Eleito com votação expressiva em 2018, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro atua em pautas de segurança e temas conservadores
Flávio Bolsonaro foi
escolhido pelo pai para disputar as eleições presidenciais de 2026. Ton Molina/FotoArena/Estadão
Conteúdo - 25.11.2025
Hoje senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
cresceu acompanhado de perto pela política nacional. Apesar da influência do
pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro,
a entrada formal na vida pública aconteceu por méritos próprios, ainda muito
jovem: em 2002, aos 21 anos, Flávio foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro,
tornando-se o mais jovem parlamentar da legislatura iniciada em 2003.
Assim começava uma carreira que, ao longo de duas décadas,
se consolidaria no campo conservador, com forte enfoque em segurança pública e
reformas de caráter institucional.
A ascensão política do senador culminou, nessa sexta-feira
(5), na escolha
direta do pai para representá-lo na disputa presidencial de 2026 —
um gesto que simboliza não só a confiança pessoal de Jair Bolsonaro no filho,
mas também a tentativa de manter o comando do bolsonarismo dentro da família.
Primeiros passos e formação
Antes da política, o senador construiu uma trajetória
acadêmica e profissional marcada por áreas técnicas e jurídicas.
Formou-se técnico em eletrônica pela Escola Rezende Rammel e
bacharel em direito pela Universidade Cândido Mendes. Mais tarde, concluiu
pós-graduação em ciência política pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro).
Entre estágios no IME (Instituto Militar de Engenharia) e na
Defensoria Pública do Rio de Janeiro, atuando no Núcleo do Sistema
Penitenciário, Flávio teve contato com debates sobre segurança e sistema
carcerário que, anos depois, apareceriam como eixos centrais de sua atuação
parlamentar.
Atuação na Alerj e construção de identidade política
Durante quatro mandatos consecutivos na Alerj
(Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Flávio Bolsonaro ocupou
cargos estratégicos em comissões de Segurança Pública, Defesa Civil, Legislação
Constitucional e Direitos Humanos.
Sua trajetória foi marcada pela defesa de endurecimento
penal e pela crítica a políticas assistencialistas que, segundo ele, criariam
dependência e dificultariam a autonomia das populações mais vulneráveis.
Entre as ações de maior destaque nesse período está a criação
da Comissão Especial de Planejamento Familiar, iniciativa que Flávio
relacionava à redução do ciclo da pobreza e ao fortalecimento da liberdade
individual.
Também se posicionou contra o sistema de cotas raciais em
universidades, alegando que o modelo produziria “injustiças” e falhas
estruturais.
No campo ideológico, adotou postura alinhada a bandeiras
históricas do conservadorismo, como a defesa da ditadura militar, apoio à
redução da maioridade penal e defesa da pena de morte.
Eleição municipal de 2016 e o episódio no debate
Em 2016, Flávio disputou a Prefeitura do Rio de Janeiro pelo
PSC. Na convenção realizada no Bangu Atlético Clube, apresentou-se como
“candidato de protesto” e defensor de um rompimento com a “velha política”.
Terminou o pleito em 4º lugar, com mais de 424 mil votos,
mas conseguiu contribuir para manter a família Bolsonaro em destaque na
capital, elegendo seu irmão Carlos como o vereador mais votado daquele ano.
Durante o primeiro debate televisionado, participou de um
episódio que repercutiu amplamente: sentiu-se mal ao vivo, deixou o palco e
recusou atendimento médico, inclusive o oferecido pela deputada Jandira
Feghali. O episódio reforçou tanto a exposição midiática quanto o caráter
controverso que marca sua presença pública.
Episódios de segurança e confrontos armados
Em abril de 2016, Flávio e seu segurança trocaram tiros com
assaltantes na zona oeste do Rio. Um dos criminosos foi baleado e fugiu.
O caso ajudou a fortalecer o discurso do então deputado
sobre violência urbana e atuação policial, temas que já estavam no centro de
sua agenda legislativa.
Ascensão ao Senado e expansão nacional
A projeção nacional de Flávio Bolsonaro aumentou significativamente
nas eleições de 2018, quando foi eleito senador pelo Rio de Janeiro com mais de
4,3 milhões de votos.
Seu mandato teve início em um contexto singular: Jair
Bolsonaro assumia a Presidência da República, e o parlamentar passava a
integrar uma estrutura de poder inédita para a família.
No Senado, Flávio assumiu a Terceira Secretaria da Mesa
Diretora e ampliou sua interface com políticas de defesa, segurança e temas
ligados ao Executivo federal. Em 2019, recebeu a medalha da Ordem do Mérito
Naval, entregue pelo pai, então presidente.
Posições controversas e embates ideológicos
Ao longo dos anos, Flávio tem protagonizado debates
acalorados sobre direitos humanos, políticas penais e interpretações do período
militar brasileiro.
Assim como outros membros da família, critica o que chama de
“exploração midiática” dos direitos humanos em defesa de criminosos,
posicionamento que o mantém em confronto direto com organizações civis e
setores progressistas.
Suas declarações sobre o regime militar que, segundo ele,
teria representado “transição” e garantido “segurança e respeito”, tornaram-se
parte do repertório de críticas e apoiadores, reforçando sua imagem de
porta-voz da memória conservadora brasileira.
A pré-candidatura à Presidência em 2026
Nesta semana, Flávio Bolsonaro anunciou sua pré-candidatura
à Presidência da República. Disse ter recebido a indicação pessoalmente do pai,
ao visitá-lo na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde o
ex-presidente está preso.
O gesto reorganizou o xadrez político da direita: o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), uma das principais
nomes cotados por Bolsonaro para a disputa nacional, agora deve focar a
reeleição ao Governo de São Paulo.
Em comunicado público, Flávio afirmou assumir a missão de
“dar continuidade ao nosso projeto de nação”, expressão que reforça sua
tentativa de herdar e reinterpretar o legado do bolsonarismo no pós-governo do
pai.
R7

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