A Advocacia-Geral da União (AGU) agendou para a próxima quarta-feira uma audiência pública para discutir os efeitos das recentes alterações nas políticas de moderação de conteúdo anunciadas pela Meta, a gigante de tecnologia responsável por plataformas como Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. O evento ocorrerá das 14h às 18h, no auditório da Escola Superior da AGU, em Brasília, e buscará abordar temas como o discurso de ódio e o impacto social das novas diretrizes da empresa.
Segundo a AGU, o objetivo da
audiência é ouvir contribuições de diversos setores da sociedade, incluindo
representantes da sociedade civil, da comunidade acadêmica, das plataformas
digitais, das agências de checagem e de instituições públicas e privadas. O
foco será nas mudanças que a Meta anunciou para suas plataformas digitais,
especialmente no que se refere à política de moderação de conteúdo e à
mitigação da circulação de conteúdos criminosos e ilícitos.
Além de discutir o impacto das
novas regras sobre o combate ao discurso de ódio nas redes sociais, a audiência
abordará o impacto das mudanças no jornalismo profissional e na
sustentabilidade das notícias verídicas. A AGU também se concentrará na análise
de como essas políticas afetarão grupos historicamente marginalizados, como
mulheres, pessoas LGBTQIA+, imigrantes e pessoas com deficiência.
A iniciativa ocorre no momento em
que a Meta implementa mudanças significativas em suas plataformas. Mark
Zuckerberg, fundador da empresa, anunciou a suspensão da checagem independente
de fatos, substituída por um sistema de “Notas da Comunidade”, que, por ora,
será aplicado apenas nos Estados Unidos. No Brasil, as alterações já estão em
vigor, incluindo o retorno dos algoritmos que recomendam conteúdos políticos
para os usuários, a modificação do filtro que derruba publicações para focar
apenas em violações graves e ajustes nas regras que definem o que é considerado
discurso de ódio.
Em um vídeo divulgado
recentemente, Zuckerberg explicou também a transferência de parte da equipe da
Meta da Califórnia para o Texas, alegando que a mudança tem como objetivo
evitar “viéses”. Além disso, o CEO da Meta mencionou que pretende trabalhar com
o presidente Donald Trump para pressionar governos de diversas regiões do
mundo, como Europa, América Latina e China, para evitar o que ele chama de
“censura excessiva” em suas respectivas políticas de controle de conteúdo.
A audiência pública contará com a
participação de representantes de diferentes ministérios, como Justiça e
Segurança Pública, Direitos Humanos, Cidadania, Comunicação Social e Fazenda,
que contribuirão para o debate sobre as possíveis consequências dessas mudanças
para a sociedade brasileira e global.
Debate
Os temas a serem abordados
durante a audiência pública são:
- Política de conduta de ódio das plataformas
digitais
- Medidas para mitigação da circulação de conteúdos
criminosos e ilícitos nas plataformas digitais
- Impacto social e na sustentabilidade do jornalismo
profissional com eventual fim no Brasil de programas de checagem de fatos
com substituição por outras metodologias, a exemplo de “notas de
comunidade”
- Aprimoramento do canal de denúncias sobre
enfrentamento da desinformação e violações de direitos fundamentais
- Necessidade de relatórios de transparência sobre a
promoção e proteção dos direitos fundamentais e o enfrentamento à
desinformação
- Impacto das alterações na moderação de conteúdo
sobre grupos historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas
LGBTQIA+, imigrantes e pessoas com deficiência, à luz do regime
jurídico-constitucional brasileiro de igualdade, não discriminação,
liberdade de expressão e dignidade da pessoa humana, em consonância com os
princípios e normas do Direito Internacional dos Direitos Humanos,
notadamente os compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do Sistema
Interamericano e do Sistema das Nações Unidas, assegurando a proteção
integral e o enfrentamento a práticas discriminatórias em ambientes
digitais.
Gazeta Brasil
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