Putin aprovou uma nova doutrina nuclear que prevê respostas nucleares a ataques convencionais que ameacem a soberania da Rússia. EFE/EPA/ALEXANDER KAZAKOV/SPUTNIK/KREMLIN POOL
Presidente russo, Vladimir Putin,
advertiu o Ocidente que, se a Otan der sinal verde para o uso de mísseis de
longo alcance, isso significará que a organização ‘estará em guerra’ com o país
A Rússia advertiu nesta
quinta-feira (3) que não se pode subestimar o risco de um confronto militar
direto entre potências nucleares, se referindo aos paralelos entre a atual
tensão estratégica com o Ocidente e a Crise dos Mísseis de Cuba (1962). “O perigo
de um confronto militar direto entre as potências nucleares não pode ser
subestimado agora. O que está acontecendo não tem paralelo na história”, disse
o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, em
entrevista coletiva. O diplomata russo, cujos comentários coincidiram com a
primeira visita do novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, à Ucrânia, disse
que o mundo está se movendo “para um território político e político-militar
desconhecido”.
“Nossos adversários não podem ter
o direito de cometer um erro, porque o preço desse erro pode ser uma
catástrofe”, declarou Ryabkov, referindo-se à possível autorização para que
a Ucrânia use
mísseis ocidentais de longo alcance contra alvos em território russo. Ryabkov
enfatizou que “ninguém deve ter dúvidas de que estamos agindo com confiança e
de forma absolutamente irrepreensível”. “A questão é se as pessoas do outro
lado são capazes de avaliar sensatamente as consequências de seu
comportamento”, acrescentou. Ele lembrou que a Crise dos Mísseis, que ocorreu
entre Estados Unidos e União
Soviética em outubro de 1962, foi “quando a humanidade se viu à
beira do início de uma guerra nuclear e literalmente a horas de uma decisão que
poderia ter mudado todo o curso da história da civilização”.
Ele disse que a Rússia se opõe
“categoricamente” a futuras negociações estratégicas com os Estados Unidos –
para um novo tratado de desarmamento START – “sem condições prévias”. “Essa é
uma fórmula falsa que esconde o desejo de extrair do contexto internacional
geral apenas o que é conveniente para o lado dos EUA, enquanto o resto é
deixado de fora”, opinou. No nível estratégico, a Rússia exige que os aspectos
de segurança sejam levados em consideração, como o fato de que a Ucrânia não
pode, de forma alguma, ser membro da Otan.
O Kremlin declarou nesta semana
que não espera “nada de novo” do secretário-geral da Otan, que fez da
assistência militar à Ucrânia uma de suas prioridades. O presidente russo,
Vladimir Putin, advertiu o Ocidente que, se ele der sinal verde para o uso de
mísseis de longo alcance, isso significará que a Otan “estará em guerra com a
Rússia”. Putin aprovou uma nova doutrina nuclear que prevê respostas nucleares
a ataques convencionais que ameacem a soberania da Rússia ou de Belarus, que
também possui armas nucleares táticas.
Por Marcelo Bamonte
*Com informações da EFE
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