Os principais frigoríficos brasileiros, incluindo gigantes como a Masterboi e a JBS, interromperam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour Brasil em represália à decisão da varejista francesa de não oferecer mais carne proveniente de países do Mercosul em suas lojas na França.
A Masterboi foi a primeira a
confirmar o boicote na última sexta-feira (22), enquanto a JBS, dona da marca
Friboi, interrompeu as vendas ao Carrefour na quinta-feira (21), conforme
informações publicadas pela Folha de S.Paulo.
O movimento reflete uma reação do
setor agropecuário brasileiro, que tem pressionado as empresas a adotarem
medidas de retaliação. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi uma das
entidades que sugeriu o bloqueio ao Carrefour, como forma de resposta à decisão
da varejista.
A estratégia de boicote também se
estende a outras marcas vinculadas ao Carrefour, como o Atacadão, que sofrerão
os impactos da interrupção do fornecimento.
O anúncio do boicote ocorreu após
uma onda de pressão por parte de agricultores franceses, que contestam o acordo
comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Esse pacto comercial, que foi
amplamente negociado, permitiria a entrada de produtos agrícolas do Mercosul na
Europa e criaria um mercado comum com cerca de 780 milhões de pessoas. O acordo
prevê um fluxo comercial de até R$ 274 milhões em produtos agrícolas, um
mercado altamente estratégico para os países envolvidos.
Em comunicado oficial, o
Carrefour esclareceu que sua decisão não se refere à qualidade da carne
proveniente do Mercosul, mas é uma resposta à pressão do setor agrícola
francês, atualmente enfrentando dificuldades. A varejista explicou ainda que a
medida afetará apenas suas lojas na França, sem interferir nas operações do
Carrefour no Brasil. “Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do
Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um
contexto de crise”, afirmou a empresa.
O Carrefour reafirmou que as
lojas no Brasil e em outros países onde o grupo opera, incluindo Argentina e
Brasil, continuam a adquirir carne proveniente do Mercosul sem qualquer
alteração. “Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há
mudanças”, garantiu a rede francesa.
Gazeta Brasil
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