O Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) e a Secretaria de Estado de Polícia Civil cumprem, nesta quarta-feira (15/01), 14 mandados de prisão contra integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, envolvidos em um esquema financeiro conhecido como “Caixinha do CV”. Os alvos foram denunciados pelo GAECO/MPRJ à Justiça pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, relacionados ao tráfico de drogas e à ocultação de valores ilícitos em mais de 4.888 operações financeiras, totalizando aproximadamente R$ 21.521.290,38.
Este é um desdobramento da
operação Torniquete, que conta com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia
Militar e da Secretaria de Estado de Segurança. Os mandados, obtidos pelo MPRJ,
foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada e estão sendo cumpridos em
Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil
e Santo Cristo. Também há mandados sendo cumpridos nos estados da Bahia e
Paraíba.
A denúncia apresentada à Justiça
destaca que o esquema financeiro estruturado pelo Comando Vermelho, a
"Caixinha do CV", sustenta as atividades criminosas do grupo. O
sistema funciona por meio de taxas cobradas mensalmente de líderes de pontos de
venda de drogas nas comunidades dominadas pela facção. Em troca, os
responsáveis pelas “bocas de fumo” têm acesso à marca da organização,
fornecedores de entorpecentes, suporte logístico e apoio bélico.
Ainda segundo a denúncia do
GAECO/MPRJ, os valores arrecadados são centralizados e utilizados para
financiar ações como compra de drogas e armamentos, expansão territorial,
pagamento de propinas, assistência a membros presos e crimes conexos, como
extorsões, roubos de cargas e veículos, além da exploração monopolizada de
serviços de internet. Nesta fase da operação, os principais alvos são familiares
e operadores do fundo financeiro da facção criminosa.
O início das investigações
As investigações tiveram início em 21 de maio de 2019, com a prisão em
flagrante de Elton da Conceição, conhecido como “PQD da CDD”, na Cidade de
Deus, em Jacarepaguá. Na ocasião, foram apreendidas armas, munições e
documentos que revelaram um esquema estruturado de lavagem de dinheiro operado
pelo Comando Vermelho. Entre os materiais recolhidos, destacaram-se
comprovantes de depósitos bancários, que permitiram rastrear movimentações
financeiras ilícitas utilizadas para financiar as atividades da facção
criminosa.
A primeira fase da operação,
deflagrada em 2020, concentrou-se na identificação do fluxo financeiro
vinculado ao Comando Vermelho. Essa etapa resultou no indiciamento de 84
pessoas e na apreensão de documentos que detalhavam o funcionamento da
"Caixinha", o fundo financeiro que sustenta a organização criminosa.
Com base nas evidências
apreendidas, foram autorizadas quebras de sigilo fiscal e bancário dos
investigados, permitindo acesso detalhado às movimentações financeiras
suspeitas. Essas análises foram realizadas pelo Laboratório de Tecnologia
contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), vinculado ao Departamento-Geral de Combate
ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCCOR-LD). O uso de tecnologia
avançada no cruzamento de dados foi essencial para identificar a rede de
pessoas interpostas e as contas utilizadas no esquema criminoso.
Por MPRJ
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