Painel instalado pela Rio de Paz,
na Curva do Calombo, foi retirado pela Prefeitura do Rio
Rio - A ONG Rio de Paz vai
realizar um ato, a partir das 10h do próximo sábado (4), para pedir a recolocação
do mural com fotos das crianças mortas vítimas de bala perdida no estado.
A manifestação acontecerá na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul, onde havia
um memorial,
que foi retirado pela Prefeitura do Rio, na última semana. No local,
foi mantida uma homenagem à policiais militares assassinados em 2024.
A Rio de Paz convidou voluntários e parentes para segurarem as fotos das
vítimas no ponto onde ficava o memorial. A expectativa da ação é conseguir o
retorno das imagens retiradas e honrar a memória das crianças assassinadas, bem
como expressar solidariedade aos familiares. O ato pretende ainda exigir do
Governo do Estado o fim das mortes nas comunidades pobres da Região
Metropolitana do Rio.
"O prefeito do Rio, Eduardo
Paes, sem a ninguém avisar, numa atitude de completa desconsideração pelo
sofrimento dos parentes das vítimas, mandou arrancar todas as fotos, impedindo
assim que ganhasse nova e perturbadora visibilidade a face mais hedionda da
criminalidade na nossa cidade", declarou o fundador da Rio de Paz, Antonio
Carlos Costa, ao citar a remoção das imagens, no último sábado (28).
Na ocasião, a houve um ato
contra a morte de crianças por balas perdidas, na Curva do Calombo, um
dos cartões postais da cidade, onde ficava o memorial. "Percorreram o
Brasil as imagens, na Lagoa, dos pais das crianças, que o poder público do Rio
de Janeiro não soube proteger, chorando perante as fotos dos seus filhos, que
foram postas na instalação que ali mantemos há 9 anos", lembrou Costa. Na
ação, as placas com os nomes das crianças foram substituídas pelas fotos, que
já haviam sido usadas em um
protesto em Copacabana, na Zona Sul, no dia 18.
"Nós, cidadãos brasileiros,
dispomos de escassos recursos para combater o descaso, incompetência e
indiferença do Estado. No caso do repúdio às mortes dessas crianças, na sua
maioria, moradoras de comunidade pobre, usamos o meio de que dispúnhamos: levar
para um local de visibilidade de uma área abastada da cidade, pela qual
transitam formadores de opinião e autoridades públicas, a imagem das crianças
mortas, a fim de cobrar resposta das autoridades, formar pensamento crítico na
sociedade e expressar solidariedade aos pais das crianças mortas".
No mesmo dia, a Prefeitura do Rio removeu o painel com as 49 fotos das vítimas.
O prefeito justificou que "não dá para cada organização de cariocas
indignados achar que vai fazer uma exposição em área pública do Rio de Janeiro,
por mais justa que possa ser a homenagem e o registro, e instalar onde bem
deseja na cidade". Já a homenagem aos PMs foi mantida. "Também
não acho boa, a também justa, homenagem aos PMs mortos e ela será reavaliada se
pode permanecer ali. Mas como já está lá há muito tempo, não determinei a
retirada", completou Eduardo Paes.
O fundador da Rio de Paz disse acreditar que a medida foi adotada por causar
"assombro". "Tornou-se evidente o quanto as fotos na Lagoa
causaram assombro. Somente após a substituição dos nomes pelas imagens que a
prefeitura resolveu retirá-las deixando apenas as dos PMs", apontou
Antonio Carlos. O ato no próximo sábado será realizado na Curva do Calombo, na
Lagoa.
O Dia
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