O contraventor Rogério Andrade, conhecido como o maior bicheiro do Rio de Janeiro, foi transferido nesta terça-feira (12) para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
A transferência ocorreu após
Rogério Andrade deixar a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino
(Bangu 1), no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, no início da manhã.
Rogério foi preso no final do mês
passado durante a Operação Último Ato, realizada pelo Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro
(Gaeco/MPRJ), sob acusação de ser o mandante da morte de seu rival Fernando de
Miranda Iggnácio, em 2020. Ele foi escoltado por quatro viaturas do Serviço de
Operações Especiais (SOE), que faz parte do Grupamento de Escolta Penitenciária
da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Rogério Andrade foi levado até a
Base Aérea do Galeão, onde uma aeronave da Polícia Federal (PF) aguardava para
transportar o preso.
A decisão de transferir Rogério
Andrade para o presídio federal foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio
(TJRJ) na quarta-feira (6). A negociação envolveu a Secretaria Nacional de
Políticas Penais (Senappen), vinculada ao Ministério da Justiça, e ele ficará
no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Na segunda-feira anterior, o TJRJ
rejeitou dois pedidos de habeas corpus feitos por seu advogado, Raphael Mattos.
O primeiro pedia a revogação da prisão preventiva, e o segundo solicitava a
suspensão da inclusão de Rogério no RDD. Ambos foram negados pela
desembargadora Elizabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal do Órgão Especial
do TJRJ.
Rogério, sobrinho de Castor de
Andrade – um dos líderes históricos do jogo do bicho no Rio, que faleceu em
1997 – sempre teve desavenças com Iggnácio, o sucessor de seu tio. O conflito
entre eles se intensificou no final dos anos 90, quando Rogério Andrade começou
a invadir o território de Iggnácio, resultando em uma guerra sanguinária que
matou pelo menos 50 pessoas. Em 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro
(MPRJ) havia denunciado Rogério como mandante da morte de Iggnácio, mas a 2ª Turma
do Supremo Tribunal Federal (STF) trancou a ação penal contra ele em 2022, por
falta de provas.
De acordo com o MPRJ, um novo
procedimento investigatório revelou que, além das execuções ligadas à disputa
entre os contraventores, Gilmar foi identificado como responsável por monitorar
a vítima até o momento do crime.
Em abril deste ano, Rogério
Andrade retirou a tornozeleira eletrônica que monitorava seus deslocamentos,
após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do STF. Ele cumpriu
recolhimento domiciliar noturno por cerca de um ano e meio, após ser preso na
2ª fase da Operação Calígula, em agosto de 2022.
A Operação Calígula, deflagrada
pelo MPRJ em maio de 2022, visava a desarticulação de uma organização criminosa
que operava em vasta área de exploração de jogos de azar. Rogério Andrade foi
apontado como chefe dessa organização, que envolvia crimes como corrupção
ativa, homicídios, extorsão, lavagem de dinheiro e ameaça. Entre os envolvidos
estavam o PM reformado Ronnie Lessa, responsável pela morte da vereadora
Marielle Franco, e a delegada Adriana Belém, que teria facilitado as ações do
grupo. Gustavo, filho de Rogério, era considerado o segundo na hierarquia da
organização e também era conhecido como “Príncipe Regente”.
A defesa da delegada Adriana
Belém afirmou, em nota, que repudia as acusações de envolvimento com a
organização criminosa, destacando que o Ministério Público não formulou nenhuma
acusação formal contra ela. Seus advogados também alegaram que estão
comprovando a regularidade dos atos praticados por Adriana nos processos em
curso e expressaram confiança em sua eventual absolvição.
Gazeta Brasil
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