O dia a dia de mães e pais atípicos tem muitos desafios. E para
amenizar as dificuldades enfrentadas por essas famílias, a prefeitura de Macaé
organiza, desde o mês de junho deste ano, o Grupo de Acolhimento e Cuidado para
Famílias Atípicas, que funciona todas as sextas-feiras, às 8h e às 13h30, no
Centro de Convivência Benedito Lacerda, no Centro da cidade.
O grupo, regido pelo Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal
de Saúde, nasceu diante da necessidade de proporcionar aos familiares um espaço
de cuidado, de escuta e acolhimento. Sem necessidade de encaminhamento
específico, o espaço é aberto e novos participantes podem ser inseridos em
qualquer momento.
A condução do projeto é feita pela psicóloga Camila Bolsoni Dantas. Em cada
encontro, um tema emerge e a partir dele é realizada a partilha, sendo
utilizadas, também, dinâmicas, músicas e atividades que facilitem a troca e
reflexão.
“É um momento de troca de experiências. Cada grupo tem sido muito especial e rico. Em cada relato e partilha ressoam os desafios do dia a dia, as dores e angústias, as dúvidas e incertezas, mas sempre misturadas com o sentimento de gratidão e muito amor. E assim, nesses meses, estamos tecendo, juntos, uma grande colcha com os retalhos da vida. É assim que sinto e saio transformada de cada encontro com cada pessoa que aqui chega”, explica Camila.
Mãe da Maria Elisa, de 4 anos, Valerizete Gonçalves participa do grupo desde o
primeiro encontro que aconteceu no dia 21 de junho. Ela relata que os encontros
semanais têm trazido muito aprendizado e acolhimento.
“Às vezes, eu chego aqui parecendo que estou ótima. E quando chego e a gente começa a trabalhar é que vemos onde está a dificuldade que a gente esconde. E a gente acaba encontrando, ali, o acolhimento, o amor, a confiança. Estar aqui me faz bem, porque é um momento para respirar, cuidar de mim, me fortalecer e voltar para casa para cuidar daquele serzinho que me espera”, observa.
As reuniões também ajudam a fortalecer projetos. Débora Reis, mãe do Davi
Ismael, 8 anos, descobriu, sendo mãe atípica, o desejo de ir além e cuidar de
outras crianças, além do filho autista. Ela pretende, inclusive, cursar Terapia
Ocupacional para seguir nesse propósito.
“Há pouco mais de três meses eu estou participando do grupo e tem sido de muito aprendizado na minha vida. Eu tenho aprendido com outras mães e tenho deixado outros aprendizados aqui. Tem sido muito gratificante vivenciar o dia a dia de outras mães e, também, nos apoiar uma à outra”, acredita
E não são apenas as mulheres que participam do grupo. O jornalista João
Ventura, pai de João Lucas, de cinco anos, também aproveita o espaço.
“O grupo é um espaço muito bom onde os pais atípicos podem trocar experiências, que muitas vezes são parecidas e, com essa troca, os pais se dão força. A gente acaba entendendo que a dor do outro também é uma dor nossa e ver como o outro lida com essas dores, com essas dificuldades nos inspira a lidar com as nossas também. E tudo isso com a supervisão de uma profissional que acompanha e guia os nossos papos e isso aí gera um reforço semanal para a gente encarar as nossas lutas”, define.
Novo projeto
Além do grupo de acolhimento com as famílias, Camila Dantas conduz um novo
projeto: o grupo Tempo de Travessia, que é voltado para adolescentes (típicos e
atípicos).
“O grupo é aberto acontece todas às terças-feiras, às 15h30 na Casa da
Convivência também, com o objetivo de cuidado, acolhimento e escuta para nossos
adolescentes que atravessam essa fase tão importante e desafiadora. A ideia é
que eles possam encontrar um espaço de reflexão para as questões que os afligem
e também se socializar”, explica a psicóloga.
O Centro de Convivência Benedito Lacerda fica na Rua Visconde de Quissamã, 482,
no Centro.
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