorrido e quero expressar meus mais profundos sentimentos de solidariedade às famílias que choram hoje essa dor inconsolável".
Presos são resgatados do presídio Comayagua, em Honduras |
O presidente pediu à secretaria de Segurança a suspensão dos responsáveis pela Fazenda Penitenciária de Comayagua, na região central do país, e da diretoria da administração das prisões As autoridades ainda investigam as causas do fogo, que ocorreu à meia-noite de quarta (4h em Brasília). Os bombeiros e a secretaria de Segurança suspeitam que um curto-circuito tenha provocado as chamas. Defensores dos direitos humanos de Honduras pediram a investigação das denúncias de que os guardas teriam demorado a abrir as celas durante o incidente."Vemos que houve negligência ao abrir os portões. É necessário fazer uma investigação exaustiva, as chaves não apareceram", disse à AFP Andrés Pavón, presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras, após receber depoimentos de presos e familiares das vítimas.
As entidades denunciam que as chaves tinham sumido e, quando entraram na penitenciária, o fogo já estava em curso. Familiares também reclamaram sobre a demora em abrir as celas para que os presos escapassem das chamas. Os parentes das vítimas também relatam que os agentes penitenciários atiraram em presos que tentavam fugir pelo teto. O Ministério Público ainda acha prematuro determinar o que aconteceu no momento do incêndio e pediu investigação profunda sobre o que realmente ocorreu.
Suposto telefonema
A governadora do departamento hondurenho de Comayagua, Paola Castro, conta ter recebido a ligação de um preso informando que um colega teria iniciado o incêndio no presídio. "Às 23h10 (02h10 de Brasília), recebi uma ligação de um interno. Ele me contou que outro preso havia dito: 'vou botar fogo nisso e vamos todos morrer'. Ele colocou fogo e estamos queimando, estamos morrendo", relatou a governadora.
Castro realizou durante anos um trabalho social na penitenciária agrícola, razão pela qual é conhecida por muitos internos, e por que existia uma comunicação telefônica direta entre os presidiários e a autoridade política local. Castro, que não quis identificar o preso, afirmou que alertou imediatamente os bombeiros e a Cruz Vermelha, mas que o Corpo de Bombeiros não pode entrar de imediato no presídio, sem explicar os motivos do atraso. "O que aconteceu é estranho porque era um centro penal modelo", acrescentou.
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