A ditadura de Nicolás Maduro afirmou, neste domingo, que celebrou, com uma “extraordinária” participação, assembleias comunitárias na Guiana Esequiba — território de aproximadamente 160.000 quilômetros quadrados, rico em petróleo e outros recursos naturais, disputado com a Guiana —, para a apresentação de propostas de candidatos para as eleições regionais e parlamentares de 25 de maio.
“Assim como na Venezuela (a participação) foi
extraordinária, lá também foi extraordinária, gente que vive no território
venezuelano, porque nossa Guiana Esequiba é da Venezuela, isso não é da
Guiana”, disse o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.
O também ministro do Interior e
Justiça insistiu que não há “nenhuma dúvida” de que “tudo o que está a oeste do
rio Esequibo é da Venezuela”, enquanto na Guiana “eles não têm controle nem do
território… nem têm controle das pessoas que estão lá”.
“Qualquer cidadão podia
participar (nas assembleias) sem nenhum problema, e bom, o ministro do Interior
de lá ficou como um bobo, porque a gente realmente participou”, acrescentou
Cabello, em alusão ao seu homólogo Robeson Benn, que advertiu que qualquer
guianês ou residente do país que apoiar as eleições venezuelanas será acusado
de traição, nas quais o chavismo afirma que será eleito um governador para a
região do Esequibo.
Além disso, Cabello reiterou hoje
que os deputados dessa região disputada também se juntarão à Assembleia
Nacional chavista.
De acordo com o PSUV, um total de
131.902 nomes foram indicados nas cerca de 47.000 assembleias comunitárias
realizadas no sábado, com uma participação geral estimada em mais de cinco
milhões de pessoas.
Recentemente, a Guiana solicitou
à Corte Internacional de Justiça (CIJ) — que se declarou competente para se
pronunciar sobre a disputa — que emitisse de forma “urgente” medidas cautelares
para exigir que a Venezuela “não celebre eleições em nenhuma parte do
território guianês” e que “se abstenha de qualquer ação que pretenda anexar” o
território em disputa.
Na última sexta-feira, a CIJ
informou que a Guiana justificou sua solicitação com o anúncio de Caracas de
realizar eleições na região em 25 de maio, o que, segundo o governo guianês,
violaria sua soberania, integridade territorial e independência política.
A Guiana afirmou que a adoção de
medidas cautelares é urgente, pois as ações da ditadura de Venezuela poderiam
causar “danos irreparáveis” e violariam a ordem da CIJ de dezembro de 2023, que
exigiu que o chavismo se abstivesse de tomar “ações unilaterais” que alterem a
situação atual, na qual a Guiana administra a região.
Essa ação foi rejeitada por
Caracas, que não reconhece a jurisdição da CIJ sobre essa disputa territorial.
Guiana Rejeita Encontro com
Maduro
Na última quinta-feira, o
vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, informou que seu país não tem
intenção de aceitar o pedido de encontro do ditador Nicolás Maduro com o
presidente Irfaan Ali.
“Por enquanto, não há planos nesse sentido”,
declarou Jagdeo em sua coletiva de imprensa semanal, de acordo com a mídia
local.
Ele acrescentou que qualquer
reunião deverá ser avaliada com base nos temas a serem discutidos e se esses
são benéficos para o país e sua segurança nacional.
“O presidente fará essa avaliação”, indicou.
No dia 6 de março, Maduro exigiu
um encontro “cara a cara” com Ali para dialogar sobre o Esequibo.
“Então, o Zelensky do Caribe, o senhor Irfaan,
presidente da Guiana, deve corrigir imediatamente e parar de provocar a
Venezuela, parar de violar as leis internacionais, sentar-se e conversar cara a
cara comigo. Ou ele tem medo?”, disse o ditador de Caracas.
Maduro também acusou a Guiana de
entrar em uma “espiral guerrerista contra a Venezuela” e alertou que o governo
guianês acredita que essa postura lhe será favorável.
As tensões na fronteira entre os
dois países se intensificaram após uma recente incursão de um navio da Marinha
venezuelana em águas guianesas e um tiroteio contra seis soldados guianeses
perto da fronteira. Esses incidentes agravaram a crise diplomática que persiste
há décadas.
Com informações da EFE
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