PM registra incêndios em São José dos Campos, SP, na madrugada | Rio das Ostras Jornal

PM registra incêndios em São José dos Campos, SP, na madrugada

 De acordo com a polícia, veículos e comércio foram alvos de ataques.
Desocupação de área invadida aconteceu neste domingo.

Após uma madrugada em que foram registrados incêndios - inclusive contra uma ambulância, uma escola e um posto de saúde - em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, no interior paulista, a Polícia Militar enviou, no início da manhã desta segunda-feira (23), dez ônibus para área invadida conhecida como Pinheirinho, onde ocorreu uma desocupação neste domingo (22). 



Os incidentes aconteceram, segundo a PM, em bairros próximos ao terreno. De acordo com o Tenente Clodomiro Gomes Vieira Jr., chefe do Centro de Operações Regional, que recebe os chamados sobre ocorrências nas cidades da região, os incêndios começaram ainda na noite de domingo, após a desocupação, e foram controlados pelo Corpo de Bombeiros durante a madrugada. 


Segundo ele, será investigado se os ataques foram cometidos por antigos moradores do Pinheirinho. 

Desocupação

As cerca de 7 mil pessoas que viviam na área invadida foram removidas da região no início da noite deste domingo, informou a PM. O capitão da PM Antero Alves Baraldo afirmou que pelo menos 18 pessoas foram detidas na ação de reintegração de posse e uma ficou ferida.
O oficial disse que os trabalhos da PM terminaram às 18h – duas horas antes do previsto. “O processo de retirada seria mais complexo, pois envolve a visita de casa em casa com a presença de um oficial de Justiça. A gente retira o morador, que é encaminhado para o ponto de cadastramento da Prefeitura”, disse o coronel da PM Manoel Messias Mello, responsável pela operação.


Segundo a polícia, a maioria dos moradores saiu de forma pacífica da região. “A gente enfrentou mais resistência fora do Pinheirinho”, disse o oficial. Entre os oito carros queimados está uma unidade móvel de jornalismo da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba.
O efetivo da polícia na ação foi de 2 mil homens, recrutados de cidades vizinhas e de São Paulo. Cerca de 220 veículos, um carro blindado e dois helicópteros Águia, além de 40 cães e cem cavalos, também participaram da operação.

No fim da tarde deste domingo, tratores começaram a demolir algumas casas e barracos do terreno do Pinheirinho. Houve um princípio de tumulto. Pessoas que estavam no centro de triagem enfrentaram os policiais e a Força Tática reagiu com gás de pimenta e tiros de borracha. Segundo o capitão Baraldo, os policiais irão permanecer na região até esta segunda-feira, fazendo a segurança, para evitar uma possível nova invasão.

Os manifestantes chegaram a ocupar por cerca de 30 minutos a pista sentido Rio de Janeiro da Via Dutra, em São José dos Campos, mas o trecho já estava liberado. De acordo com a NovaDutra, concessionária que administra a rodovia, o protesto causou lentidão do km 133 ao km 162, em São José dos Campos e em Jacareí.

Em entrevista coletiva realizada durante a tarde, porta-vozes da corporação informaram que a PM chegou por volta das 6h à região e que às 6h40 já dominava todos os pontos de entrada do Pinheirinho, que abrigava cerca de 1,6 mil famílias.

Em nota, a Prefeitura informou que todas as famílias que procuraram apoio no centro de triagem já foram encaminhadas para dois abrigos instalados: um ginásio esportivo e uma escola no bairro Campo dos Alemães.

A assessoria da administração municipal disse que 622 pessoas estão abrigadas, o que representa cerca de 25% do total das que passaram pelo centro de triagem durante o dia. “Nos abrigos, elas receberam colchões, cobertores, um jogo de banho e alimentação.”
A nota acrescenta que outros três abrigos que estavam disponíveis permanecem vazios porque não houve necessidade de utilizá-los. “Um grupo de famílias preferiu abrigar-se numa igreja próxima e todas que buscaram apoio da Prefeitura já estão abrigadas.”

Presos

Segundo a PM, os 18 presos na ação de domingo eram moradores ou ativistas ligados a movimentos contrários à desocupação. Eles tentavam impedir o avanço das tropas com barricadas nas principais vias de acesso da área. Os presos foram levados ao 3º Distrito Policial de São José dos Campos. A polícia também informou que localizou algumas armas brancas dentro de casas no Pinheirinho. “Foram lanças improvisadas, como facas amarradas em pedaços de pau, paus com pregos na ponta e coisas do tipo”, disse o coronel César Augusto Morelli, que comanda o policiamento de choque da PM.

Conflito entre juízes

Uma oficial de Justiça foi até a ocupação, por volta das 11h, entregar uma decisão do juiz federal de plantão Samuel de Castro Barbosa Melo, que suspende a ação. A ordem era direcionada aos comandos da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Guarda Municipal. Segundo a oficial, quem recebeu o documento foi o juiz estadual Rodrigo Capez, que acompanha a reintegração.


Ainda de acordo com a oficial de Justiça, Capez disse que há um "conflito de competências" e que não vai acatar a ordem da Justiça Federal. Ele manteve a desocupação do assentamento.

Na noite deste domingo, o Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou a ordem proferida pelo presidente do TJ, desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, a respeito do caso Pinheirinho. Segundo ele, a decisão da 6ª Vara Cível de São José dos Campos que determinava o cumprimento da reintegração de posse “somente pode ser suspensa por ordem deste Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal”.

“Então, o ato judicial concorrente do Tribunal Regional Federal não tem qualquer efeito para esta Justiça do Estado de São Paulo, que é absolutamente independente e não tem relação com aquele outro ramo do Judiciário”, disse o desembargador.

Ferido e socorridos

De acordo com a Prefeitura de São José, um homem foi baleado em confronto com a Guarda Civil no momento em que tentava invadir um ginásio poliesportivo no Campo dos Alemães. Ele passou por cirurgia no Hospital Municipal e seu quadro era considerado estável. O centro é onde tendas foram montadas para que os moradores sejam encaminhados ao sair das casas.


Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, duas pessoas foram atendidas em estado de choque na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Campo dos Alemães. Elas estavam nervosas, mas sem ferimentos.

Invasão

O terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados foi invadido há 8 anos e pertence à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas. No local vivem cerca de 1.600 famílias, cerca de 5.500 pessoas, segundo o censo da Prefeitura. Com o tempo, o Pinheirinho se tornou um bairro, com comércios e igrejas.
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