A cerimônia de repatriação do manto Tupinambá, realizada na noite desta quinta-feira (12), foi marcada por um clima de tensão e críticas entre lideranças indígenas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o evento, a anciã e liderança indígena Yakuy Tupinambá não poupou palavras ao se referir ao governo, ao Congresso Nacional e ao Judiciário.
Em um discurso contundente, Yakuy
Tupinambá ultrapassou o limite de três minutos protocolados para ler um
manifesto em nome de 23 aldeias da Bahia. Ela classificou o governo de Lula
como “enfraquecido”, o Congresso Nacional como “o pior da história da
República”, e afirmou que o Judiciário é “egocêntrico e parcial”. A anciã
também fez referência à mãe do presidente, Eurídice Ferreira de Mello,
conhecida como dona Lindu, chamando Lula de “filho da dona Lindu”.
“Reiteramos nossa insatisfação
com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, através das
autarquias representativas que, mais uma vez, dilaceram nossos direitos
originários e, muito mais que isso, feriram profundamente o que mais prezamos
—a nossa crença e a nossa fé”, leu Yakuy no manifesto.
Ela prosseguiu criticando o
cenário político atual: “Nós somos violados há muito tempo, mas, ultimamente, o
Estado e instituições patrimonialistas desencadearam uma retirada de direitos, com
atentados contra a dignidade e a manutenção da vida. Temos hoje o pior
Congresso da história, um Judiciário egocêntrico e parcial, e um governo
enfraquecido, acorrentado às alianças e conchavos para se manter no poder. Não
respeitam as leis nem os tratados e convenções internacionais. Vivemos uma
democracia distorcida.”
Em resposta, o presidente Lula
rebateu as críticas e defendeu sua posição em relação às pautas indigenistas.
“Se tivesse o poder que ela pensa que eu tenho, não estaria aqui comemorando um
manto. Estaria comemorando a vida de milhões de indígenas que morreram neste
país, escravizados pelo colonizador europeu”, afirmou o presidente, diretamente
à liderança indígena.
O manto Tupinambá, artefato raro
e sagrado para o povo indígena, foi repatriado do Museu Nacional da Dinamarca e
devolvido ao Brasil após mais de três séculos. O item retornou ao Museu
Nacional no dia 11 de julho, simbolizando um importante marco na preservação e
valorização da cultura Tupinambá.
Gazeta Brasil
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