Resultado de recente análise classifica a Região dos Lagos com o terceiro maior IFDM do estado do Rio de Janeiro
Armação de Búzios figura no topo do ranking das dez cidades da Região dos Lagos e Baixada Litorânea no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). A liderança regional é refletida na melhora do ranking estadual, em que subiu da 24ª para a 12ª posição entre os municípios fluminenses. A recente análise elaborada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que, ainda com evolução nos indicadores de Educação, Saúde e Emprego & Renda, a cidade apresenta desenvolvimento moderado, assim como a maioria dos municípios da região. A exceção é São Pedro da Aldeia, que teve baixo desenvolvimento. A análise tem como base dados oficiais referentes ao ano de 2023 e faz comparativo com os dados de 2013. Esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.
“É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer tem quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação as mais desenvolvidas do país. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de Emprego & Renda, Saúde e Educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores. Tanto a avaliação geral quanto as análises dos indicadores são classificadas em quatro conceitos: entre 0 e 0,4 – desenvolvimento crítico / entre 0,4 e 0,6 – desenvolvimento baixo / entre 0,6 e 0,8 – desenvolvimento moderado / entre 0,8 e 1 – desenvolvimento alto. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.
Os resultados classificam a Região dos Lagos e Baixada Litorânea com o terceiro maior IFDM do estado do Rio de Janeiro, com a pontuação de 0,6434, ficando 3,4% acima da média dos municípios do estado fluminense (0,6224). Sob a ótica das vertentes, em apenas uma, a região ficou abaixo da média do estado do Rio: IFDM Educação (0,5949 ponto, 1,2% abaixo da média Rio). O indicador com melhor desempenho na região, foi o IFDM Emprego & Renda (0,7049), ficando 6,6% acima da média do estado, seguido pelo IFDM Saúde (0,6304), 4,5% acima da média.
O líder do ranking regional, Armação de Búzios apresentou evolução em
todas as vertentes em relação a 2013, com pontuação de 0,5449 no IFDM
Educação (+71,7%), de 0,6908 ponto no IFDM Saúde (+2,3%) e de 0,8947
no IFDM Emprego & Renda (+10,6%) – vertente com a terceira maior
pontuação do estado. Esse também foi um destaque para o município de Rio
das Ostras, com pontuação de 0,8139, atingindo junto com Búzios, grau de
desenvolvimento alto nesta vertente. São Pedro da Aldeia foi o último colocado
no ranking regional, sendo o único município da região a registrar baixo
desenvolvimento com pontuação de 0,5792 no IFDM Geral.
57 milhões de brasileiros vivem em cidades com desenvolvimento
socioeconômico baixo ou crítico
O IFDM aponta que 47,3% das cidades brasileiras (2.625) ainda têm
desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249). São 57 milhões
de pessoas vivendo nessa situação. Os municípios com desenvolvimento moderado
são 48,1% (2.669) e aqueles com alto nível são apenas 4,6% (256). Os três mais
bem avaliados pelo estudo são Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP)
e Curitiba (PR).
A análise também mostra que 99% dos municípios analisados registraram avanço no
índice geral entre 2013 e 2023. Com isso, a pontuação média brasileira no
estudo é de 0,6067 ponto, referente a desenvolvimento moderado. As três
vertentes do índice contribuíram para esse avanço, ainda que em ritmos
distintos. O IFDM Educação teve o maior crescimento (+52,1%), passando de
0,4166 ponto em 2013 — quando era a variável com pior pontuação — para 0,6335
em 2023, tornando-se o componente de melhor desempenho. O IFDM Saúde registrou
o segundo maior avanço (+29,8%), aumentando de 0,4626 ponto para 0,6002. Já o
IFDM Emprego & Renda foi o que menos evoluiu (+12,1%), mesmo com a forte
recuperação pós-pandemia. Essa trajetória de desenvolvimento disseminado
resultou em redução de 87,4% no número de municípios com desenvolvimento
crítico, que passou de 1.978 em 2013 para 249 em 2023.
O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, coloca que todas
as regiões ainda têm cidades em situação crítica, mas que Norte e Nordeste
ainda são as mais prejudicadas. Ele destaca que o estudo oferece análise
detalhada para que o cenário possa ser modificado nos próximos anos. “Estamos
fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas
mais eficazes e equitativas”, pontua Goulart.
Déficit na formação de professores é problema apontado pelo IFDM Educação
A Educação se destaca como a área do estudo com maior número de municípios em
patamares mais elevados de desenvolvimento. No país, 56,1% das cidades (3.113)
registram desenvolvimento moderado, enquanto 7,2% (401) têm alto
desenvolvimento. Ainda assim, desafios persistem, pois 32,5% (1.806) permanecem
na faixa de baixo desenvolvimento e 4,1% (230) apresentam cenário crítico.
O IFDM Educação foi desenvolvido para avaliar tanto a oferta quanto a qualidade
da educação básica em escolas públicas e privadas, desde a Educação Infantil
até o Ensino Médio. Percentual de crianças de até três anos matriculadas em
creches, adequação da formação dos professores que lecionam no Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, oferta de educação em tempo integral, taxas de
abandono escolar e de distorção idade-série, além do desempenho dos alunos no
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Ensino Fundamental são
as variáveis consideradas no indicador.
Com isso, o estudo ressalta que nos municípios com desenvolvimento crítico 57% das
turmas do Ensino Fundamental não são ministradas por professores com formação
adequada. Ainda que em menor proporção, municípios com alto desenvolvimento
(23%) também têm esse problema. A distorção idade-série é outro ponto
destacado. Estão acima da idade recomendada 40% dos alunos do Ensino Médio nos
municípios críticos. Esse número é quase cinco vezes o observado nas cidades
mais desenvolvidas (8,3%). Na Educação Infantil, a análise da Firjan aponta que
apenas 19% das crianças de até três anos estão matriculadas em creches nos
municípios com pior desempenho, quase um terço do percentual registrado nos
municípios de alto desenvolvimento (53%), onde a média supera a meta vigente do
Plano Nacional de Educação (PNE).
Falta de médicos é um dos principais pontos críticos na área da saúde
A maioria dos municípios brasileiros apresenta desempenho moderado no IFDM
Saúde. Do total analisado, 53,2% (2.961) registram pontuações entre 0,6 e 0,8
no indicador. Por outro lado, 39,1% das cidades (2.179) permanecem em situação
de baixo desenvolvimento. Nos extremos, 5,8% (323) registram desempenho crítico
e apenas 1,9% (107) tem alto desenvolvimento.
O IFDM Saúde avalia cobertura vacinal, percentual de gestantes que realizam
consultas pré-natais, incidência de gravidez na adolescência, número de
internações por condições sensíveis à atenção básica e por problemas
relacionados ao saneamento inadequado, taxa de óbitos infantis evitáveis e
quantidade de médicos disponíveis para cada mil habitantes.
A análise mostra que as cidades críticas têm, em média, apenas um médico para
dois mil habitantes. Nas cidades com alto desenvolvimento são sete para cada
grupo de dois mil habitantes. O estudo aponta, ainda, que são 74 internações
por saneamento inadequado a cada dez mil habitantes nos municípios críticos.
Nas cidades mais desenvolvidas são quatro. Outro ponto ressaltado pelo estudo é
a gravidez na adolescência. Nas cidades com situação crítica, 41% das gestações
são de adolescentes, percentual mais de três vezes superior ao das cidades de
alto desenvolvimento (12%). Já as internações por causas sensíveis à atenção
básica representam um terço (33,2%) do total nos municípios críticos, mais que
o dobro da proporção observada nas cidades mais desenvolvidas (13,7%).
Baixa diversidade econômica: nos municípios críticos, quase sete em cada dez
empregos formais são na administração pública
A distribuição dos municípios brasileiros por nível de desenvolvimento do IFDM
Emprego & Renda em 2023 revela cenário contrastante. Enquanto 20,3% das
cidades têm alto nível de desenvolvimento nessa dimensão — a maior proporção
entre as três vertentes do IFDM —, ainda há desafios significativos: um em cada
quatro (25,2%) municípios apresenta um mercado de trabalho em condição crítica.
O IFDM Emprego & Renda avalia a capacidade de geração de empregos e de
distribuição de renda nos municípios, levando em conta absorção da mão de obra
local, diversidade econômica (indicadora de resiliência do mercado), taxa de
desligamentos voluntários (reflete a mobilidade e a confiança do trabalhador),
PIB per capita (medida de riqueza produzida por habitante), participação dos
salários no PIB (indicadora de distribuição de renda) e taxa de pobreza
(evidencia a parcela da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica).
Nas cidades com desenvolvimento crítico no IFDM Emprego & Renda, 9,3% da
população adulta possui emprego formal. Nos municípios de alto desenvolvimento
nesse indicador, esse percentual é de 39,4%. O estudo também aponta que a baixa
diversidade econômica nos municípios críticos é ilustrada pela alta dependência
nos empregos públicos: nessas cidades, quase sete em cada dez vínculos formais
(67,9%) de emprego estão na administração pública, frente a apenas 10,6% nos
municípios com alta performance.
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