Especialistas que atuam na
região alertam para o problema, com gravidade nunca antes vista por eles.
Presidente Lula diz que vai criar a Autoridade Climática para combater
aquecimento global e eventos extremos.
As cachoeiras e mananciais
de Nova
Friburgo, na Região Serrana do Rio, já estão sentindo as consequências da seca.
A cachoeira do Parque Municipal Juarez Frotté, por exemplo, está com o nível
bem abaixo do normal.
Ao g1, o guarda-parque Sinval Araújo
contou que nunca viu uma seca igual a esta desde quando começou a trabalhar no
local.
“Eu trabalho aqui há sete anos.
Nunca vi uma seca dessa. Isso aqui é um ponto turístico de Friburgo. Todo mundo
vem pra cá. Com essa situação, tá complicado. Os animais que vêm aqui, peixe,
já estão sumindo, já estão morrendo. Está muito seco, muito seco mesmo” , disse
o guarda-parque.
Bem próximo da região, na Pedra
do Caledônia, os mananciais que geralmente têm abundância de água estão
completamente secos, o problema foi percebido em cinco nascentes pelo
ambientalista Juran Santos e pelo cinegrafista Raphael Pinheiro, que
registraram as cachoeiras secas.
Juran Santos é criador do projeto
Aventura Animal, que tem 380 câmeras espalhadas pela Mata Atlântica para
registrar a presença de animais silvestres. Ele está preocupado com a situação.
“Passamos por cinco nascentes. Eu
nunca vi na história de andar aqui no Caledônia pegar áreas dessas sem água
nenhuma. Cara, um filetezinho de água, mínimo. Isso é muito preocupante. Uma
cachoeira linda que tem aqui totalmente seca. Nesse cenário, devemos já a começar
a nos preocupar em economizar água”, alertou o ambientalista.
O ambientalista e geólogo
Fernando Cavalcante classificou a situação como gravíssima.
“No início do século passado, por exemplo, na
região do Caledônia, cada propriedade tinha uma nascente. Já no início desse
século, muitas propriedades dividiam uma única nascente. Uma caixa d'água de
onde saíam mais de dez caninhos. E hoje a gente começa a ver que nem isso mais
tá acontecendo. As cachoeiras começam a secar”, lembrou.
Problema global
O geólogo ainda alertou sobre o
problema global das queimadas.
“Nesse momento grande parte do
Brasil está queimando. Estamos batendo recordes de temperatura nas nossas
cidades. Na Amazônia, onde um dos maiores rios do mundo, muitos deles estão com
um palmo de profundidade. Então nós estamos passando na verdade por um problema
ambiental e climático global, cuja solução é local. Cada local tem que fazer a
sua parte para que a gente possa mitigar esse grande problema da crise
climática que ataca o planeta como um todo”, explicou Fernando Cavalcante.
Autoridade Climática
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou nesta terça-feira (10) a
criação de uma Autoridade Climática para enfrentar os desafios
relacionados ao aquecimento global e aos eventos
extremos que têm afetado o Brasil.
Segundo Lula, a medida faz parte
de um esforço para ampliar e acelerar as políticas públicas voltadas ao combate
aos riscos climáticos.
"O nosso objetivo é
estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir
do Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos. Nosso foco
precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento a esses fenômenos.
Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico
que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal",
afirmou o presidente durante evento em Manaus.
O Brasil vive a pior seca em 44
anos, além de estar registrando temperaturas mais altas do que o normal para o
período. O cenário tem levado ao alastramento de queimadas em todas as regiões
do país, que ameaçam a biodiversidade, enchem o céu de fumaça e, em alguns
casos, colocam em risco até a infraestrutura urbana.
A nova autoridade terá como
missão coordenar e implementar estratégias de adaptação e mitigação de impactos
climáticos, além de promover o alinhamento entre as diferentes esferas do
governo.
Autoridade foi promessa de
campanha
A criação da Autoridade Climática
foi promessa de campanha do presidente na eleição de 2022, mas não chegou a
sair do papel.
Um dos entraves, no início do
governo, foi sobre o comando desse órgão e se ele estaria sob o comando do
Ministério do Meio Ambiente, da ministra Marina
Silva.
Por Barney Campos, g1 —
Nova Friburgo
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!