Adriana Vargas dos Anjos teria
dato a ordem para economizar no controle de qualidade nos testes de
diagnósticos de HIV
Rio - A Justiça do Rio manteve,
após audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (21), a prisão de
Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica do laboratório
PCS Saleme, investigado por erros em exames de HIV de doadores de órgãos.
Adriana foi
presa no domingo (20) durante a segunda fase da operação contra os
envolvidos na emissão de laudos falsos que causaram infecções do vírus em
pacientes transplantados. De acordo com o apurado, a funcionária teria
dado a ordem para economizar no controle de qualidade nos testes de
diagnósticos de HIV feitos pelo laboratório.
Durante a primeira fase da
Operação Verum, a Polícia Civil descobriu uma falha operacional na realização dos
exames. Os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas a
polícia diz que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que
passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de
lucros.
"Ela exercia uma função
importante no contexto do laboratório, era coordenadora de uma unidade
operacional e teria passado uma ordem para controlar os gastos do laboratório.
No laboratório e na unidade onde os laudos foram emitidos fraudulentamente, ela
exercia o cargo de chefe. Então, é uma pessoa muito importante para a
investigação. Ela nega, mas a polícia segue investigando e tem bastante
fundamento para contradizê-la", disse o delegado titular da Delegacia do
Consumidor (Decon), Wellington Vieira.
A defesa de Adriana negou que ela
tenha dado ordens para reduzir os custos, conforme explicou seu advogado,
Leonardo Matuzzi. Segundo ele, caso essa ordem realmente tenha sido emitida,
não partiu da coordenadora.
"Ela confirmou o que já
havia informado na última quinta-feira (17). Hoje (domingo), presa, ela
reiterou todas as suas declarações. Segundo ela, essa situação não ocorreu e
essa ordem não foi dada por ela. E, se de fato houve essa instrução, não foi
Adriana quem a emitiu. Ela atua como uma espécie de coordenadora, mas não
realiza a calibragem dos equipamentos, nem a verificação do
funcionamento," esclareceu.
Outras prisões
Quatro pessoas foram presas na
primeira fase da operação. Walter Vieira, sócio do PCS Saleme, e Ivanilson
Fernandes dos Santos, técnico do laboratório, foram
presos na última segunda-feira (14). No dia seguinte, Jacqueline
Iris Bacellar de Assis, auxiliar administrativa do estabelecimento, se
entregou na Cidade da Polícia, em Benfica. Por fim, o
biólogo Cleber de Oliveira Santos foi detido na quarta-feira (16), após
desembarcar no Aeroporto do Galeão de um voo de João Pessoa, capital da
Paraíba.
As investigações indicam que os
laudos falsificados foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao
erro, o que levou à contaminação de pelo menos seis pacientes. Os envolvidos
foram autuados por diversos crimes como as relações de consumo, associação
criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e
infração sanitária.
Com o avançar das investigações,
a Polícia Civil desmembrou o procedimento que apura os falsos laudos emitidos
pelo laboratório e instaurou
um novo inquérito para investigar o processo de contratação do PCS Lab. O
trabalho conta com o apoio do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao
Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) da Polícia Civil e da
Controladoria-Geral do Estado.
O Dia
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