O presidente da Câmara dos
Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (19) que
não há perseguições políticas ou presos e exilados políticos no Brasil. A
declaração ocorreu durante evento pelos 40 anos da redemocratização do país, um
dia após o deputado Eduardo Bolsonaro se licenciar do cargo e decidir morar nos
Estados Unidos, alegando ser alvo de perseguição política.
“Nos últimos 40 anos, não vivemos mais as
mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais
censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem
presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de
garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, declarou Motta.
A declaração do presidente da
Câmara ocorre um dia depois de o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se
licenciar do mandato para morar nos Estados Unidos e evitar ser alvo de
“perseguição política” no Brasil.
Leia o discurso na íntegra:
Senhoras e Senhores, esta
homenagem não é apenas um olhar para o passado, porque a democracia não é um
ponto de chegada, mas um compromisso que todos renovamos diariamente.
Quatro décadas se passaram
desde aquele março de 1985, quando o Brasil retomou a normalidade do Estado de
Direito. Após mais de vinte anos sufocada, a Nação brasileira finalmente
respirava o ar puro da democracia.
Os últimos quarenta anos não
transcorreram sem desafios, sem lutas e sem novos aprendizados, é claro. Mas
foram também, e acima de tudo, quatro décadas de um País que decidiu caminhar
de cabeça erguida sob o sol luminoso da democracia, sem se curvar à sombra do
medo e das incertezas.
Senhoras e Senhores, nasci
depois desse marco. Carrego a responsabilidade de representar uma geração que
tem a democracia como um princípio básico.
Se hoje vivemos em uma Nação
onde a liberdade de votar e ser votado é um direito assegurado, onde a
expressão de ideias e pensamentos é livre e onde o poder emana do povo, devemos
isso a homens e mulheres que não se acovardaram diante de um dos períodos mais
desafiadores deste País.
A liberdade de que hoje
desfrutam os mais de 200 milhões de habitantes do nosso País é resultado da
ação destemida dos brasileiros que foram às ruas em defesa das “Diretas Já” e
também do empenho incondicional de personagens fundamentais da nossa história.
Tancredo Neves foi um desses
nomes cuja coragem e compromisso com o Brasil pavimentaram o caminho que levou
esta Nação à terra prometida da liberdade política. Estadista habilidoso,
conciliador nato, soube unir forças diversas em torno de um ideal maior: a
restauração do regime democrático. Sua eleição, em 1985, representou o triunfo
da esperança por um futuro melhor, da conciliação sobre o confronto, da voz do
povo sobre o silêncio imposto.
A liderança de Tancredo ecoa
na História como símbolo da transição pacífica e do compromisso inabalável com
um Brasil livre e democrático. E, felizmente, ele não esteve sozinho nos
caminhos que pavimentariam a reconstrução nacional.
É imperioso falarmos hoje de
um brasileiro ilustre que ocupa lugar de destaque na redemocratização e que
merece todo o nosso respeito e reconhecimento. Falo de José Sarney. Um homem
cuja trajetória se confunde com os alicerces da Nova República.
Um líder que, com sabedoria e
determinação inabaláveis, soube conduzir o Brasil pelo delicado caminho da
transição, garantindo que a esperança de uma Nação inteira não fosse apenas um
sonho, mas uma realidade palpável e livre de retrocessos.
Quando a democracia ainda era
um ideal frágil, ele ajudou a construir os fundamentos sobre os quais erguemos
o nosso presente. Com sua liderança, foram assegurados direitos civis,
fortalecidas as instituições nacionais e garantida a estabilidade política
necessária para a elaboração da Constituição de 1988.
Sob o comando de Ulysses
Guimarães, a Câmara dos Deputados protagonizou o renascimento da nossa
democracia com a Constituição de 1988, documento máximo do ordenamento jurídico
brasileiro, espinha dorsal do Brasil livre em que vivemos hoje.
Nos últimos quarenta anos, não
vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não
tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições
políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou
usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais.
Como muito bem disse o Dr.
Ulysses, “Todos os nossos problemas procedem da injustiça.” Portanto, é dever
desta Casa e de todos os brasileiros estarmos sempre atentos para combater as
injustiças. Sem nunca esquecer que a maior de todas as injustiças é privar um
povo de sua liberdade.
A democracia não é uma
conquista definitiva, Senhoras e Senhores. É um fogo sagrado, que ilumina e
aquece, mas que se apagará se não for constantemente alimentado, trazendo de
volta as trevas. O passado nos ensina que, se a liberdade for negligenciada,
sempre haverá mãos dispostas e ávidas por confiscá-la.
Se hoje posso estar aqui,
presidindo a Casa do Povo brasileiro em plena democracia, ocupando a mesma
cadeira que antes foi ocupada pelo grande Ulysses Guimarães, devo isso —
devemos todos nós — àqueles que, a exemplo de Tancredo, Sarney e o próprio
Ulysses, seguraram a tocha acesa quando muitos já haviam desistido ou tombado
pelo caminho.
Esses brasileiros de fibra
provaram mais uma vez que mesmo a menor das chamas é capaz de vencer a mais
opressora escuridão.
Dessa maneira, ao celebrarmos
hoje esses 40 anos, fazemos mais do que lembrar: reafirmamos. Reafirmamos que o
Brasil pertence ao povo. Que as instituições e as liberdades individuais são
inegociáveis. Que a democracia é o único caminho legítimo para a grandeza desta
Nação. Que não aceitaremos jamais o sequestro de nossas liberdades duramente
conquistadas quarenta anos atrás.
Presidente José Sarney, sua
história é a prova viva e inspiradora de que, há 40 anos, o Brasil soube
escolher bem o caminho que deveria trilhar – o caminho da democracia, da
liberdade e do respeito à Constituição –, um caminho do qual não nos
desviaremos.
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Podemos celebrar, mas nunca
esquecer: a democracia é um bem inegociável. Seguirei usando a carta magna como
uma bússola na defesa do Brasil e dos brasileiros.
Viva a democracia. Viva o
Brasil.
Muito obrigado.
Gazeta Brasil
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