Pentágono Adverte que China Expandiu seu Arsenal Nuclear e Fortaleceu Laços com a Rússia | Rio das Ostras Jornal

Pentágono Adverte que China Expandiu seu Arsenal Nuclear e Fortaleceu Laços com a Rússia


O Departamento de Defesa dos Estados Unidos revelou, em seu relatório anual na última quarta-feira (18), um crescimento significativo no arsenal nuclear e nas capacidades militares da China, apesar dos recentes escândalos de corrupção que afetaram as altas esferas do Exército Popular de Libertação (EPL). De acordo com o relatório, a marinha chinesa continua se transformando em uma força global, expandindo seu alcance operacional além da Ásia Oriental.

O Pentágono estima que a China tenha aumentado seu arsenal nuclear em 100 ogivas desde o ano passado e que este número pode ultrapassar as 1.000 ogivas nucleares até 2030. Embora esses números ainda sejam inferiores aos dos Estados Unidos e da Rússia, que possuem 1.550 armas nucleares estratégicas cada um, de acordo com o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START), o relatório destaca que Pequim acelerou consideravelmente o ritmo de sua acumulação sob a liderança de Xi Jinping.

O documento também aponta que a China pode estar explorando a produção de mísseis balísticos intercontinentais equipados com armamento convencional, adicionando uma nova opção ao seu arsenal de 135 mísseis nucleares de longo alcance, capazes de ameaçar o território continental dos Estados Unidos.

Além disso, conforme informações coletadas pelo The New York Times, o Pentágono afirmou que a China concluiu a construção de três campos de mísseis com 320 silos nos desertos do norte do país, alguns dos quais já estão equipados com mísseis Dongfeng-5, capazes de lançar múltiplas ogivas nucleares contra um inimigo.

Em relação à Rússia, o relatório afirma que a China tem apoiado a guerra russa contra a Ucrânia, vendendo produtos de uso dual que são essenciais para a indústria militar de Moscou. Produtos de uso dual podem ser utilizados tanto para fins civis quanto militares.

Corrupção nas forças armadas chinesas

Apesar dos avanços, as forças armadas chinesas enfrentam uma série de escândalos de corrupção. O relatório revela que o almirante Miao Hua, membro da Comissão Militar Central — órgão que controla o EPL — foi recentemente suspenso por supostas “graves violações de disciplina”. Além disso, os generais Li Shangfu e Wei Fenghe, que atuaram como ministros da Defesa, foram acusados de aceitar subornos e vender promoções militares.

O relatório também menciona que Xi Jinping substituiu abruptamente dois comandantes da Força de Foguetes do EPL, responsável pela supervisão dos mísseis nucleares do país. Embora a corrupção possa ter afetado alguns projetos chave, como a construção de silos de mísseis, o Pentágono acredita que qualquer problema foi resolvido.

O professor Andrew S. Erickson, da Escola de Guerra Naval dos Estados Unidos, afirmou que os escândalos representam “um obstáculo, não um impedimento” para os planos de modernização militar da China. “Com alguns dos maiores recursos militares do mundo à sua disposição, Xi segue com determinação”, informou o professor, segundo o jornal.

Tensões em torno de Taiwan

O relatório destaca que grande parte da estratégia militar chinesa está voltada para Taiwan, a ilha democrática e autônoma que Pequim reivindica como parte de seu território. Embora a China tenha intensificado incursões aéreas e navais perto da ilha, o Pentágono concluiu que o EPL ainda carece de capacidades chave, como logística a longa distância e experiência em guerra urbana, necessárias para uma invasão.

As autoridades de Pequim têm afirmado há muito tempo que desejam integrar Taiwan pacificamente à China, mas também têm indicado que poderiam recorrer à guerra, alertou o The New York Times.

Uma invasão anfíbia de Taiwan seria um “risco político e militar significativo” para o Partido Comunista e para Xi Jinping, mesmo que conseguissem superar as defesas iniciais de Taiwan, indicou o relatório. No entanto, a pressão militar e diplomática sobre Taiwan continua sendo uma prioridade estratégica para Pequim.

Resposta dos Estados Unidos

Diante do fortalecimento militar chinês, a administração de Joe Biden intensificou suas alianças de segurança na região Ásia-Pacífico. Acordos recentes permitem que as forças dos EUA se posicionem em pequenas ilhas estratégicas e reforcem suas capacidades para responder a possíveis agressões, incluindo o posicionamento de mísseis de cruzeiro e armas antinavio.

O relatório do Pentágono pode influenciar a agenda da próxima administração dos Estados Unidos, liderada por Donald Trump, que assumirá o cargo em janeiro de 2025, mesmo em meio à guerra na Ucrânia e à instabilidade no Oriente Médio, afirmou o veículo.

O relatório do Pentágono também destaca que a modernização das forças armadas da China sugere que Pequim busca a capacidade de infligir danos muito mais altos a um adversário em um eventual intercâmbio nuclear.

“A força nuclear em expansão da China permitirá que o país atinja mais cidades, instalações militares e locais de liderança dos Estados Unidos do que nunca antes em um possível contra-ataque nuclear”, acrescentou o relatório.

The New York Times informou que Xi Jinping tem priorizado esse desenvolvimento mais do que qualquer outro líder chinês anterior, impulsionando uma transformação militar sem precedentes.

Gazeta Brasil

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